12.10.10

Crise entre as preocupações dos peregrinos a caminho de Fátima

in SIC

Milhares de fiéis estão a caminho de Fátima para as cerimónias de 13 de outubro. É uma peregrinação marcada pelas preocupações com a crise. Os tempos de austeridade foram abordados na conferência de imprensa que antecede as grandes peregrinações.

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Notícias País O bispo de Leiria-Fátima, António Marto, considerou hoje que o mundo "está desorientado" por causa "da crise de um mercado que se julgou omnipotente".

O prelado, que falava em conferência de imprensa horas antes da abertura das cerimónias da peregrinação de 12 e 13 de outubro ao Santuário de Fátima, disse que a sociedade está "a experimentar um mal-estar de civilização".

Segundo António Marto, "aumenta a riqueza, mas não diminui a pobreza, aumenta o consumismo e crescem os índices de infelicidade".

Esta "é uma sociedade afetada pelo desemprego e novas formas de pobreza", disse o bispo de Leiria-Fátima, para quem o mundo atual se apresenta "com corpo de gigante, mas com alma de anão".

António Marto reconheceu que na diocese "há mais pessoas a recorrerem à Cáritas" e mais de seis mil pessoas são apoiadas por instituições da Igreja Católica.

Já o reitor do Santuário de Fátima, Virgílio Antunes, revelou que, anualmente, esta instituição destina entre 700 e 800 mil euros para um fundo de caridade.

Os tempos de crise começam, entretanto, a fazer-se sentir no Santuário da Cova da Iria, com Virgílio Antunes a admitir que "há uma tendência para as pessoas deixarem menos esmolas na Capelinha das Aparições".

Preparação do centenário dos acontecimentos de 1917

O reitor do Santuário de Fátima, Virgílio Antunes, frisou e que a celebração do centenário dos acontecimentos de 1917 na Cova da Iria vai ser "uma oportunidade de grandíssima difusão de uma mensagem de fé".

Para este responsável, "a mensagem de Fátima é fundamental para a evangelização nos tempos que correm" e, para os portugueses e para a Igreja Católica em Portugal, Fátima é "um elemento fundamental da sua identidade".

Segundo Virgílio Antunes, as comemorações do centenário vão ser "um grande acontecimento, não apenas em Portugal", mas que irão ter também "uma grande repercussão a nível internacional".

Em 01 de dezembro será apresentado o programa para os próximos sete anos -- com um tema específico para cada ano -- e, além de congressos, debates e publicações, serão algumas obras a realizar no recinto do Santuário e fora dele a marcar o tempo que medeia até 2017.

Assim, e apesar de reconhecerem "os tempos de austeridade" que se vivem, os responsáveis pelo Santuário mariano garantem o avanço, até ao final do ano, das obras de construção de um túnel rodoviário entre a Igreja da Santíssima Trindade e o Centro Pastoral Paulo VI.

O projeto está estimado em dez milhões de euros, com o Santuário a esperar alguma comparticipação de fundos públicos.

A renovação do recinto, ao nível do pavimento ou da iluminação, bem como a abertura de concurso para a construção de um novo altar que substitua o provisório que, desde 1982 -- aquando da primeira visita de João Paulo II a Fátima -, está colocado no cimo da escadaria à entrada da basílica, são outras obras previstas.

Por outro lado, vai ser reformulado todo o plano de evacuação e segurança do Santuário.