Por Tiago Lavrador, in Jornal Público
A semana que hoje tem início será particularmente rica no que respeita à divulgação de indicadores macroeconómicos, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
Na zona euro, destaque-se, já hoje, a estimativa do INE para o crescimento da economia portuguesa no quarto trimestre de 2010, e a produção industrial no conjunto da zona euro em Dezembro. Na terça-feira, será conhecido o crescimento das economias alemã, francesa e italiana e do conjunto da zona euro no último trimestre de 2010. Tendo em conta os diversos indicadores de actividade conhecidos, espera-se que a economia dos Dezassete tenha acelerado no último trimestre, face ao crescimento de 0,3 por cento do terceiro trimestre. Se tal se confirmar, a zona euro terá registado uma expansão de cerca de 1,7 por cento no ano de 2010, após a forte contracção em 2009. O desempenho robusto para que apontam os dados mais recentes ocorre, no entanto, em simultâneo com uma evidente heterogeneidade de desempenho entre Estados-membros.
Já respeitando ao ano de 2011, será conhecido na terça-feira o índice ZEW de sentimento para a economia alemã em Fevereiro e, na sexta, a evolução dos preços no produtor em Janeiro também na maior economia da zona euro. Sublinhe-se que, no actual contexto de agravamento do quadro de inflação, em particular na Alemanha, os principais índices de preços estão a ser acompanhados com grande atenção. Tendo em conta que a inflação homóloga ascendeu a 2% no mês de Janeiro, a emergência de pressões sobre os preços no consumidor tem conduzido, na Alemanha, a uma clara enfatização da necessidade de assegurar a estabilidade dos preços, posição que poderá ir progressivamente ganhando apoio dentro do conselho de governadores do BCE. Neste ponto, será importante conhecer o novo governador do Bundesbank, banco central da Alemanha, que substituirá Axel Weber, que irá abandonar o cargo no final de Abril. O anúncio do novo governador deverá ser feito esta semana, sendo relevante para avaliar o pendor mais ou menos agressivo da nova composição do conselho de governadores do BCE.
No que respeita aos mercados de dívida soberana, após uma semana em que se reavivaram as pressões sobre os títulos dos países periféricos da zona euro, merecem destaque o leilão da nova linha de Bilhetes do Tesouro a 12 meses, a promover pelo IGCP na quarta-feira, com um montante indicativo entre 750 milhões e 1000 milhões de euros, e o leilão de recompra das Obrigações do Tesouro com maturidade em Abril e Junho, também na quarta. No dia seguinte, o Tesouro espanhol promoverá leilões de obrigações a 10 e a 30 anos.
Para a economia norte-americana, conhecer-se-á, na terça-feira, a evolução das vendas a retalho em Janeiro e o índice Empire State Manufacturing de Fevereiro. Na quarta-feira, destaque-se o início de novas construções, as licenças de construção, os preços no produtor e a produção industrial respeitantes a Janeiro, e a divulgação das minutas da última reunião de política monetária da Reserva Federal. Destaque ainda, na quinta-feira, para a inflação de Janeiro e o índice Philadelphia Fed de Fevereiro. Note-se que, na sua intervenção no Congresso na passada semana, o presidente do Fed, Ben Bernanke, enfatizou de novo a persistência de um desemprego elevado, que contribui para que não se gerem, a médio prazo, pressões inflacionistas generalizadas, o que consolida a perspectiva de manutenção dos juros de referência nos EUA a níveis muito baixos por um período prolongado. ES Research - BES.