Liliana Costa, in Jornal de Notícias
No último ano lectivo as escolas do concelho sinalizaram 283 situações de risco e abandono escolar, no ensino básico e secundário, mas é antes de concluir a escolaridade obrigatória que se verifica o maior número (180) de casos.
Os números constam do relatório de actividades dos serviços de educação da Câmara de Guimarães, no âmbito da prevenção do abandono escolar.
Das 180 situações sinalizadas dentro da escolaridade obrigatória, 16 não foram objecto de qualquer intervenção e acompanhamento por razões que se prendem, nomeadamente, com a ausência sucessiva dos familiares em casa e a não comparência nos serviços após envio de convocatória. Dos 164 casos acompanhados, a maioria dos alunos regressou à escola para frequentar ofertas educativas alternativas, nomeadamente, os Cursos de Educação e Formação (CEF) e cursos profissionais.
Há ainda 31 alunos que foram integrados no Plano Integrado de Educação e Formação (PIEF), que tem por objectivo retirar do mercado ilegal de trabalho menores em situação de exploração de trabalho infantil.
As estatísticas mostram que os rapazes (60%) são maioritariamente os que mais abandonam precocemente os estudos, havendo uma maior concentração de casos na faixa etária dos 13 aos 15 anos e um predomínio de situações de risco e abandono escolar no 3º ciclo.
No combate ao abandono escolar, as parcerias têm-se revelado cruciais e a aposta passa pela prevenção. Num trabalho conjunto com os agrupamentos de escolas é possível, a montante, detectar indicadores que permitem agir de imediato no acompanhamento dos casos. "Quando há uma criança ou um jovem com uma assiduidade muito irregular, é sinalizada como um caso de risco de abandono e intervimos antes de acontecer", explica a vereadora Francisca Abreu. Numa fase posterior, entram as restantes entidades parceiras que actuam sobre as causas que motivam o desinteresse pela escola. "Em situações de alcoolismo no seio familiar, a Câmara não tem condições para intervir mas não podemos ficar alheios a isso e recorremos a parceiros. Há casos em que os jovens não vão à escola porque têm de tomar conta de irmãos menores e aí procuramos IPSS, por exemplo, para a integração dessas crianças nos jardins-de-infância", exemplifica.