Maioria (52%) concorda com decisão da NATO de não intervir diretamente na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
São cada vez mais os portugueses que sentem os efeitos da guerra na Ucrânia (76%), em particular na perda de poder de compra. De acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, cresceu o pessimismo quanto à duração do conflito, mas a maioria concorda com a decisão da NATO de não intervir diretamente (52%). A confiança na aliança militar ocidental está a encolher e a capacidade de resolução do conflito por parte dos líderes europeus merece pouco crédito.
Ficou claro, logo no início da invasão russa à Ucrânia, que os países ocidentais não iriam intervir diretamente no conflito. Nomeadamente atrás do seu braço armado comum, a NATO. E há uma maioria clara de portugueses (52%) que concorda com esse rumo - apenas 27% discordam, o que indicia que preferiam uma ação mais musculada. Há um mês, a divisão sobre este tema era a norma (ainda que a pergunta fosse diferente): 38% diziam "sim" a uma intervenção direta da NATO, 42% rejeitavam essa possibilidade. Também por isso, são agora menos os que defendem o envio de tropas portuguesas, no caso de um envolvimento direto da NATO (20% do total da amostra, face aos 30% de março passado).
Também ao contrário do que acontecia há um mês, já não existe um cisma geracional. Nessa altura, os dois primeiros escalões etários adotavam uma postura mais belicista. Agora, seja entre os mais novos, seja entre os mais velhos, são sempre em maior número os que dizem concordar com a decisão da NATO de não intervir diretamente na guerra. O único caso em que se mantém a divisão é entre os habitantes da Região Norte (36% concordam com a política de não intervenção, 35% discordam).
Menor confiança na NATO
Diferente é também o resultado da pergunta sobre o grau de confiança dos portugueses na NATO. Se, em março, havia 63% que diziam que a confiança era grande, agora são apenas 43% (mais de um terço refugia-se numa resposta neutra). Ainda assim, a Aliança Atlântica merece mais crédito que os líderes europeus. São mais os que desconfiam da sua capacidade para resolver o conflito (29%) do que os que acreditam que os políticos conseguirão encontrar um caminho para a paz (24%), qualquer que ele seja. Exceções à regra: os que vivem na Região Norte e os mais pobres.
Se os portugueses não confiam que se encontre uma solução, é natural que estejam também pessimistas quanto à duração do conflito, pelo menos quando se faz a comparação com as respostas do mês passado. Já não há ninguém que acredite que a guerra só vai durar mais um mês (em março eram 13%); um terço aponta para mais três a seis meses (o mesmo resultado que há um mês); e metade para mais de seis meses (29% na sondagem anterior).
Idosos e pobres
Com dois meses de guerra (o trabalho de campo decorreu entre 12 e 18 de abril), cada vez mais os portugueses dizem sentir os seus efeitos: são agora 76% (mais 17 pontos percentuais do que em março passado). Mas há ainda um quarto da população que não nota diferenças (e em particular na Área Metropolitana do Porto, em que esta fatia chega aos 34%).
Quando se pergunta em concreto em que medida a vida das pessoas se alterou desde que começou o conflito, a esmagadora maioria responde que o seu poder de compra diminuiu (70%), com destaque para os dois escalões mais velhos e para os mais pobres. De uma lista de seis possíveis impactos, o segundo mais citado foi o facto de terem deixado de comprar alguns produtos e bens (17%).