in Diario de Notícias
Instituição está preocupada com o aumento das dificuldades e defende apoio psicológico e espiritual às famílias mais fragilizadas
A Cáritas Portuguesa declarou ontem querer evitar o aumento do número de pobres no País, pelo que vai redobrar a atenção às pessoas que estão privadas de recursos.
"A atenção que nós queremos ter redobrada é para aqueles cidadãos que neste momento se encontram com privação de recursos, mas que ainda não são pobres, estão é privados dos recursos necessários para poderem satisfazer as necessidades elementares à sua sobrevivência", disse ontem à Lusa o presidente da Cáritas Portuguesa. Eugénio da Fonseca reiterou que o objectivo passa por essas pessoas ultrapassarem a "privação de recursos" e evitar que "caiam no grupo dos já dois milhões de pobres que Portugal tem".
Em Fátima, onde ontem terminou o conselho geral, o responsável explicou que os representantes de 18 das 20 Cáritas diocesanas "realçaram o aumento que têm tido nos últimos meses de novas situações", resultantes sobretudo do desemprego e do encerramento de pequenas e médias empresas.
"Nós situámos, naquilo que nos foi dito, um acréscimo de Abril até agora de mais 25 %", disse o dirigente, acrescentando ser "certo" que há dioceses que ultrapassaram os 50 % de novas solicitações.
Devido a este crescimento, "há dioceses que, neste momento, estão confrontadas com pedidos que ultrapassam muito as próprias possibilidades da Cáritas", alertou Eugénio da Fonseca, que defendeu "a necessidade de se manter e reforçar as parcerias com outras instituições" no sentido de "encontrar as melhores respostas".
"A juntar aos dramas que as pessoas vivem, quando não têm alguém que lhes dê esperança e encontre resposta para os problemas, o drama é ainda maior", referiu Eugénio da Fonseca.
O aumento substancial dos pedidos de ajuda consta nas conclusões do encontro, que analisou a crise e definiu as linhas estratégicas da Cáritas Portuguesa para o próximo triénio. O documento alerta que a coesão familiar está em risco devido à falta de emprego e ao número crescente de desempregados, apontando para a necessidade de "uma atenta vigilância e permanente ajuda" por parte dos grupos paroquiais e das Cáritas Diocesanas.
"A falência de várias PME, algumas de dimensão familiar, estão a gerar graves carências aos empresários e respectivas famílias" que, além "de não terem o direito ao subsídio de desemprego, alguns estão a ser alvo de penhoras por dívidas às Finanças e à Segurança Social", lê-se nas conclusões.
Considerando que "é premente" o apoio psicológico e espiritual às famílias, a Cáritas Portuguesa propõe também a implementação de cursos de educação para a poupança.


