Salomão Rodrigues, in Jornal de Notícias
Suicídios, depressões e violência doméstica aumentam devido à crise
As situações de pobreza na Região do Entre Douro e Vouga estão a aumentar e deverão registar um crescimento significativo nos próximos tempos. Esta é a convicção de autarcas e cidadãos que ontem participaram numa "marcha branca", em Santa Maria da Feira.
"A pobreza no concelho da Feira, como no país, é um problema. Mas a minha grande preocupação é o que vai acontecer no futuro", afirmou, ao JN, o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Alfredo Henriques, concelho que regista uma das mais elevadas taxas de desemprego do país.
"O grande número de desemprego registado no concelho ocorreu no último ano e meio. A minha grande preocupação é quando a grande maioria dessas pessoas deixar de receber o subsídio a que, por enquanto, ainda têm direito", explicou. "Como é que se vai gerir esta situação?", questiona o autarca.
Também a responsável pela acção social da autarquia, Manuela Coelho está muito preocupada. "Todos nós, ligados à acção social, temos a consciência que a pobreza está a aumentar e que vai ser extremamente dura nos próximos tempos". "Sentimos que há actualmente um outro tipo de procura de apoio social relacionado com as pessoas da classe média/baixa e média/média", explicou a responsável.
Acrescentou ainda que com os aumentos dos casos de carência, "aumentam os casos de tentativa de suicídio, depressões e violência domestica que não eram visíveis há uns tempos atrás".
Pessoas concretas
Entre as pessoas que participaram na iniciativa de recolha de alimentos estavam Abílio Silva, 38 anos, e Helena Reis, 44 anos.
"A minha vida está muito difícil e com muitas dificuldades financeiras", lembrou Abílio Silva, empregado da construção civil, casado e com duas filhas menores. Apesar de se encontrar empregado, assim como a mulher que trabalha no sector do calçado, garante que o dinheiro não é suficiente para os encargos.
Com duas filhas ao seu encargo, uma na universidade e outra a concluir o 12.º ano, Helena Reis não esquece tão cedo os dias em que "não havia o que comer". "Foi uma situação muito complicada. "Agora estou numa casa social e a câmara também já nos deu alimentos", explicou.


