por Diana Mendes, in Diário de Notícias
A falta de pessoal e de verbas está a reduzir o apoio de proximidade a dependentes, que é mais eficaz no tratamento.
Há toxicodependentes e alcoólicos que vão deixar de ter acesso a apoio e consultas em alguns centros de tratamento a nível nacional. A equipa de tratamento do Restelo já fechou há cerca de três semanas, mas o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) admite mais encerramentos devido há falta de recursos financeiros e, sobretudo, humanos, nomeadamente médicos. E mesmo os concursos abertos para 20 a 30 vagas têm ficado desertos.
João Goulão, presidente do IDT, disse ao DN que "a rede está a ser redesenhada, havendo algumas unidades a ser repensadas". Isto numa área em que a concentração não é o desejável. "Havia um esforço continuado de chegar quase à porta dos toxicodependentes, sabendo que é difícil ir buscá-los. Agora vamos devolver--lhes a necessidade de nos procurar. Nunca é uma situação boa." E o número de utentes tem subido com o tratamento do álcool nestas unidades.
As equipas de tratamento, juntamente com as unidades de alcoologia, garantiram o apoio a quase 48 mil pessoas, em 2009 (10 200 eram novos utentes). O redesenho da rede de 22 centros de respostas integradas - que abrangia 45 equipas de tratamento -, deve-se sobretudo "à dificuldade em recrutar técnicos, nomeadamente médicos", lamenta.
A escassez é transversal a uma série de serviços, mas o IDT atravessa dificuldades que não apenas o envelhecimento dos quadros: "Saíram muitos profissionais, mas não temos grandes condições para oferecer. Não conseguimos competir com os pagamentos do sector privado. Além disso, esta é uma área difícil de trabalho."
Ao contrário do que tem acontecido nestas áreas, "fomos autorizados a abrir concursos para contratar mais profissionais... os concursos abertos entre 2009 e 2010 ficaram desertos". Entre as cinco regiões de saúde, terão sido abertas entre 20 a 30 vagas, mas o seu preenchimento apenas terá ocorrido em um ou dois casos.
O fecho da unidade histórica no Restelo vai obrigar os utentes que lá iam a deslocar-se às Taipas, Xabregas ou às unidades da Amadora, Oeiras ou Parede. João Goulão admite que no Oeste seja fechada uma das três equipas (Peniche, Torres Vedras ou Caldas) ou, pelo menos, deixar o centro aberto só duas vezes por semana.
"A rede está a ser repensada pelas delegações regionais", refere. O delegado regional do Centro, Carlos Ramalheira, tem sentido maiores dificuldades na zona de Leiria. "Faltam recursos para as equipas de Pombal, Leiria e Marinha Grande", refere. Nesta última abriram "concursos que ficaram desertos, mas estamos a contratar dois médicos". Apesar de não haver fecho, já houve ajustes de horários. "Há consultas que deixaram de ser dadas por médicos, passando para outros elementos da equipa, e outras que são mais espaçadas."
Os utentes têm acesso a consultas, a apoio psicosocial e de reinserção. Além de tratarem o seu estado físico e psicológico, recebem apoio de técnicos e de grupos de suporte, que trabalham a motivação e previnem recaídas através de um plano de tratamento e de triagem de doenças infecciosas.


