AM, in Jornal de Notícias
As políticas de conciliação da vida profissional e familiar só se justificam se patrões e trabalhadores forem beneficiados. Esta foi a conclusão de Anália Torres, docente no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), como comentadora do painel sobre a flexibilidade interna, ao fazer a síntese das apresentações das investigadoras belga e alemã.
"As medidas só fazem sentido quando implantadas um jogo em que todos ganhem", disse. Há uma "ambiguidade" na forma de encarar o conceito de flexibilidade interna, ou seja, de horários flexíveis para se entrar ou sair mais cedo do trabalho, por motivos privados. "A flexibilidade pode significar absolutamente o oposto" para os dois parceiros sociais, que o Governo defende devem definir as regras desta questão.
"Ao trababalhor é pedido que trabalhe aos fins-de-semana, à noite ou por turnos, por causa do mercado, mas este deseja a flexibilidade para estar com a família" ou para actividades de lazer ou desportivas, sublinhou. Além de que se tem de trabalhar fora do horário fixado, descura a família e a esfera pessoal.
"O que faz sentido é, em negociação colectiva,as horas a mais serem trocadas por benefícios não pagos, como criar uma creche ou outras facilidades", disse.
Ontem, a representante da Confederação Europeia de Sindicatos frisou que 42% das alemãs consideram que quando são mães a sua carreira acabou e comparou a desigualdade laboral ao início de uma maratona em que as mulheres, sendo mais perseverantes, partem com uma mochila às costas.