22.7.07

Citex já formou 27 mil pessoas da indústria têxtil e vestuário

Natália Faria, in Jornal Público

A taxa de empregabilidade dos formandos deste centro de formação profissional está acima dos 90 por cento


Pode-se começar por dizer que por ali passaram, como alunos e, nalguns casos, também como formadores, vários dos grandes nomes da moda portuguesa. Alguns exemplos? Luís Buchinho, Katty Xiomara e Maria Gambina. Os Nunos - Gama e Baltazar - também por lá andaram. E Osvaldo Martins. E Júlio Waterland. Mas dizer isso é ficarmo-nos apenas pela vertente mais notória do Citex, no Porto. É que este centro de formação profissional da indústria têxtil e do vestuário acompanhou toda a reestruturação que o sector sofreu nas últimas duas décadas. Por lá passaram 27 mil alunos. Cuja taxa de empregabilidade, garantem os responsáveis, se mantém acima dos 90 por cento.

"O ano passado, tivemos 2700 formandos e, este ano, já vamos acima dos 2000", declarou Abílio Rocha, director do Citex. Depois de anos a formar mão-de-obra intensiva, este centro reforçou recentemente a aposta na formação nas áreas do design, têxtil e de moda, e do marketing. "Em termos de qualidade na produção, os trabalhadores portugueses já estão no topo", justifica Abílio Rocha, para quem "o drama da indústria têxtil e de vestuário não está na produção, mas na distribuição e na comercialização". "Felizmente, as empresas já perceberam que, para se conseguirem salvar, têm que saber distribuir o produto. Hoje, um Carrefour compra 500 milhões de euros em produtos têxteis por ano. O ano passado, em Portugal, comprou 50 milhões de euros e este ano prevê-se que compre mais", acrescentou.

Seja para criar canais próprios ou para entrar nos grandes canais de distribuição, as empresas portuguesas começaram a apostar em profissionais preparados para lidar com o mercado. E capazes de acrescentar valor ao produto. "São aspectos fundamentais para a sobrevivência da indústria", sublinha Dolores Gouveia, do departamento de design, justificando assim o reforço no Citex da formação relacionada com a gestão do produto e da marca. "Desde os fundamentos de marketing ao planeamento das colecções, tendo em conta as orientações do mercado", precisa. "Não podemos continuar a falhar no valor acrescentado do produto. Uma camisa feita aqui custa cinco euros e a mesma camisa em Barcelona, com uma etiqueta de marca em cima, custa 40 ou 50 euros", ilustra Abílio Rocha. O director do Citex aconselha assim os empresários do sector a porem gente nova e preparada para viajar. "A Zara tem gente a viajar em todo o mundo. E temos que seguir esse exemplo, com gente a conhecer os mercados e a ser capaz de lhe responder adequadamente, porque um catálogo para a Finlândia não pode ser igual ao de um para a África do Sul", refere, dizendo acreditar que, desse modo, a indústria portuguesa conseguirá não só bater a concorrência asiática, mas afirmar-se dentro da própria Ásia, onde "há muita gente com capacidade financeira que procura diferenciar-se adquirindo produtos europeus com qualidade".

Não surpreende assim que, por exemplo, o gabinete de design da Salsa, fabricante portuguesa de jeanswear, tenha maioritariamente formandos do Citex. E que empresas como a Inditex, dona da Zara, passem por ali a recrutar pessoal.

Cerca de 500 formandos com "novas oportunidades"

Desde Setembro de 2006, passaram pelo Citex quase 500 adultos que aderiram ao programa Novas Oportunidades, lançado pelo Governo para validar as competências adquiridas pelos adultos ao longo da vida, possibilitando certificação escolar equivalente.

Até agora, o Citex certificou mais de 100 alunos, somando um total de 456 adultos em processo de reconhecimento de competências. "Actualmente, participamos em processos de reconhecimento de competências desde o quarto ao nono ano. A partir de Setembro, contamos avançar para o 12.º ano", adiantou Abílio Rocha, adiantando que o Citex tem desenvolvido esta formação em Vila das Aves, Santo Tirso, Barcelos, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia, em locais como juntas de freguesia e salões de bombeiros