in IOL Diário
O alerta parte da Cáritas e da Amnistia Internacional: os números oficiais não são fiéis e as medidas de combate são insuficientes
Amnistia: há pobreza escondida 2,3 milhões falham refeições
O número de portugueses em risco de pobreza pode ser superior ao valor oficial de 17,9 por cento. O alerta vem da Cáritas Portuguesa, que defende que o número apresentado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) não reflecte os últimos meses de crise profunda.
Os dados oficiais dão conta de uma ligeira descida no risco de pobreza. Nos últimos anos, baixou de 18 e meio para 17,9 por cento. Mas os números mais recentes são de 2009, antes do pico da crise. Agora o cenário pode ser bem diferente.
De acordo com o INE, o acesso a bens materiais por parte das famílias aumenta de ano para ano. A chamada taxa de privação material está nos 23 por cento. Isto significa que 2 milhões e 300 mil portugueses não tem dinheiro para pagar a renda da casa, fazer uma semana de férias ou comer uma refeição de carne ou peixe duas vezes por semana.
Um quarto da população vive com menos de 414 euros por mês. Entre os grupos de que apresentam maior risco de entrar em situação de pobreza estão as famílias com três ou mais filhos, as famílias monoparentais e os desempregados. Os idosos continuam a manter-se entre os mais vulneráveis.
Medidas de combate pouco eficazes
Também a Amnistia Internacional em Portugal acredita que há uma pobreza escondida, que foge aos números oficiais divulgados pelo INE e que, por isso, as medidas que estão a ser tomadas para erradicar a pobreza são pouco eficazes.
Muita da pobreza existente no país é envergonhada e, por isso, não se conhece. E como não se conhece, torna-se difícil agir da melhor maneira.
A Amnistia Internacional lembra que está nas mãos de todos ajudar e que, de um modo geral, não basta juntar dinheiro para actuar. A chave para resolver a pobreza está nos próprios pobres. Para além de diagnosticar o problema, têm de ser eles a dar as soluções.


