12.7.07

Sinais de carência alimentar e desemprego avolumam-se no distrito de Beja

Carlos Dias, in Jornal Público

Pela primeira vez na sua história, a Caritas Diocesana de Beja abriu oficialmente a valência de apoio alimentar e o universo dos que a procuram é cada vez mais diversificado


Entre Janeiro e Maio deste ano, já foram servidas pela Caritas Diocesana de Beja um total de 12.063 refeições a pessoas sem abrigo, passantes, famílias monoparentais com filhos menores e sem qualquer meio de subsistência ou a pessoas que aguardam a atribuição do Rendimento Social de Inserção, reclusos em saída precária e toxicodependentes em tratamento.

Diariamente, a Caritas confecciona entre 35 a 40 refeições, presta apoio a 89 famílias e indivíduos em situação de exclusão ou em estado de emergência social e ainda dá apoio na higiene pessoal, entrega e tratamento de roupa.

Teresa Chaves, presidente da Caritas Diocesana de Beja, reage a este crescendo de dificuldades sociais admitindo que a região de Beja está a assistir "a um aumento no número de pessoas que pedem apoio alimentar".

Esta valência de apoio social está a funcionar na capital do Baixo Alentejo, oficialmente, desde o início de 2007. Este tipo de problema social é extensivo a um número cada vez mais vasto de trabalhadores, na sua esmagadora maioria imigrantes, que se encontram em "situação de exploração laboral porque os patrões não lhes pagam o salário", refere a dirigente da Caritas.

As famílias carenciadas apresentam-se na Caritas "muitas vezes" com crianças pequenas e são cada vez mais aquelas que pedem sigilo a quem lhes presta ajuda. "Vêm buscar a alimentação e levam-na para casa" para não ficarem expostas, refere Teresa Chaves.
A presidente da Caritas Diocesana de Beja frisa que se trata de pessoas que se encontram sobreendividadas e, normalmente, com um dos cônjuges em situação de desemprego. São oriundas, na sua esmagadora maioria, da classe média. Também há casos de mães muito debilitadas económica e fisicamente, na sequência de processos de divórcio, a pedir apoio alimentar.

Apoio alimentar só em Beja

Quanto aos frequentadores habituais do refeitório social da Caritas, nesse pormenor o cenário não difere do que se encontra noutros locais e tem sido regra durante muitos anos: as instalações são procuradas por pessoas sem abrigo ou por toxicodependentes em tratamento. Este crescendo de pessoas e instituições (Estabelecimento Prisional de Beja e Centro de Apoio a Toxicodependentes) a pedir auxílio surgiu a partir do momento em que a instituição de assistência assinou um protocolo com a Segurança Social para dar apoio ao refeitório social, comparticipando na confecção de apenas 20 refeições.

As restantes 15 ou 20 refeições estão a ser suportadas por meios próprios da Caritas, obtidos através de peditórios públicos e de donativos de empresas e de instituições, como o Banco Alimentar Contra a Fome, e os géneros alimentares vindos da União Europeia.

Este apoio prestado pela Caritas circunscreve-se apenas ao concelho de Beja.