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26.6.23

Nunca os passageiros de transportes públicos se queixaram tanto

Hugo Monteiro, in RR

Dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes indicam que no ano passado foram apresentadas, em média, 62 reclamações por dia, para um total de 22.600 queixas contra as empresas de transporte públicos.

Nunca os passageiros de transportes públicos se queixaram tanto. Nunca foram apresentadas tantas queixas como em 2022.
O que esteve na base das queixas dos utentes?

Sobretudo, o incumprimento de horários e o cancelamento de viagens. A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes admite que as greves, o aumento da procura dos transportes depois da pandemia e a escassez de motoristas e de veículos têm feito aumentar, significativamente, este quadro de insatisfação.
Estamos a falar de que números?

No ano passado, os passageiros apresentaram cerca de 22.600 reclamações. Uma média de 62 queixas por dia.

É o número mais alto dos últimos sete anos - desde que estes dados são recolhidos e tratados.

A Rede Nacional de Expressos, o Metro de Lisboa e a CP estão no topo das reclamações. São dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, divulgados pelo Jornal de Notícias, e que a Renascença já confirmou nos últimos relatórios deste organismo.
A conclusões chegamos se compararmos estes dados com os do ano anterior?

Desde logo, que há uma subida muito significativa do número de queixas. Em 2021, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes registou cerca de 14 mil reclamações. 38 por dia. Ou seja, menos 24 do que em 2022. No entanto, 2021 foi um ano em que a procura pelos transportes foi ainda muito afetada pela pandemia.

Que direitos têm os passageiros dos transportes públicos?

Os direitos dos passageiros variam em função do meio do transporte e também da extensão da viagem.
Como assim?

Por exemplo, nas viagens de autocarro de longo curso (acima dos 250 quilómetros), os passageiros têm de ser devidamente informados em caso de cancelamento ou de atraso na partida. Têm direito a refeições e a alojamento em situações de cancelamento ou de atraso superior a 90 minutos nas viagens com mais de três horas. Têm direito a reembolso ou reencaminhamento em caso de sobrelotação ou de cancelamento, ou ainda de atraso superior a duas horas.

Nos comboios, por exemplo, como é?

No caso dos comboios, a CP tem de aceitar a renúncia à viagem por parte do passageiro, com respetivo reembolso, se houver perturbações nas ligações. Há, também, o reembolso da totalidade do preço do bilhete, em caso de atraso considerável ou de anulação da viagem. Os passageiros podem pedir uma indemnização financeira, devido ao tempo perdido com perturbações nas viagens, por causa da anulação da viagem, ou problemas com a bagagem.
Como reclamar?

O primeiro passo é sempre apresentar uma reclamação à empresa gestora do serviço. E normalmente, isso é possível fazer nos sites das empresas. Depois disso, a transportadora dispõe de um período legal para reagir à reclamação. E se o passageiro não ficar satisfeito com a resposta, então aí pode avançar com uma queixa à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.

Esta entidade deverá, então, emitir um parecer jurídico sobre o que fazer para dar seguimento à queixa.

22.5.23

Bicicletas GIRA vão ser integradas no passe Navegante dos residentes em Lisboa

Raquel Albuquerque, João Diogo Correia e Tiago Pereira Santos, in Expresso


Câmara Municipal de Lisboa avança com medida esta semana. Em entrevista ao Expresso, Anacoreta Correia, vereador da mobilidade e vice-presidente da câmara, reforça o interesse em ter uma zona reciclável de Algés a Loures e diz que a partir de setembro vão começar a ser conhecidos os primeiros resultados da auditoria às ciclovias da cidade

A promessa já estava feita há algum tempo e agora concretiza-se: a rede de bicicletas partilhadas GIRA, do concelho de Lisboa, vai ser integrada no passe Navegante. Isso significa que os residentes na cidade que tenham passe vão poder usar as bicicletas sem pagar mais e, no caso dos jovens até aos 23 anos e dos maiores de 65, que já usufruem de passe gratuito, o uso de bicicletas não será cobrado, segundo avançou ao Expresso Filipe Anacoreta Correia, vereador da Mobilidade e vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML).


“É uma boa medida e estamos muito contentes com isso. Consolida a mobilidade suave como modo complementar da mobilidade dos transportes públicos”, frisa o vereador, em entrevista ao Expresso, publicada na sexta-feira na edição semanal do jornal, na qual o responsável fala também sobre o caos instalado na cidade provocado pelas muitas obras em curso.

Na aposta da rede de bicicletas GIRA, a CML está a concluir a instalação de quatro novos terminais, com a ambição de ter mais 16 estações, de forma a chegar ao fim do mandato com um total de 20 além dos que já existiam. “Estamos a duplicar o número de GIRA. É o nosso objetivo para este ano.”

Em relação à rede de ciclovias, está em curso a auditoria que tinha sido prometida por Carlos Moedas a toda a rede ciclável da cidade. “Estimo que a partir de setembro ou outubro comecemos a ter relatórios intercalares sobre as diferentes ciclovias e no final do ano ter a totalidade da auditoria libertada”, afirma Anacoreta Correia. “O que transmiti à equipa de mobilidade é aguardar pela auditoria, salvo casos evidentes de necessidade de alteração.” E um dos casos que estão identificados é o da Avenida de Berna, “onde a ciclovia está mal desenhada e isso é consensual até entre os utilizadores”.


A intenção da CML passa, por exemplo, por garantir que até ao final do mandato é construída uma ciclovia em toda a frente ribeirinha. "Queremos muito ter essa zona toda ciclável, de Algés até Loures, ainda neste mandato. Já pedimos à estrutura da Câmara e à EMEL que nos criem condições para isso.”

No caso em particular da Avenida Almirante Reis, onde a ciclovia gerou grande polémica durante a campanha autárquica, está agora a decorrer um processo participativo para definir o futuro da via. “Queremos até ao fim do ano apresentar um projeto mais definitivo”, frisa. “A Almirante Reis é um eixo estruturante da mobilidade na cidade e, por isso, é importante que acondicione também a mobilidade suave.”

8.5.23

Transportes enchem, mas trânsito mantém-se

RAQUEL ALBUQUERQUE FOTO JOSÉ FERNANDES INFOGRAFIA SOFIA MIGUEL ROSA, in Expresso

Número de passageiros em Lisboa e no Porto deu um salto em março e está próximo do pré-pandemia. Mesmo assim, o uso dos transportes é reduzido. Maioria da população continua a ir de carro para o trabalho

Há mais de 10 anos que a funcionária de um dos cafés da estação do Cais do Sodré, em Lisboa, conhece o movimento dos que por ali passam ao sair do comboio, a caminho do metro ou antes de apanhar o barco. Mede o aumento do uso dos transportes pelo número de cafés, cervejas ou bolos vendidos e a procura parece já superar o período pré-pandemia. Ao balcão ouvem-se as histórias de quem voltou a deixar o carro em casa, não tanto pelo aumento do custo de vida, mas porque, finalmente, a pandemia parece distante. Os turistas também já vieram em força, até mais cedo do que noutros anos, contribuindo para rebentar pelas costuras os comboios ao fim de semana, seja a caminho da praia ou dos pastéis de Belém.

O que se sente ao balcão do café corresponde, em parte, ao que os dados das operadoras de transporte recolhidos pelo Expresso refletem: tanto em Lisboa como no Porto, há sinais de um aumento mais acelerado de passageiros nos primeiros três meses do ano, com particular intensidade em março. A procura aproxima-se do período pré-pandemia e, ainda que sem certezas, o aumento do custo de vida é uma das explicações — sobretudo para quem encontra nos transportes uma solução para deixar o carro em casa e reduzir para €40 a despesa mensal com deslocações.

Apesar de os transportes não estarem ainda tão cheios como nas vésperas da pandemia — em janeiro e fevereiro de 2020 —, há casos, como o metro do Porto ou os comboios da travessia do Tejo, onde já circulam quase tantos passageiros como antes. E já são mesmo mais do que no início de 2019, embora nessa altura ainda não se tivesse verificado o aumento exponencial trazido pela redução do preço dos passes em abril. Segundo os dados mais recentes, tanto o transporte fluvial como os autocarros da Carris, em Lisboa, os da STCP, no Porto, os comboios e os metros das duas cidades estiveram mais cheios em março do que no mesmo mês de 2019.

O número de passes Navegante superou em 13% esse mesmo mês, mantendo-se abaixo das vésperas da pandemia, segundo a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML). No Porto, a diferença é mais clara: a utilização do Andante está 28% acima de março de 2019 e ao nível dos melhores meses que os transportes da cidade já tiveram, sobretudo devido ao metro, mostra a Transportes Intermodais do Porto (TIP). “O custo de vida é um dos vários fatores que podem justificar o aumento exponencial, porque as pessoas tendem a experimentar os transportes quando verificam que a sua utilização é menos pesada no orçamento”, resume Manuel Paulo Teixeira, administrador da TIP.

A TML, que gere os transportes da Grande Lisboa, refere um aumento da utilização dos autocarros, que, desde janeiro, são quase todos abrangidos pela Carris Metropolitana. “Estamos já a transportar os mesmos passageiros das operações anteriores [de cada empresa].” Quanto à falta de motoristas, que motivou várias falhas, a TML garante que o recrutamento é “contínuo” e que “o número em falta é agora residual”.

FALTA DE OFERTA E MAU SERVIÇO

Mesmo que os transportes voltem a encher como no final de 2019, é preciso ir mais longe para alcançar uma repartição modal sustentável. Nas áreas metropolitanas, mais de metade das deslocações são feitas de automóvel — 56% em Lisboa e 68% no Porto — e o uso dos transportes públicos é de 25% na AML e 16% na AMP, segundo o Censos. Na última década, ao contrário do desejável, o peso do carro até aumentou. E, a nível europeu, Portugal continua nos piores lugares pelo elevado peso do uso do automóvel. Longe ficam também as metas de descarbonização até 2030: em seis anos e meio é preciso reduzir 40% das emissões de gases com efeito de estufa nos transportes face a 2005.

No trânsito, para já, não há sinais de melhoria. Basta ver como o regresso ao trabalho no início desta semana ficou marcado por filas intensas para entrar em Lisboa e no Porto. Segundo a TomTom, empresa de sistemas de GPS, a demora no trânsito às 9 horas de terça-feira estava 30% acima do normal na capital e 13% na Invicta. “Temos mais carros na estrada e, ao mesmo tempo, alguns transportes estão congestionados”, afirma Álvaro Costa, especialista em mobilidade e professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “O aumento do custo de vida tem impacto, porque as pessoas têm de procurar meios para se deslocarem por um preço mais baixo, mas muitas andam de carro por não terem uma boa opção de transportes, sobretudo que não demore muito mais tempo.” Para o especialista, a “falta de oferta” é o principal problema e considera “inevitável” investir mais nos transportes.

A expansão do metro de Lisboa e do Porto, os 62 novos comboios para as duas cidades (estima-se um aumento de 20% na oferta de lugares) e o investimento em nove barcos 100% elétricos para a travessia do Tejo (sem prazo para entrarem em funcionamento depois de o negócio ter sido arrasado pelo Tribunal de Contas) poderão melhorar o serviço. Mas não é para já: as obras nas redes do metro são até 2024 e o primeiro comboio só chega em 2026. A curto prazo, porém, há desafios: o aumento da procura por passageiros regulares, a chegada dos turistas no verão e a Jornada Mundial da Juventude, que trará 1,2 milhões de pessoas.

Concordando com a urgência em investir nos transportes, Rita Castel’ Branco, urbanista e especialista em mobilidade, defende uma aposta em metros de superfície e em autocarros “em sítio próprio, com prioridade ao semáforo”, por serem “mais rápidos e mais baratos, criando oferta em pouco tempo”. É que a falta de qualidade e fiabilidade dos serviços, como nos comboios da CP — afetados pelas greves em mais de metade dos dias dos últimos quatro meses — e nos barcos, não contribui para melhorar a realidade. “O aumento do custo de vida e do preço dos combustíveis deveria ser agarrado como oportunidade para a transição modal”, frisa, lembrando que 70% das deslocações em Lisboa são inferiores a 5 km e um terço é feita de carro.

A excessiva dependência do automóvel nas cidades está ligada a dois problemas, defende Rita Castel’ Branco. Por um lado, as periferias cresceram “fragmentadas” e é preciso criar transportes locais que alimentem os outros transportes de ligação aos centros urbanos, apostando ainda em ciclovias seguras. Por outro lado, nas grandes cidades, que até têm condições para andar a pé, de bicicleta e de transportes, o desequilíbrio do espaço público “incentiva o uso do automóvel particular”. E por isso, frisa, também é preciso uma política “coerente” de estacionamento. “Não é possível garantir fluidez, fiabilidade e frequência dos transportes se continuarmos a ter 70% a 80% do espaço público dedicado ao automóvel e com ruas congestionadas.”


10.8.21

Governo paga 27,8 milhões às empresas por passes para estudantes e famílias carenciadas

Por Nuno Guedes, in TSF

Atrasos nos pagamentos do Estado levaram empresas de transportes rodoviários a fazer ameaça.

O Governo publicou esta segunda-feira a autorização para pagar 27,8 milhões de euros às empresas de transportes pelos descontos dados em 2021 nos passes para estudantes e para famílias de baixos rendimentos - os passes 4_18, sub23 e Social +​​​​​​.

Há cerca de duas semanas a TSF noticiou uma ameaça das empresas de autocarros, através da Associação Nacional de Transportes de Passageiros (ANTROP), que prometiam deixar de vender estes passes se os atrasos do Estado se arrastassem.

Desde o início do ano, que as empresas de transportes esperavam pelo dinheiro.

Na resolução agora publicada, a Presidência do Conselho de Ministros aprova as chamadas indemnizações compensatórias para compensar os descontos previstos na legislação.

Para os transportes rodoviários do setor privado estão previstos 10,3 milhões de euros e para a ferrovia seguem 9,9 milhões, com quase 3 milhões a terem como destino a CP.

O Metropolitano de Lisboa receberá perto de 4 milhões de euros e o Metro do Porto cerca de 3 milhões.

29.12.20

Pandemia provocou 990 queixas nos transportes em três meses

Luísa Pinto, in Público on-line

As restrições à mobilidade relacionadas com a pandemia fizeram cair o número de passageiros, mas as queixas atingiram as 43 reclamações por dia.
29 de Dezembro de 2020, 6:30

Durante o primeiro semestre de 2020, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) recebeu e tratou 7756 reclamações, o que dá uma média de 43 queixas por dia. Este número representa uma diminuição de 11% face às queixas registadas no semestre homólogo. Mas estes resultados não são directamente comparáveis, uma vez que foi neste primeiro semestre que eclodiu a pandemia de covid-19, com um estado de emergência que impôs fortes restrições à mobilidade. E a pandemia trouxe mesmo novas queixas, que significaram quase 12% do total de reclamações.

Segundo a AMT, do total de 7756 queixas recebidas, 990 dizem respeito à pandemia de covid-19, estando a maioria relacionada com “pedidos de reembolso devidos pelo cancelamento de serviços”; com o “não cumprimento de regras de higienização”; ou o “não cumprimento de regras de distanciamento físico”. E isto praticamente só no segundo trimestre, nos três meses de Abril e a Junho, período em que as medidas relacionadas com a covid-19 estiveram em vigor de forma mais intensa.

O sector rodoviário, onde se incluiu os autocarros, a cobrança de portagens, ou o serviço de táxis, recebeu 60% destas queixas, com 590 reclamações; seguiu-se o modo ferroviário, com 350 queixas (35,4% do total); o fluvial registou 41 reclamações. O sistema marítimo e portuário teve quatro reclamações e o sistema de bilhética e suporte à intermodalidade teve cinco reclamações

A AMT recebe e trata todas as queixas que são reportadas nos Livros de Reclamações que os operadores são obrigados a disponibilizar, incluindo electrónicos, mas também as que são feitas directamente. E só o facto de ter havido muito menos passageiros transportados nos vários modos face ao primeiro semestre de 2019 (-34,7% no modo ferroviário, -42,4% no metropolitano e -43,9% no modo fluvial) ajuda a perceber a diminuição do número de reclamações. Estas informações constam do Relatório sobre as reclamações no Ecossistema da Mobilidade e dos Transportes relativo ao primeiro semestre de 2020 a que o PÚBLICO teve acesso.

Na verdade, e tal como nos semestres anteriores, os modos rodoviário e ferroviário agregam quase 98% das reclamações apresentadas. Assistiu-se, ainda assim, a um aumento de reclamações no sector rodoviário e a uma diminuição no ferroviário e fluvial. No primeiro semestre deste ano, o sector rodoviário teve um crescimento de 12,6% no número de reclamações, passando para 5261. No sector ferroviário, a queda foi de 30,8%, passando de 3160 queixas em 2019 para 2188 em 2020. No sector fluvial, a quebra foi ainda mais expressiva, de 78%, para registar 141 queixas, menos 500 das que havia recebido no período homólogo. Deve ainda registar-se que o multimodal que agrega a bilhética e os sistemas de suporte à intermodalidade teve 138 queixas; o sector marítimo portuário teve, por seu turno, 38 queixas.

Mais operadores reclamados

Vale a pena identificar em que subsectores rodoviários se distribuíram as 5261 queixas registadas, para perceber que o transporte rodoviário de passageiros assegura uma quota de quase 60%, com 3118 reclamações, o que significou um aumento de 5,2% face ao período homólogo. Em causa estão, de acordo com a AMT, 84 operadores, ou seja, mais nove operadores comparativamente ao primeiro semestre de 2019. Entre as dez empresas mais reclamadas, só a Carris e a Vimeca tiveram menos queixas do que no período homólogo, respectivamente menos 35,3% e 6,8%. Todas as outras aumentaram, sendo de destacar a TST - Transportes Sul do Tejo, com mais 67,2% de reclamações, a Rede Nacional de Expressos (RNE), com mais 58,6%, e a Rodoviária de Lisboa, com mais 53%. Na globalidade, entre as razões das queixas estiveram cancelamento do serviço (14,3%), o incumprimento de horários (12,6%) e a conduta dos funcionários (10,6%).

Ainda no segmento rodoviário, mas nos outros subsectores, destaca-se o número de queixas sobre empresas de aluguer de veículos, que foram 925, e as que se fizeram junto dos operadores e gestores de infra-estruturas rodoviárias e entidades de cobrança de portagens. Aqui é que o aumento foi exponencial, de 161%, com 698 reclamações registadas. Também as queixas no subsector do transporte de mercadorias demonstrou um crescimento significativo, ao acomodar 93 queixas e um crescimento de 89,8%.

No subsector dos táxis e do transporte em veículos descaracterizados (TVDE), que tem a particularidade de não oferecer um livro de reclamações em cada veículo - o que faz com que, para reclamarem, os consumidores tenham de se deslocar à sede das empresas ou aos sites dos operadores -, há comportamentos diferentes. A AMT recebeu sete reclamações relativas a táxi (isto é, menos sete reclamações que no primeiro semestre de 2019). No caso do TVDE, as queixas que entraram na AMT aumentaram 73,8% para 212 reclamações, sendo a grande maioria das reclamações sobre pedidos de reembolso de viagens e queixas por erros na facturação de serviços. As queixas repartiram-se entre a Uber (119), a Kapten ( 91) e a Bolt (2).

No sector ferroviário, houve menos serviço prestado e menor número de reclamações. A CP foi a responsável pelo maior número de queixas, com 1494 reclamações, menos 203 reclamações do que no período homólogo. O Metro de Lisboa registou 346 reclamações, ou seja, menos 640 do que no mesmo período de 2019. Já o Metro do Porto, que transportou menos 14,9 milhões de passageiros que no primeiro semestre de 2019, teve mais 25 reclamações do que no ano anterior, registando 83 queixas pelos seus serviços.

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1.2.17

Passes grátis nos transportes em Lisboa? Ainda não há.

in TSF

Vereador do CDS contou à TSF que tentou levantar sem sucesso o passe gratuito para filho de quatro anos.

De acordo com o relato à TSF feito pelo vereador do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, o serviço de atendimento da Carris alega não ter ainda qualquer informação sobre passes gratuitos para as crianças até 12 anos, como prometeu o presidente da Câmara de Lisboa a partir de 1 de fevereiro.

João Gonçalves Pereira conta que tentou saber junto da Carris se já podia levantar o passe gratuito para o filho de quatro anos, o mesmo foi tentado pela avó da criança, mas sem sucesso porque os serviços alegam não ter instruções da administração.

O vereador volta a acusar o presidente da Câmara de Lisboa de fazer muita propaganda e exige esclarecimentos a Fernando Medina.
João Gonçalves Pereira quer esclarecimentos do autarca lisboeta

A TSF tentou mais informações junto da Carris e da Câmara de Lisboa, mas ainda aguarda resposta.

O Governo e a Câmara Municipal de Lisboa assinaram no início de janeiro um memorando da passagem de gestão da rodoviária Carris para a autarquia, a partir de quarta-feira.

Um decreto-lei que é alvo de um pedido de apreciação parlamentar por parte do PCP. O partido ainda não revelou se pede a cessação da vigência do decreto-lei ou se vai apresentar propostas de alteração. No caso do Bloco de Esquerda, Catarina Martins anunciou hoje é contra a revogação do diploma sobre a municipalização da Carris e acrescentou que vão ser feitas propostas de alteração para que o modelo de gestão integre não apenas Lisboa, mas as várias autarquias abrangidas.

Novos preços a partir de fevereiro

As crianças entre os quatro e os 12 anos vão ter direito a um passe social gratuito. Entre os 13 e os 18, o valor do passe mantém-se nos 26,75 euros mensais.

Para a terceira idade, o passe sénior vai passar a custar 15 euros. Atualmente o mesmo passe custa 26,75 euros e, por isso, a poupança anual dos utilizadores pode chegar aos 141 euros.

15.2.16

Transportes públicos em Lisboa são "absurdamente caros"

in Diário de Notícias

Presidente da Câmara de Lisboa frisou ontem que capital está a viver bom momento devido ao turismo, aos serviços e ao empreendedorismo. Mas alertou para o maior risco de exclusão social

Um sistema de transportes públicos "ilegível, atrasadíssimo do ponto de vista do seu desenvolvimento" e com passes "absurdamente caros". O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) não poupou ontem nas palavras ao descrever o panorama daquela que será uma peça "vital" para que, na capital, a "ditadura do automóvel" dê lugar ao usufruto do espaço público por quem a habita ou visita.

Fernando Medina (PS) falava num almoço-debate do International Club of Portugal, para o qual foi convidado para falar da estratégia de desenvolvimento de uma cidade que, sublinhou, vive um momento muito bom devido a uma conjugação de três áreas dinâmicas: o turismo, os serviços e o empreendedorismo. O autarca alertou, porém, que este modelo "traz consigo um processo de exclusão" de pessoas sem qualificações profissionais, sendo, por isso, essencial promover a "coesão social" e assegurar que existem oportunidades para todos.

"Os transportes públicos são uma área em que nós falhámos como comunidade", defendeu Fernando Medina, que reiterou a sua oposição à subconcessão do Metropolitano de Lisboa (ML) e da Carris, decidida pelo Governo anterior e cujo processo foi travado, em dezembro, pelo atual Executivo, liderado por António Costa (PS), presidente da CML entre agosto de 2007 e abril de 2015.

O autarca elogiou, ainda assim, o Governo de Passos Coelho (PSD), por ter sido "o único" que deixou legislação que, "não sendo perfeita", "fez um processo de descentralização de competências", ao nível do transporte público, para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Neste momento, a autarquia está em conversações com a administração central para uma eventual municipalização da Carris e do ML, transportadoras que, em quatro anos, perderam "cem milhões de passageiros". As negociações, garantiu na segunda-feira, em declarações aos jornalistas, Fernando Medina, "estão a correr bem".

No debate-almoço de ontem, o presidente do município enumerou ainda algumas dos projetos que, no seu entender, são exemplificativos de uma política de substituição da "ditadura do automóvel" pela utilização do espaço público por lisboetas e visitantes. Entre eles, estão a intervenção, a iniciar em breve, no eixo Avenida da República-Praça Duque de Saldanha-Picoas-Avenida Fontes Pereira de Melo, a requalificação em curso do Cais do Sodré e do Campo das Cebolas e o programa "Uma Praça em Cada Bairro", que visa criar novas centralidades um pouco por toda a cidade. O autarca invocou ainda a controvérsia, ao longo do último mês, em torno do projeto de remodelação da 2.ª Circular para demonstrar como a tentativa de implementação desta nova forma de viver a cidade "não é uma tarefa fácil, pacífica, unânime".

Turismo "gera imenso valor"

Para Fernando Medina, a questão da eficiência dos transportes públicos é, aliás, essencial para garantir a qualidade de vida de quem reside em Lisboa, a par de uma estratégia para desenvolver a capital "na sua integralidade". Em causa, está o facto de com a "Lisboa moderna" do turismo, do empreendedorismo e dos serviços, coexistirem "dos mais extremos fenómenos de exclusão social". "Não nos podemos esquecer que esta realidade é a cidade de Lisboa", frisou.

O autarca congratulou-se, ainda assim, com o bom momento que a capital vive. "O turismo é uma atividade que gera imenso valor. (...) Quando a procura encontrou Lisboa, Lisboa esteve à altura de responder", sustentou. O presidente da CML salientou ainda a importância dos serviços na criação de valor - uma realidade que "não é muito visível" - e a dinâmica gerada, desde 2012, pelo empreendedorismo, que se traduziu em "centenas de postos de trabalho já criados". Fernando Medina aproveitou, de resto, para anunciar que, "muito em breve", haverá um "polo de desenvolvimento" na zona oriental" da cidade com capacidade para captar e reter mais startups.

30.10.13

Meios-bilhetes nos transportes vão mesmo acabar em todo o país

in RR

Secretário de Estado dos Transportes garante ainda que, com a privatização dos transportes, os concessionários não podem aumentar as tarifas acima da inflação.

O Governo quer acabar com os chamados "meios-bilhetes", descontos de 50% para idosos e crianças até aos 12 anos, que ainda existem na CP e na Rede Nacional de Expresso. Por outro lado, o Executivo pretende alargar os passes sociais +, que já existem em Lisboa e no Porto e que se destinam aos agregados familiares "que comprovadamente aufiram rendimentos reduzidos" e que "por essa via irão beneficiar de um valor bonificado na aquisição" dos bilhetes.

O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirma à Renascença que a decisão já está tomada e que apenas falta aplicá-la no terreno. A decisão apenas vai ser colocada em prática quando for possível disseminar o passe social por todo o país, cujos descontos podem chegar aos 60%.

O governante garante ainda à Renascença que a privatização das várias redes de transportes não vai conduzir a um aumento das tarifas e que tal obrigação de certeza tarifária ficará estabelecida em contrato. O secretário de Estado refere que o preço dos bilhetes não pode aumentar mais do que a inflação anual.

A qualidade e regularidade do serviço "também não serão afectadas" com as privatizações, sustenta Sérgio Monteiro, porque os concessionários ficarão obrigados a percorrer rotas e um número de quilómetros fixos, sujeitos a alterações por recomendação das câmaras e do Governo. Isto vai suceder anualmente ou de dois em dois anos.

O secretário de Estado esteve na Renascença para falar do sector dos transportes, que se prepara para avançar para 15 dias de greves. Sérgio Monteiro diz que não quer entrar em guerras de números com os sindicatos, nem sobre os custos directos nem sobre a adesão, mas argumenta que os trabalhadores não compreendam que estas formas de luta são contraproducentes.

"O custo directo é relevante, mas preocupa-me mais o indirecto, que é a perca de passageiros. Está visto, de outros meses, que as pessoas, depois das greves, não querem comprar o passe porque temem que o serviço não esteja disponível 30 dias por mês."

28.5.13

Transportes públicos perderam mais de 10% de passageiros

por Agência Lusa, publicado por Susana Salvador, in Diário de Notícias

Os transportes públicos perderam mais de 10% dos passageiros em 2012, com destaque para o Metropolitano de Lisboa, tendo os aviões escapado às quedas com um aumento de 1,3%, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com valores provisório do Instituto, o Metropolitano de Lisboa foi o meio de transporte que mais passageiros perdeu no ano passado, ao registar uma quebra de 13,4% em termos homólogos, para 154.155 passageiros, concentrando 73,9% das viagens.

Contudo, sublinha o INE, apesar desta quebra, o Metropolitano de Lisboa aumentou a taxa de utilização para 27,3%.

Já o Metro do Porto foi utilizado por cerca de 54,5 milhões de passageiros, correspondente a uma quebra 2,2%, tendo a taxa de utilização sido ligeiramente mais baixa do que em 2011, fixando-se nos 17,4%, devido ao aumento de 5,7% dos lugares-quilómetro oferecidos e à redução de 2,8% no número de passageiros-quilómetro.

No conjunto, os metropolitanos de Lisboa e do Porto transportaram 208,7 milhões de passageiros, menos 10,8% em termos homólogos, uma redução que já se vinha a verificar desde o segundo trimestre de 2011, mas que se acentuou no terceiro e quarto trimestres do ano passado, segundo o INE.

Quanto aos comboios, foram utilizados no ano passado por 132,2 milhões de passageiros, menos 11,3% face a 2011, reiterando as reduções verificadas desde 2009 e resultando de variações homólogas negativas em todos os trimestres, menos acentuadamente no primeiro (-8,4%) e com mais expressão no terceiro trimestre (-13,2%).

A rede suburbana de comboios concentrou a maior parte das deslocações (89,3%) tendo transportado 118 milhões de passageiros, equivalente a uma perda de 11,5% em termos homólogos, assim como o transporte ferroviário interurbano registou uma diminuição de 10,1% do número de passageiros que se situou nos 14,1 mil.

Nas ligações ferroviárias internacionais, que transportaram 132 mil passageiros, "registou-se um ligeiro aumento homólogo do tráfego" de 1,5%, "tendo-se invertido a trajetória dos anos anteriores" desde 2009.

Por sua vez, o transporte fluvial também manteve a redução no número de passageiros, com 27,4 milhões de pessoas transportadas, uma queda de 12%.

O movimento de passageiros nos aeroportos escapou à regra ao aumentar 1,3%, correspondente a 31,1 milhões de pessoas, mas o Instituto salienta que os resultados "evidenciam uma desaceleração" face aos acréscimos do número dos últimos anos.

"O número de passageiros desembarcados totalizou 15,4 milhões de passageiros (+1,3%) enquanto os embarcados se situaram em 15,5 milhões de passageiros (+1,4%)" e "os trânsitos diretos registaram uma diminuição de 5,7%, tendo-se traduzido no movimento de cerca de 260 mil passageiros", informa o INE.

O aeroporto de Lisboa, acrescenta, movimentou 15,3 milhões de pessoas no ano passado, correspondentes a quase metade (49,3%) do movimento de passageiros, tendo igualmente registado o maior crescimento em 2012, de 3,4%.

Com aumentos "mais modestos", os aeroportos do Porto e de faro registaram aumentos de 0,8% e 1,0% respetivamente, enquanto os principais aeroportos das Regiões Autónomas registaram diminuições de 4,6% na Madeira (Funchal) e de 4,5% no aeroporto João Paulo II, em São Miguel, nos Açores.

O tráfego internacional abrangeu 81,6% dos movimentos comerciais registados em 2012, "sendo claramente predominante no tráfego não regular", onde concentrou 96,8% do total, diz o INE, adiantando que nas operações de voo regulares, o tráfego internacional revelou um peso de 80,8%.

O tráfego doméstico foi responsável por 18,4% do total de movimentos de passageiros, ou seja, 10,7% de tráfego territorial e 7,7% em tráfego interior.

De acordo com o INE, no conjunto dos voos internacionais realizados em 2012, a maioria correspondeu a voos dentro do Espaço Schengen, que totalizaram 61,6% do total de movimentos internacionais.

Os outros destinos dentro da União Europeia mas fora do Espaço Schengen corresponderam a 23%, enquanto os destinos fora da UE representaram os restantes 15,5% do total do tráfego internacional.

Em 2012, 45,5% dos passageiros movimentados nos aeroportos nacionais foram transportados por operadores nacionais, o que representa mais 1,2 pontos percentuais no total de passageiros transportados.