8.3.07

Constituição Europeia - Líderes cada vez mais divididos

Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas in Jornal Público

As esperanças de Angela Merkel, chanceler federal da Alemanha, de aproveitar as comemorações dos 50 anos do Tratado de Roma para criar o ambiente de consenso capaz de abrir caminho para a resolução da Constituição Europeia parecem comprometidas devido às profundas divergências que separam os Vinte e Sete.

Merkel, que preside actualmente à UE, teve a ideia de levar os seus pares a expressar, numa declaração a proclamar em Berlim, os valores da UE, o caminho percorrido desde 1957, os sucessos da integração e os desafios do futuro. Desafios estes que, segundo as intenções da presidência, deveriam incluir a necessidade de aprovação rápida da Constituição Europeia, cujo guião de salvamento deverá ser acordado na cimeira de Junho.

Os países mais eurocépticos, como o Reino Unido, Suécia, Polónia ou República Checa recusam, no entanto, qualquer referência à Constituição, aceitando apenas uma referência a uma "solução institucional". Muito vaga, esta fórmula deixa todas as portas abertas, incluindo a ideia de um mini-tratado defendida por vários países, ou mesmo o abandono da Constituição. Os mesmos países torcem o nariz à menção de forma elogiosa do euro enquanto um dos grandes sucessos da integração, preferindo uma mera constatação da sua existência. A três semanas das comemorações do Tratado de Roma, a unidade dos países europeus sobre o seu passado e futuro comuns parece próxima do zero.