por Fernando Marta, in A União
O Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social, este ano de 2010, e todas as iniciativas que ele comporta, são parte do caminho para essa incontornável realização, que deve ser o propósito de cada um em cada detalhe, em cada acção ou diligência, para acabar de vez com a pobreza.
Aprovado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia em Outubro de 2008, este foi o primeiro e mais importante tónico para o alertar de consciências sobre esta realidade. Foi uma decisão política de enorme alcance, não obstante, comporta em si uma gigantesca responsabilidade para todos nós.
Segundo o organismo estatístico da União Europeia, existem mais de 85 milhões de pessoas, cidadãos de pleno direito, a viver em situação de pobreza, ou no limiar desta, o que sugere uma taxa de cerca de 20%, alguns dos quais originários dos países da ex-URSS, que entretanto aderiram à União Europeia. Em Portugal, serão mais de 2 milhões, entre homens, mulheres e crianças. E seriam muitos mais, não fosse o papel do Estado como garante de alguma estabilidade social, por via da atribuição de subsídios e outros contributos a quem, por razões várias, não tem os rendimentos necessários, pelo menos, para a sua subsistência.
O país enfrenta hoje a terrível fasquia dos dois dígitos de desempregados. Cada um dos mais de 600 mil portugueses sem trabalho representa uma situação que só quem a vive, e tudo o que ela representa em termos de rejeição social e de exclusão, terá para ela a única definição adequada. É um tenebroso beco sem saída, com vista a coisa nenhuma. É a razão pela qual não podemos desistir de quem menos tem, e menos pode. É igualmente por eles que não poderemos nunca esmorecer, pois a condição de desempregado fica, como sabemos, a um pequeno passo da exclusão social, por isso é aí que precisamos de batalhar, é por estes que precisamos incessantemente de lutar. Lutar para que se criem postos de trabalho, primeiramente, mas lutar também para acompanhar e ajudar aqueles a quem um posto de trabalho não chega.
Por essa razão, a necessidade de um emprego que ofereça estabilidade é meio caminho andado para que a pobreza seja uma miragem, e a exclusão social uma inexistência. A qualificação profissional e académica é, também, essencial. É, igualmente, por via das qualificações, que nos apercebemos da sociedade que temos, e aquela que ambicionamos ter. Quanto maiores qualificações tiverem os cidadãos de uma sociedade, mais difícil lhes será capitularem perante a exclusão ou sucumbirem perante uma situação de pobreza.
Apesar da sua importância na erradicação da pobreza e exclusão, a Educação não é, contudo, o mais grave problema de milhões de seres humanos. Por todo o globo, serão mais de 925 milhões os subnutridos, o que não pode deixar ninguém indiferente, e deveria, por ser tão pouco se comparado com o problema, ocupar um lugar de destaque em cada editorial de cada jornal de cada país, como forma de, não só não esquecer, mas lembrar que o problema subsiste. E enquanto subsistir, haverá crianças com demasiada fome para aprender, e adultos com permanentes dificuldades para saírem de uma situação de pobreza, ou simplesmente olharem para a exclusão como um antónimo da sua condição.


