Por Jeniffer Lopes, in Jornal Público
Num contexto em que o número de idosos sujeitos a agressões tende a aumentar, a APAV lança uma campanha de prevenção e sensibilização
Só no ano passado, 639 idosos foram vítimas de violência, o que equivale a uma média de dois por dia. De acordo com dados disponibilizados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), verificou-se, entre 2000 e 2009, um aumento do número de casos em 120 por cento, ou seja, o valor mais do que duplicou. Para trazer à ordem do dia o problema, a APAV lançou ontem uma campanha, que vai marcar presença na televisão, imprensa, rádio e Internet.
Entre 2000 e 2009, foram vítimas de violência 4890 idosos, a maioria acima dos 65 anos. Os agressores foram maioritariamente homens e familiares das vítimas. Os dados da APAV apontam companheiros e filhos como sendo, na maioria dos casos, os autores dos crimes.
"É essencial alertar para este fenómeno, que tem sido calado por todos, como se não existisse", afirmou Maria João Quintela, da Direcção-Geral da Saúde, sendo esse o objectivo da Campanha de Prevenção e Sensibilização Pública sobre Violência contra as Pessoas Idosas. Apesar de a violência física ser bastante comum (dos crimes perpetrados contra idosos, 21,6 por cento foram de maus tratos físicos), existem outros tipos de violência que constituem parte substancial das agressões a idosos. Foi esta ideia que João Goulão, da agência criativa Cupido, responsável pela campanha, sublinhou, apresentando os crimes em que assenta o projecto: abandono, sequestro e violência financeira.
O abandono de idosos em hospitais, particularmente no Verão, foi um dos problemas referidos pelo director executivo da APAV. Segundo João Lázaro, o número de pessoas idosas que sofre com esta forma de abandono tem vindo a crescer, acabando os hospitais por se ver a braços com o problema de não lhes poderem dar alta.
A campanha enquadra-se no projecto Títono. Vão ainda ser realizados cursos de formação para profissionais da saúde e acções de sensibilização em escolas. Um Manual de Atendimento, sobre a intervenção junto dos idosos, e um Manual Pedagógico, com ideias para cursos de formação e acções, serão elaborados.


