1.2.11

Governo quer 170 mil alunos a fazer cursos profissionais no secundário em 2015

Por Bárbara Wong, in Jornal Público

Aumentar em dez por cento as ofertas de novas qualificações e diminuir a taxa de abandono entre os 18 e os 24 são objectivos

Diminuir o abandono e o insucesso escolar passa por oferecer mais cursos de ensino profissional, acredita a ministra da Educação, Isabel Alçada. Por isso, o Governo quer 170 mil alunos inscritos no ensino profissional e pretende também que a oferta de novas qualificações aumente dez por cento, ao mesmo tempo que quer atingir uma taxa de escolarização de 95 por cento no secundário. Tudo até 2015.

Estas metas são anunciadas hoje, num encontro promovido pela Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), em Lisboa. Ontem, a Comissão Europeia (CE) adoptou um plano de acção para ajudar os Estados-membros a reduzir para menos de dez por cento, até 2020, a taxa de abandono escolar. Portugal pretende cumprir essa meta e outra: até 2015, o objectivo é diminuir a taxa de desistência dos alunos de 14, 15 e 16 anos para menos de um, dois e quatro por cento, respectivamente.

Depois de, em Setembro, o Ministério da Educação (ME) ter definido as metas para o sucesso educativo até 2015, hoje a ministra anuncia as metas para o ensino profissional. Este tipo de ensino tem vindo a crescer, quer no número de cursos, quer no de alunos. Há seis anos, havia quase 37 mil alunos nos profissionais; agora são 124.265 estudantes, em cem cursos com 122 saídas profissionais, apontam os dados da ANQ, a entidade responsável por esta oferta educativa.

Ao todo, há 460 escolas públicas e 200 privadas com oferta profissional e este é um número que vai continuar a crescer, garante Isabel Alçada ao PÚBLICO. Para a governante, é importante que o ensino profissional seja leccionado na escola pública, ao lado dos cursos gerais feitos pelos alunos que querem prosseguir os estudos no ensino superior.

É relevante que as mesmas escolas ofereçam cursos gerais e profissionais, porque funciona como "factor de estímulo para a progressão dos adolescentes" - ou seja, quando terminam o 3.º ciclo, vão todos para a mesma escola. "Estes cursos acabam por induzir o desejo de ir mais longe e o nosso país precisa de investir em recursos humanos", considera Alçada.

Mais anos na escola

Num estudo sobre o perfil dos alunos que chegam a esta via de ensino, publicado em Setembro, concluía-se que são eles que engrossam as taxas de insucesso e de abandono escolar do país. O relatório, coordenado por Oliveira das Neves, do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, foi feito com base em inquéritos às escolas e entidades empregadoras.

Outra meta que o Governo quer ver cumprida até 2015 é aumentar a média de anos de escolarização da população entre os 15 e os 64 anos. Actualmente, é de 7,89 anos e, em 2015, o Governo espera que a maioria tenha 10,39 anos de escolaridade. Para cumprir este objectivo, é necessário apostar não só no profissional mas também no ensino de adultos, diz a ministra.

Segundo a CE, Portugal, Espanha e Malta têm taxas de abandono escolar precoce superiores a 30 por cento, quando a média europeia se cifra nos 14,4 por cento. Portugal quer chegar a 2015 com dez por cento. A CE defende medidas educacionais, sociais e ao nível da juventude.