Zulay Costa, in Jornal de Notícias
Uma boa gargalhada não impede os problemas, mas pode ajudar a controlar as respostas mais eficazes. German Payo Losa acredita que é possível exercitar a "flexibilidade mental" e fazer do humor e do riso "ferramentas de trabalho" nas escolas e nas empresas.
Como? Elevando a auto-estima, capacidade criativa, saúde mental e corporal e ensinando as pessoas a "encarar a vida e os problemas de outra maneira".
"É como o limpa pára-brisas de um carro: não impede a chuva mas ajuda-nos a ver de outra maneira", explicou, ao JN, após uma sessão de risoterapia que encerrou a I Semana do Humor na Escola Secundária de Vagos e onde ajudou mais de duas dezenas de alunos a rir a bandeiras despregadas.
Pedro, de 13 anos, foi dos poucos rapazes que aderiu. "Já tinha experimentado risoterapia antes, em actividades da escola. No início sentia-me um pouco ridículo mas depois passa. Isto não é só brincadeira, ajuda a descontrair imenso", contou.
Tal como Irina, de 17 anos, saiu da Secundária com um sorriso aberto. "Eu vim experimentar pela primeira vez e foi muito fixe. Dizem que faz bem à pele e à saúde. Eu estava stressada em casa e agora sinto-me melhor", disse Irina, no fim da sessão.
Antigo professor em Salamanca e actual pedagogo do humor, Germán começou a desenvolver o projecto EducaHumor há 28 anos, na sequência da morte de um aluno. Há cinco anos, deixou o ensino e tem vindo a percorrer estabelecimentos de ensino, hospitais e instituições de diversos países para demonstrar o "potencial do humor e do riso".
Para além de Espanha e Portugal, já se deslocou aos Estados Unidos da América, França, Itália, Dinamarca e Alemanha. De acordo com Germán, "os países do sul da Europa são dos mais alegres" e "o público mais difícil são os adolescentes, porque têm um sentido de ridículo muito grande".
Mas nada disto são questões preponderantes. Afinal, este especialista, membro da Sociedade Internacional de estudos do Humor, não acredita que se nasça com ou sem sentido de humor. "É algo que se pode aprender e exercitar", diz.
Os benefícios não são apenas para a mente. Com respiração adequada e bom riso ventral, a saúde corporal também melhora. "Faz vibrar os músculos abdominais, a circulação melhora, favorece a digestão, reduz as hormonas neuro-endocrinas associadas ao stress e até favorece o sistema imunológico, aumentando a resistência às doenças", assegura Germán. Por isso é que "doentes optimistas se curam mais depressa", diz.
Em tempo de crise, acrescenta Germán, é mesmo necessário "encarar a vida de outra forma". "Não posso impedir a crise, mas posso impedir que ela me deprima. O riso incentiva a criatividade e ajuda a encarar os problemas de outra maneira para buscar soluções", assegura, bem-disposto.


