Célia Marques Azevedo, Correspondente em Bruxelas, in Jornal de Notícias
Leis impedem, por vezes, a progressão das mulheres nas carreiras
Os homens portugueses ganham em média mais 9% do que as mulheres. A informação foi avançada ontem, numa comunicação da Comissão Europeia, que pretende diminuir as diferenças salariais entre ambos os sexos.
Na União Europeia, as mulheres ganham em média menos 15% do que os homens, tendo como referência os salários brutos por hora. Bruxelas aconselhou os homens a assumirem mais tarefas domésticas para ajudar a eliminar o fosso salarial latente entre homens e mulheres europeus.
O comissário europeu com a pasta do emprego e igualdade social classificou de "inaceitável" a pouca evolução - nenhuma, em alguns casos - registada nos últimos anos, na União Europeia, e convidou cidadãos, organizações não-governamentais, Poder Político e parceiros sociais a mobilizarem-se para alterar o facto.
As mulheres dedicam 24 horas semanais ao lar, além do trabalho exterior, nos homens este "contributo" não ultrapassa as sete horas por semana. Portugal é um dos países onde a assimetria salarial é menos notada, menos ainda só na Eslovénia, Bélgica e Malta. As diferenças maiores registam-se na Grécia e no Chipre, com uma diferença de 25%.
A Comissão apontou quatro áreas de acção para pôr fim ao problema. Sugeriu uma melhor aplicação da legislação existente, aproveitar melhor as políticas de emprego dos estados-membros, promover a igualdade social junto dos empregadores, e apoiar a troca de boas práticas a nível comunitário.
Vladimir Spidla lembrou que, apesar de mais mal pagas, normalmente as raparigas estão mais bem preparadas, e que são as leis laborais que impedem a ascensão na carreira.