19.10.10

Informação prestada pela banca é insuficiente

Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias

Grande parte das queixas que chegam à DECO sobre questões financeiras resultam da falta de informação prestada pelos bancos na hora da contrair um empréstimo para a habitação, um crédito ao consumo ou até mesmo de abrir uma conta. Segundo a DECO, a falta de conhecimentos dos portugueses sobre finanças é apenas uma parte do problema.

"Das queixas que recebemos grande parte é da responsabilidade das instituições financeiras que não prestam todas as informações ao consumidor", adianta Carla Oliveira, jurista do gabinete de estudos da DECO.

Entre as principais reclamações estão problemas, muitas vezes, de entendimento dos produtos que os consumidores estão a contratar. Mas, alerta Carla Oliveira, na maior parte dos casos são os bancos que não aconselham o produto mais adequado ao perfil do consumidor.

"Por exemplo, no crédito à habitação, as instituições fazem a venda cruzada de produtos do banco para oferecer um spread mais baixo, mas isso pode ser desfavorável para o consumidor que não tem capacidade para avaliar se lhe é vantajoso adquirir determinados tipos de produtos, explica a jurista.

Uma das causas desta realidade é a "cultura de confiança no banco" que existe entre os portugueses, defende Carla Oliveira, acrescentando que "é preciso desmistificar isto porque nem sempre o que o banco aconselha é o ideal para o consumidor".
"Os consumidores devem ter sempre em mente que os bancos estão aí para vender produtos", alerta a jurista.

Os casos mais graves que chegam à DECO, adianta Carla Oliveira, relacionam-se com a poupança. "Os consumidores são direccionados para produtos de poupança que não têm a ver com o seu perfil, por exemplo, os de elevado risco", frisa Carla Oliveira. Apesar de a lei obrigar a dizer se o capital está garantido, ou não, muitas vezes os consumidores não conseguem fazer essa avaliação e aceitam o que o banco lhes propõe.

Insistindo que a prestação de informações o mais correctas possíveis por parte da banca é determinante para o consumidor, Carla Oliveira, lembra que o Banco de Portugal tem vindo a lançar uma série de regulamentos com vista a reforçar o âmbito das informações prestadas pelos bancos, o que pode ajudar os consumidores.

Segundo avançou, nos últimos tempos a procura pelos simuladores de crédito e pela informação que a DECO veicula tem crescido. Igualmente em alta estão os cursos sobre literacia financeira que a associação promove.