15.10.10

Comida leva maior parte do orçamento familiar

por P.J., in Diário de Notícias

Peso da alimentação na factura das famílias é enorme, sobretudo nas maiores, como a de Lina e Valdemiro, com seis filhos.

De três em três semanas, a família Líbano Monteiro sai do supermercado com 96 litros de leite. Muitas embalagens que não chegam a durar um mês na despensa de uma casa onde há seis filhos entre os 7 e os 21 anos. E dois pais, Valdemiro e Lina. O talão do supermercado é portanto substancialmente longo, com quantidades a condizer com o tamanho da família. Mas nos próximos meses, com o aumento de 2% no IVA e a passagem de alguns produtos dos 13% para os 23%, a factura vai ficar mais cara, teme Valdemiro.

"O aumento do IVA de 13% para 23% nos sumos e refrigerantes não vai pesar-nos muito, porque são só para dias de festa. Mas todos estes aumentos pesam alguma coisa. Na prática, é como se ficássemos a ganhar menos 2%, pelo menos", explica.

Engenheiro de profissão, Valdemiro salienta que a sua família tem "um nível de vida muito razoável" - a mulher, Lina, é enfermeira e estão ambos bem empregados. Mas estes aumentos obrigam a apertar o cinto. "Já deixámos de comprar fruta e legumes no supermercado. Vamos à praça ao sábado de manhã, porque é mais barato e encontramos produtos melhores", conta.

Mas não há muito mais onde cortar no que diz respeito à alimentação, que já leva uma grande fatia do orçamento familiar, diz. O leite que compram, por exemplo, "é branco", como dizem os filhos, e não é enriquecido nem de marca. Logo, não está entre os que vão aumentar para 23%. Mas a subida dos iogurtes, por exemplo, pode fazer mossa. "Não sei quantos gastamos com alimentação em percentagem do nosso orçamento familiar, mas sei que é bastante. E que vai aumentar com a subida do IVA prevista no Orçamento do Estado", conclui.

"Para equilibrar as contas do Estado ficamos todos mais pobres", argumenta o engenheiro, que também tem curiosidade - e apreensão - para saber o que vai acontecer às deduções fiscais relativas aos gastos com a educação dos seis filhos e às despesas de saúde. "É triste, porque são situações muito delicadas e sei que há muita gente em pior situação, que não sei como vão fazer...", conclui.