11.10.18

Plano de Ação de Combate à Pobreza dos Açores tem 60% das medidas em curso

in Lusa/AO Online

O Plano de Ação de Combate à Pobreza e Exclusão Social dos Açores para o biénio 2018-2019, aprovado em julho, já avançou com 60% das 83 medidas previstas, anunciou o executivo açoriano esta quarta-feira.

“Uma das primeiras conclusões é que nesta fase temos 60% das medidas previstas no plano bianual em curso, o que já é um nível em nosso entender satisfatório”, adiantou, em declarações aos jornalistas, a secretária regional da Solidariedade Social, Andreia Cardoso.

A governante falava, em Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião entre o Conselho Estratégico e a Comissão Científica da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social, que fez um balanço da implementação do plano bianual.

Segundo Andreia Cardoso, entre as medidas já implementadas neste plano, que dá prioridade a crianças e jovens, destacam-se, por exemplo, o alargamento da saúde escolar aos centros de desenvolvimento de inclusão juvenil e um projeto de intervenção comunitária para a melhoria do sucesso escolar, que foi implementado no ano letivo anterior no concelho da Lagoa e foi estendido este ano aos concelhos do Nordeste e da Povoação, em São Miguel.

Para a governante, apesar de a taxa de implementação de medidas atingir os 60%, há aspetos a melhorar, como o reforço da divulgação do plano junto da população em geral e a mobilização de todos os parceiros na implementação das medidas.

Nesse sentido, o Governo Regional já iniciou um conjunto de reuniões de divulgação do plano e quer chegar a todas as ilhas “até ao final do próximo mês”.

Segundo Carlos Farinha Rodrigues, membro da comissão científica, a Estratégia de Combate à Pobreza e Exclusão Social dos Açores é “fundamental” e a região pode mesmo “constituir um exemplo para aquilo que seria necessário fazer a nível nacional” no âmbito da redução da pobreza, através de uma solução pensada de forma integrada.

“Os Açores têm experiências muito positivas de combate à pobreza, o que temos é de capitalizar esse conhecimento para conseguirmos – eu não direi eliminar a pobreza para já – mas pelo menos que os Açores não sejam a região do país com maior pobreza em Portugal”, frisou.

O professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), especialista em pobreza e desigualdade, considerou que os Açores fizeram um esforço “gigantesco” na identificação de problemas, mas “há muito ainda por fazer”.
“É uma estratégia de médio e longo prazo. Não podemos correr o risco de pensar que vamos obter resultados para o próximo ano”, apontou.

O papel da comissão científica, segundo Carlos Farinha Rodrigues, é de aconselhamento, acompanhamento e troca de experiências.

“Tentamos que não se esteja sempre a recomeçar do zero. Há uma experiência acumulada que é necessário capitalizar e aprofundar. Um dos problemas que nós temos em Portugal é que, ou porque muda o governo ou porque mudam as pessoas, tem de se recomeçar tudo do zero”, apontou.

Para o economista, “é necessário fazer com que a população dos Açores perceba que a pobreza é um problema de todos”, porque ou é assumido coletivamente ou “não se consegue de facto resolver”.

Por outro lado, defendeu que é preciso que o governo e a sociedade civil trabalhem “em conjunto” e que passe a existir uma “visão integrada” do problema, em vez de “medidas avulsas”.

“O que se pretende é a convergência de muitas medidas parcelares, de forma a ter um objetivo claro e definido”, frisou.