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14.4.23

Habitação social foi negada e vão mesmo ficar sem tecto: “Vamos para baixo da ponte?”

André Borges Vieira (Texto) e Paulo Pimenta (Fotografia), in Público



Uma ilha de Ramalde, no Porto, está ocupada há vários anos com consentimento da proprietária, que, entretanto, morreu. Agora, os herdeiros querem desocupá-la. O prazo termina na próxima segunda-feira.


Numa ilha do Porto demoliram-se alguns anexos ilegais, mas o entulho continua amontoado no pátio à espera de ser recolhido. É um cenário que está a dias de ser alterado. Porém, ao mesmo tempo, este primeiro avanço – a demolição de parte das construções – alarmou quem ainda mora neste conjunto habitacional de Ramalde, na zona de Pereiró. E esse alarme acabou por se justificar na semana passada, quando foram avisados de que brevemente teriam de abandonar as casas que ocupam.

A partir da próxima segunda-feira, cerca de seis famílias que ali vivem de forma graciosa, com a autorização da proprietária original, que faleceu há pouco tempo, poderão vir a ficar sem tecto. Os herdeiros estabeleceram um prazo para as fracções serem desocupadas. Só que os moradores – na maioria dependentes do Rendimento Social de Inserção (RSI) para sobreviver –, depois de várias tentativas de pedido de habitação camarária, nunca conseguiram resposta favorável. A Câmara do Porto conhece a situação, mas remete para a Segurança Social qualquer resposta mais imediata.

A contar os dias e com receio do que poderá vir a acontecer na próxima semana está Joana Moura. Aos 32 anos, vive sozinha há quatro anos numa das fracções da ilha, que foi mobilando com o indispensável. Está desempregada, tem a ajuda do RSI e “de vez em quando” faz uns trabalhos temporários. O seu rendimento mensal não lhe permite avançar para uma situação de arrendamento de um apartamento, com os preços proibitivos que agora diz serem praticados. Por isso, já vai no terceiro pedido de habitação camarária à Domus Social. Também já o fez ao IHRU – Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana. Foram todos negados. Ainda em apreciação está o último que fez à Domus.

No pátio da ilha, tem na sua mão todos os despachos negativos aos pedidos. “Dizem que não consigo atingir a pontuação mínima para o pedido ser aceite”, afirma. Questiona-se sobre o que será necessário para conseguir luz verde da empresa municipal que gere a habitação camarária. “Vivo sozinha e estou desempregada. Só aqui em Ramalde encontro várias casas vazias em bairros. Porque é que não consigo?”, questiona.

Joana diz que vive há 18 anos na mesma freguesia. Ao PÚBLICO, a Câmara do Porto diz que as outras duas candidaturas “não foram admitidas por não atingirem a pontuação mínima na matriz de classificação que avalia e pondera a situação sócio-habitacional dos agregados familiares”. A dificultar o processo estará a impossibilidade de conseguir provar que tem morada na ilha da Rua Dr. Pedro Sousa, já que nunca teve um contrato de arrendamento e, por isso, não tem qualquer recibo em sua posse.

Na mesma situação estão outras famílias, como a de Conceição Machado ou a de Vera da Luz, e Jorge Silva. Todos dizem ter submetido pedido de habitação social. Ninguém conseguiu resposta positiva.

Jorge seria o único que poderia atestar ter morada no local onde vive porque há mais de 15 anos chegou a pagar renda. Mas quem a pagava era a avó, que já faleceu. Não sabe onde estão os recibos, mas lembra-se que o dinheiro era entregue a uma pessoa intermediária que o fazia chegar à senhoria. “Depois, há uns dez anos, disseram que isto ia ser demolido e deixaram de cobrar”, afirma. Mas a proprietária continuou a deixar que as casas fossem habitadas, na altura e também mais tarde.

Conceição Machado vive com o marido e três filhos. Também diz ter pedido casa à Domus Social. Foi recusado. Mas tem uma forma de confirmar que vive naquela ilha há cinco anos porque os filhos frequentam uma escola da freguesia. Já Vera Luz, que mostra ao PÚBLICO o documento que comprova ter submetido candidatura, ainda está à espera de conhecer o desfecho.

O problema é que na segunda-feira todas as famílias que ocupam a ilha, mais de uma dezena de pessoas, há uns meses sem electricidade, desde que retiraram o único ramal que ali existia, vão ter de abandonar as casas. O aviso foi feito “por boca”, adianta Joana Moura. Só mais tarde, a pedido da própria, é que foi feito “em papel”. O documento que não está assinado nem carimbado, mas tem escrito o nome de uma empresa de demolições, estipula o prazo de saída e adianta os motivos: “Limpeza e demolição de anexos.”

Prazo será para cumprir

Um dos herdeiros da propriedade, Cláudio Moutinho, esclarece que todas as demolições já foram feitas. Em causa, agora, está a limpeza do entulho que sobrou. “Não estão previstas mais demolições, a menos que se confirme existirem mais anexos que não constam da planta topográfica”, diz. O proprietário confirma que quem ali está tinha autorização da sua mãe, que, entretanto, morreu. Mas agora, adianta, terão de sair dali. O prazo para o fazerem termina na segunda-feira. Pergunta-se se o prazo poderá ser prolongado em função da inexistência de uma solução de habitação para as pessoas que ocupam a ilha. Por agora, avança, essa não é uma hipótese que esteja em cima da mesa.

Sobre o indeferimento dos pedidos de habitação realizados por quem ocupa o conjunto habitacional, a autarquia diz existir “um regulamento e uma matriz que têm de ser cumpridos”. Neste caso, a Domus Social entendeu que, por mais do que uma vez, as candidaturas não cumpriam os requisitos.

A propósito da possibilidade de na próxima semana mais de uma dezena de pessoas poderem vir a ficar sem tecto, a Câmara do Porto remete a responsabilidade para outra entidade: “O alojamento em situações de emergência social é da competência da Segurança Social.”

Os moradores afirmam ter sido oferecido alojamento temporário, através da Segurança Social, em quartos de pensões, todas localizadas noutras freguesias e sem as condições de que necessitam, com a agravante de existirem famílias numerosas com crianças.

“O problema não é ter de sair. Compreendo que estamos numa situação ilegal. O problema é não nos arranjarem soluções viáveis”, afirma Joana Moura. Conceição Machado também teme o que acontecerá depois de segunda-feira: “Vamos para debaixo da ponte?”

4.9.17

Câmara do Porto analisa reforço de 700 mil euros para apoio à habitação

in Diário de Notícias

O valor adicional permitirá considerar 305 candidaturas que, "por insuficiência de verba", "não foram analisadas" nesta edição do programa de apoio ao arrendamento a famílias carenciadas
A Câmara do Porto analisa na terça-feira, em reunião camarária, a proposta do presidente Rui Moreira para reforçar "até 700 mil euros" a vertente de apoio à habitação da quarta edição do Fundo Municipal de Emergência Social.

O documento, a que a Lusa teve acesso esta segunda-feira, explica que esse valor adicional permitirá considerar 305 candidaturas que, "por insuficiência de verba", "não foram analisadas" nesta edição do programa de apoio ao arrendamento a famílias carenciadas.

A proposta revela ainda que, no âmbito das candidaturas abertas em março, "foram admitidas 181, no valor total de quase 400 mil euros", tendo sido "excluídas 39".

Quanto ao reforço de 700 mil euros, a Câmara estima que 234 mil euros sejam aplicados este ano e que os restantes 466 mil euros sejam usados em 2018, já que cada edição do programa tem a duração de 12 meses.
O presidente da Câmara destaca, na proposta, que a autarquia e a empresa municipal de Habitação "continuam a identificar um número muito significativo de pessoas e famílias com graves dificuldades financeiras, confrontadas com antigos e novos fenómenos de pobreza".

De acordo com o autarca, isto é "fruto dos efeitos da crise prolongada que ainda se vive no país, com a persistência de níveis elevados de desemprego".

"Embora recaia sobre o Estado a responsabilidade pelas políticas de inclusão e de apoio aos mais carenciados, a Câmara do Porto, em função da difícil situação social que se vive, entende como prioritária a adoção de uma estratégia continuada de intervenção direta do município, alicerçada em políticas ativas que atenuem o sofrimento das pessoas e das famílias mais desfavorecidas", justifica Rui Moreira.

O autarca refere que "a experiência das anteriores edições do eixo Apoio à Habitação do Porto Solidário, lançadas em 2014, 2015 e 2016, revelou-se muito positiva, atenuando as dificuldades sociais e permitindo a muitas famílias reencontrarem o equilíbrio económico, ao mesmo tempo que atenuou a pressão da procura de casa junto da empresa municipal DomusSocial".

Numa informação divulgada em março na sua página da internet, a Câmara indica que "já ajudou 1.051 famílias através do Fundo de Emergência Social, criado em 2014 pelo executivo de Rui Moreira".

"Só em 2016, a Câmara apoiou 593 famílias, suportando boa parte da renda da casa dos candidatos cujos rendimentos e situação social encaixaram nos critérios definidos pela autarquia", acrescentava a autarquia.
A mesma nota informativa referia que "a maioria dos apoiados paga renda a um senhorio e apenas uma minoria possui casa própria" e que "quase metade das famílias apoiadas se candidatou a casas de habitação social".

Na reunião camarária de terça-feira, a Câmara do Porto vai também votar o reconhecimento, "como estabelecimentos de interesse histórico e cultural ou social local", 34 estabelecimentos, selecionados a partir de uma lista que incluía nomes como os cafés Guarany e Majestic, o Armazém dos Linhos e os Armazéns Cunha, o Bazar Paris, a Padaria Ribeiro, a Casa Crocodilo ou a Favorita do Bolhão, as livrarias Lello e Académica, as farmácias Lemos ou Vitália, o café Piolho e a Casa Alvão.

Noutra proposta, o vereador do Comércio, Turismo e Fiscalização, Manuel Aranha, propõe a abertura de um período de 20 dias de consulta pública com vista à classificação de mais três estabelecimentos: Galeria da Vandoma, Livraria Moreira da Costa e Lopo Xavier & Companhia, Lda.

24.7.17

 Miguel Nogueira Miguel Nogueira Miguel Nogueira Miguel Nogueira Miguel Nogueira Projeto "Porto. Importa-se" combate isolamento dos idosos nos bairros sociais

in Porto.pt

A Câmara do Porto está a implementar um projeto solidário de intervenção técnica e social direta junto dos seus inquilinos mais idosos e em situação de isolamento. "Porto. Importa-se" chega ao terreno para responder a um universo de mais de 2.000 pessoas e sem se assumir como resposta de fim de linha, mas antes enquanto processo continuado, formador de uma rede alargada de parceiros e serviços de proximidade.

O projeto foi esta semana apresentado pela Domus Social e vai ao encontro de cidadãos sozinhos com mais 70 anos e casais com mais de 75
anos. Surge para "colmatar dificuldades sentidas por este público-alvo".

Na sua apresentação, o presidente da Câmara, citando o exemplo escandinavo, manifestou a importância de esta intervenção resultar em "visitas periódicas", instaladas na rotina, aos idosos "antes de estes se encontrarem em estado de perigo", de dependência. Ou seja, a intenção não é aparecer quando já pouco pode ser feito, mas atuar atenta e consistentemente no sentido de se dar aos inquilinos seniores do Município maior qualidade de vida.

O "Porto. Importa-se" está a obedecer a uma metodologia de implementação que parte do reconhecimento profundo da realidade da população
visada nos bairros de habitação social da cidade. Rui Moreira alertou, a propósito, que o trabalho de recolha dever ser feito através de uma "amostragem absoluta" que permita realizar o retrato "fidedigno da realidade dos idosos visados no estudo".

E há já dados concretos: os mais de 2.000 cidadãos a quem se destina o projeto são formados por 1.592 idosos em situação de isolamento e 586 casais seniores.

Este trabalho assenta em objetivos orientadores, estabelecidos a partir do levantamento dos problemas dos idosos nos bairros de habitação
social da cidade, em particular os problemas habitacionais.

Identificar as respostas sociais por territórios envolventes integradores dos bairros e promover e articular a mediação entre a população
idosa e as diferentes respostas sociais são desígnios definidos, bem como a necessidade de complementar as respostas formais institucionais prestadas à população com um serviço de voluntariado alargado, contando, na sua base, com colaboradores da autarquia. Tem ainda como propósito criar uma plataforma de informação e comunicação em rede, entre os técnicos de apoio ao projeto.

Desenvolvido com o apoio técnico do Instituto Superior de Serviço Social (ISSSP) e em parceria com as Juntas de Freguesia e estruturas
locais de solidariedade social, o "Porto. Importa-se" obedece a um cronograma de implementação.

Elaboração e aplicação do inquérito de orientação de todo o trabalho, colocação de equipas no terreno e construção de uma rede alargada de parcerias e serviços da comunidade, bem como a criação da referida plataforma de informação, que se deseja dinâmica, são etapas de um processo iniciado este mês que será avaliado, com apresentação de resultados finais, em junho de 2019.

Conforme explica a Domus Social, neste projeto "os problemas e constrangimentos diagnosticados serão abordados e resolvidos numa lógica de
intervenção em rede, com partenariados sólidos e sustentáveis. Por outro lado, pretende-se fomentar as potencialidades locais e as redes solidárias locais, formais e informais, considerando intervenções a longo prazo, sustentadas na capacidade já instalada no território e aproveitando eficazmente os recursos" da empresa municipal, na resposta aos problemas dos moradores idosos.

Com método e em rede, "Porto. Importa-se" afirma no nome a intenção: valer a quem precisa, chegar a tempo e apresentar respostas eficazes que não deixam os afetos de fora.

9.4.13

Câmara do Porto transferiu 1,6 milhões para a Domus Social para esta fazer “reabilitação”

in iOnline

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, afirmou segunda-feira à noite que a autarquia transferiu 1,6 milhões de euros para a empresa municipal Domus Social para esta poder fazer "reabilitação" de habitação camarária.

O autarca respondeu assim ao deputado municipal do Bloco de Esquerda (BE) José Castro, que quis saber por que motivo a Câmara transferiu aquela verba se o executivo municipal realça que a empresa "é autossuficiente".

Rio disse que as rendas que os inquilinos camarários pagam à Domus Social chegam para salários e "manutenção", mas não para fazer obras de reabilitação que custam "milhões de euros.

A reabilitação "jamais" podia ser custeada através das rendas, a menos que estas fossem muitos superiores, salientou.

José Castro colocou a questão durante a Assembleia Municipal, que discutiu e aprovou alterações aos contratos-programa da Câmara com três empresas municipais: Domus Social, Porto Lazer e GOP.

Tais alterações resultam da lei n.º 50/2012, de 31 de agosto, que aprova o regime jurídico da atividade empresarial local, e para Rui Rio são do "puro domínio da burocracia".

"Pelos vistos é uma lei mazinha, mas foi proposta pela coligação PSD-CDS", comentou José Castro.

A Assembleia aprovou também, e por unanimidade, uma "alteração ao mapa de pessoal" relacionada com a absorção de trabalhadores oriundos do Teatro do Campo Alegre, equipamento que passou a estar sob a alçada direta da Câmara porque a Fundação Ciência e Desenvolvimento foi extinta devido a imposição governamental.

O Bloco de Esquerda procurou saber a situação dos antigos trabalhadores daquele teatro e a vereadora Matilde Alves disse apenas que "alguns" mudaram-se para a câmara e outros para "outros sítios".

"Doze preferiram sair" da esfera municipal, segundo a vereadora Guilherma Rego. O BE estranhou que tal tenha acontecido.

Os deputados municipais aprovaram igualmente as propostas de cedência de dois terrenos, em direito de superfície, à Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral-Norte.

Pacíficos foram, ainda, os votos de pesar pelas mortes recentes do professor e ensaísta Óscar Lopes e do antigo vereador da Câmara e deputado da Assembleia Municipal do Porto Manuel Andrade.