Destak/Lusa, in Destak
O presidente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Braga, António Melo, apresentou hoje o pedido de demissão, justificando que pretende assim "evitar a extinção" da instituição.
Em carta dirigida ao presidente da assembleia-geral da APPACDM, à qual a Agência Lusa teve acesso, os membros da atual direção e do conselho fiscal "apresentam" a demissão, justificando que "pretendem dar continuidade à instituição".
Isto porque, explica a missiva, a assembleia-geral convocada para quinta-feira tem como "ponto único da ordem de trabalhos deliberar sobre a destituição dos membros dos órgãos sociais" o que, a ser aprovado, "leva à extinção da própria instituição", segundo entendem os membros da direção agora demissionários.
Além disso, entendem os agora membros demissionários, esta assembleia tem origem numa “convocatória ilegal”, uma vez que esta "se dirige contra órgão social inexistente”, pelo que pretendem, assim, "evitar o recurso à via judicial para impugnação" da referida convocatória.
A 04 de outubro, os funcionários da APPACDM acusaram a atual direção de "desvarios administrativos" e alertaram para a falta de pagamento de salários.
A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) que, em conferência de imprensa, deu conta da "situação difícil" que APPACDM de Braga enfrenta.
"Neste momento, está em falta o pagamento do subsídio de férias e do mês de setembro", explicou então o representante do CESP, Manuel Carvalho.
Segundo o CESP, a situação em que a instituição se encontra tem como "culpados" a atual direção da AAPACDM.
"Desde que esta direção tomou posse têm sido várias as notícias que dão conta de falta de dinheiro, problemas e outras coisas. Mas, no entanto, fizeram obras no valor de um milhão e duzentos mil euros. Para os salários é que dizem não ter dinheiro", disse o CESP.
Entre os "desvarios" de que acusaram a direção da APPACDM está o facto da associação "ter que devolver o dinheiro que recebeu do Governo para formação, pois essa formação não foi dada a ninguém" e, segundo o CESP, a "perda de receitas de acordos com a Segurança Social por o senhor presidente ter faltado a uma reunião com esta entidade".
À data, Manuel Carvalho adiantou ser do "entendimento" quer dos pais dos utentes, quer dos sócios da instituição, que a situação "só se resolve com a demissão do atual presidente", António Melo, que hoje apresentou a demissão.
A 14 de outubro, os trabalhadores da instituição manifestaram-se em frente às instalações da APPACDM e aprovaram uma moção, que mais tarde entregaram na Segurança Social de Braga, na qual exigiam "o pagamento das remunerações em atraso" porque, explicavam "não podem ser os trabalhadores a ser penalizados por erros de má gestão ou por eventuais faltas de apoio do Estado".
A APPACDM de Braga emprega 185 trabalhadores, desde pessoal técnico, auxiliar e pessoal de apoio, servindo mais de 300 utentes no distrito de Braga.