José Paulo Silva, in Correio do Minho
A Cáritas Arquidiocesana de Braga, instituição que apoia mil famílias carenciadas, juntou, ontem de manhã, no centro da cidade, mais de duas centenas de pessoas na marcha contra a pobreza e a exclusão social.
A iniciativa que assinalou, simbolicamente, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, serviu para a angariação de dinheiro e géneros alimentares.
Para além da subscrição da ‘Petição Contra a Pobreza’, que a Cáritas Europa pretende entregar ao Parlamento Europeu, cada um dos participantes na marcha de dois quilómetros pelo centro de Braga compraram uma ‘t-shirt’ por cinco euros, dinheiro que, segundo o presidente da Cáritas Arquidiocesana, “vai ser aplicado nos atendimentos e na cantina social”.
José Carlos Dias revelou que, desde Setembro de 2009, a Cáritas de Braga fez 1050 atendimentos para apoios sociais concretos.
A cantina social da instituição, projectada para 20 refeições diárias, está a servir 50.
Perante os cortes em muitos apoios sociais do Estado, o responsável da Cáritas prevê “um aumento significativo das situações de pobreza, não a pobreza a que nós estamos habituados, mas de pessoas que estavam habituadas a um nível de vida e que vão ter que o alterar”.
Neste cenário, os responsáveis desta instituição da Igreja Católica sustentam que “o pequeno contributo de cada um pode fazer toda a diferença”.
A marcha de ontem - iniciativa que contou com o patrocínio de uma entidade bancária - é prova de que “a sociedade bracarense tem dado provas muito grandes de que é solidária, tem vontade de ajudar aqueles que passam necessidades”.
José Carlos Lima avisa que, “se cada um de nós se alheia deste problema, então a pobreza será maior”.
O presidente da Cáritas adiantou ontem que o projecto ‘Casa Alavanca’, uma estrutura de apoio a pessoas carenciadas “não está comprometido”.
O atraso das obras foi justificado com ‘problemas a nível de arquitectura’.
Dar mais quando os apoios do Estado não chegam
Francisco Carvalho participou na ‘Marcha Contra a Pobreza e a Exclusão Social’ porque tem como lema de vida ‘o dar é receber’.
Na opinião deste director de produção, “os apoios do Estado falham a quem deveria recebê-los” não concordando por isso com a maior das medidas de austeridade decididas e anunciadas pelo Governo. Propõe, em alternativa, a reforma das estruturas políticas e das empresas estatais.
Olívia Guimarães, professora aposentada, foi chamada pelo filho a participar na iniciativa da Cáritas, instituição que apoia há algum tempo através da doação de alimentos e vestuário.
Tal como os restantes participantes na marcha, Olívia está preocupada com “o aumento de situações de miséria”.
“Esmola na rua não dou. Se desse, começava de manhã e acabava à noite”, admitiu.


