in RR
Portugal tem 21 casos confirmados da doença, mas há mais em avaliação. Autoridades insistem: “As pessoas têm todas que ser vacinadas". Contágio “é facílimo”.
O presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar diz-se chocado com a recusa de alguns pais em vacinar os filhos, pondo em causa toda a comunidade.
“É preocupante e não posso admitir que possa haver opção de não vacinar em relação ao sarampo”, afirma Rui Nogueira na Renascença.
“Não só põe em causa a vida das crianças – e estamos a falar em crianças que ficam indefesas por uma doença muito grave – mas também a comunidade. Esta doença facilmente se transmite à comunidade e, portanto, é uma irresponsabilidade muito grande não vacinar as crianças”, realça
Portugal vive uma epidemia de sarampo, doença que já estava erradicada no país e que agora afecta mais de duas dezenas de pessoas. Há mais cinco casos em investigação.
“A vacinação para estas doenças deve ser obrigatória. Choca-nos quando se ouve dizer que há pais que não querem vacinar os filhos. A dúvida põe-se em relação a outras, mas em relação ao sarampo é inequívoca a nossa aprendizagem sobre a doença e sobre a vacinação, ao longo dos últimos anos”, frisa Rui Nogueira.
Já na segunda-feira, o director-geral da Saúde, Francisco George, tinha sido peremptório sobre o assunto: “As pessoas têm todas que ser vacinadas. Não há liberdade individual que possa justificar a ausência de vacina das crianças”.
Na opinião do pediatra Mário Cordeiro, os pais que optam por não vacinar os filhos deveriam ser responsabilizados. O médico considera mesmo que tal decisão se deve a uma “memória demasiado curta e arrogância demasiado grande”.
Como agir em caso de suspeita?
Se pensa que poderá ter sarampo, a opção mais segura é ligar para a Linha Saúde 24, diz o presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar.
Face à facilidade com que se propaga a doença e as urgências hospitalares estarem, por norma, cheias de gente será “mais prudente, em caso de dúvida, contactar os serviços para serem encaminhados e quando chegassem nós termos as devidas precauções, enquanto não esclarecêssemos a dúvida”.
Rui Nogueira avisa ainda que a fase de contágio começa antes da erupção cutânea (as conhecidas pintinhas vermelhas no corpo). E “é facílimo: através do contacto directo, próximo, por via aérea”.
“É o contacto social que transmite a doença”. A doença “tem uma erupção cutânea muito típica, facilmente reconhecível, e depois tem o rebate geral de febre e mal-estar. A erupção cutânea é, de facto, o sinal de alarme”, refere ainda o médico de medicina interna.
O surto de sarampo que chegou a Portugal veio abrir a discussão sobre a legitimidade dos pais para se oporem à vacinação dos filhos. Vários especialistas têm defendido penalizações para quem o faça.
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19.4.17
Mais de 95 mil crianças e jovens não estarão vacinados contra o sarampo
Joana Gorjão Henriques, in Público on-line
Pais que se esqueceram de vacinar filhos, pessoas em situação económica vulnerável ou imigrantes em situação irregular preocupam especialistas. Há 21 casos confirmados.
Pais que perderam a percepção do risco e se esqueceram de vacinar os filhos. Pais que têm difícil acesso à saúde por razões económicas ou estão em situação irregular em Portugal. Estrangeiros e portugueses que são contra as vacinas. Embora não se saiba o número exacto, cerca de 5% das crianças e jovens até aos 18 anos não estão vacinados contra o sarampo, estima a Direcção-Geral de Saúde (DGS).
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Tendo em conta que, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), residiam em Portugal, em 2015, cerca de 1 milhão e 900 mil crianças e jovens até aos 18 anos, cerca de 95.600 indivíduos nessa faixa etária (os tais 5%) não estarão vacinados.
Ana Jorge: poderá ser necessário antecipar vacinação de bebés
Este é o perfil de quem compõe as “bolsas de não-vacinados” que estão a preocupar os especialistas, numa altura em que os casos de sarampo confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge já chegam aos 21, informou a DGS em comunicado esta segunda-feira à noite, e um ano depois de a doença ter sido declarada eliminada em Portugal. Vários outros doentes estão em investigação.
Ao final do dia desta segunda-feira, o director-geral da Saúde, Francisco George, questionou os “direitos e deveres” dos pais que não fazem vacinação dos filhos pois “essa decisão não põe em risco apenas as próprias crianças”, tem “um reflexo na comunidade”. Também disse que estava a ser estudada a hipótese de baixar a idade da primeira vacina para antes dos 12 meses.
Actualmente, a vacina do sarampo é administrada em duas doses: uma aos 12 meses e uma segunda aos cinco anos. O grupo mais vulnerável é o das crianças entre os 6 e os 12 meses, “pois já não têm os anticorpos maternos e ainda não fizeram a primeira dose”, afirmou ao PÚBLICO Maria do Ceú Machado, que foi Alta Comissária da Saúde e directora do departamento de Pediatria do Hospital Amadora-Sintra e foi nomeada no mês passado para a presidência do Infarmed.
95% vacinados
Vacinas devem ser obrigatórias?
Teresa Fernandes, da equipa de coordenação do Programa Nacional de Vacinação (PNV) da DGS, referiu ao PÚBLICO que a percentagem de 95% de pessoas vacinadas corresponde a uma média nacional, mas sublinhou que há pequenas comunidades, a nível local, com taxas mais altas de não-vacinados onde o risco aumenta.
Estas comunidades estão em bairros ou são famílias, são “pequenas populações”, afirmou. A DGS sabe onde estão as crianças que não cumpriram o PNV, mas ao PÚBLICO a especialista preferiu não especificar a sua dispersão geográfica para não lançar o pânico. “A nível local e regional estão a ser desenvolvidas acções” de sensibilização para conseguir a sua vacinação, acrescentou.
As “bolsas de não-vacinação” preocupam os especialistas, já que, como explicou Ricardo Mexia, da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, a existência de um grupo que não esteja vacinado aumenta a probabilidade de contágio e de propagação da doença.
Em 2001, a taxa de vacinação era de 98% e em 2007 tinha baixado para 95%, lembra Ricardo Mexia. A vacina do sarampo tem "imunidade de grupo", ou seja, têm de estar mais de 95% das crianças vacinadas para a população estar protegida, explica, por seu lado, Maria do Céu Machado, actualmente directora do departamento de Pediatria do Hospital Santa Maria.
DGS pondera antecipar vacina do sarampo para antes dos 12 meses
Teresa Fernandes revelou ainda que as taxas mais baixas da cobertura da vacina foram detectadas sobretudo em crianças que tinham sete anos em 2016 e que não receberam a segunda dose.
Para esta especialista, apesar de, a nível europeu e mundial, existirem pais que não vacinam os filhos por serem contra, em Portugal esse fenómeno ainda não gera preocupação. Também Luís Varandas, da Comissão de Vacinas da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria, não o considera problemático. “Podemos especular sobre as razões do reaparecimento [do sarampo] mas uma delas prende-se com a própria doença que é altamente contagiosa e não precisamos de muitos casos para se propagar”, comenta. “O outro aspecto são as bolsas de não-vacinação em termos europeus, porque há muito sarampo na Europa. E outro é a mobilidade: alguém que está em período de incubação e se desloque, facilmente transmite a doença. Se todos os anos temos 1% da população que não está vacinada, ao fim de cinco anos temos uma pool de pessoas não imune relativamente alto.”
“Clusters de estrangeiros"
Já Maria do Ceú Machado diz que há “clusters de estrangeiros (sobretudo belgas e alemães) e alguns portugueses que se dizem esclarecidos”, nomeadamente um grupo nos arredores de Lisboa, que opta pela não-vacinação.
Surtos de sarampo registados em 14 países europeus
Segundo o Centro Europeu de Controlo de Doenças, o sarampo cresceu na Europa e quase todos as situações terão ligação ao surto que começou na Roménia em Fevereiro de 2016, país que lidera o número de surtos com mais de quatro mil casos, diz a Lusa. A agência refere que nos primeiros quatro meses do ano houve mais casos de sarampo em Portugal do que na última década.
As razões do reaparecimento do sarampo em Portugal ainda estão a ser analisadas. Francisco George lembrou que é necessária uma pesquisa grande já que o período em que pode haver contágio antes de aparecerem as erupções na pele é de até quatro dias e a incubação pode chegar às três semanas.
Só a partir de 1990 é que a vacina do sarampo foi generalizada em Portugal – por isso quem nasceu entre 1974 e 1990, em princípio, só recebeu uma dose. Até 1974, quando foi introduzida a vacina do sarampo no PNV, a maioria dos adultos contraía sarampo, pelo que nessa faixa etária há mais pessoas imunes. Neste momento, as recomendações são uma dose para os adultos. Em caso de dúvida sobre se se está ou não vacinado, deve-se vacinar, aconselha Teresa Fernandes.
Grupos vulneráveis
Adolescente com sarampo piorou e foi transferida para Lisboa
Além das pessoas que não estão vacinadas e das crianças até aos 12 meses, os profissionais de saúde e pessoas que não tiveram segunda dose estão entre os grupos vulneráveis, afirma Luís Varandas. “E quanto maior o tempo de contacto, maior a probabilidade de contrair a doença.”
A equipa do PNV está a chamar as crianças que não estão vacinadas. A vacinação não é 100% eficaz, mas a probabilidade de alguém vacinado apanhar sarampo baixa significativamente – além de se tornarem menos graves os sintomas, como febre, erupções cutâneas, tosse ou conjuntivite. O sarampo é uma das principais causas de morte de crianças no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). As encefalites, pneumonia e otites que degeneram em surdez são algumas das consequências mais perigosas.
A Teresa Fernandes, da DGS, rejeita a ideia de epidemia. Como a doença foi declarada eliminada pela OMS, “há um número de casos acima do esperado”. Também Luís Varandas não acredita num surto, mas diz que " vai haver mais casos”.
Pais que se esqueceram de vacinar filhos, pessoas em situação económica vulnerável ou imigrantes em situação irregular preocupam especialistas. Há 21 casos confirmados.
Pais que perderam a percepção do risco e se esqueceram de vacinar os filhos. Pais que têm difícil acesso à saúde por razões económicas ou estão em situação irregular em Portugal. Estrangeiros e portugueses que são contra as vacinas. Embora não se saiba o número exacto, cerca de 5% das crianças e jovens até aos 18 anos não estão vacinados contra o sarampo, estima a Direcção-Geral de Saúde (DGS).
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Tendo em conta que, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), residiam em Portugal, em 2015, cerca de 1 milhão e 900 mil crianças e jovens até aos 18 anos, cerca de 95.600 indivíduos nessa faixa etária (os tais 5%) não estarão vacinados.
Ana Jorge: poderá ser necessário antecipar vacinação de bebés
Este é o perfil de quem compõe as “bolsas de não-vacinados” que estão a preocupar os especialistas, numa altura em que os casos de sarampo confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge já chegam aos 21, informou a DGS em comunicado esta segunda-feira à noite, e um ano depois de a doença ter sido declarada eliminada em Portugal. Vários outros doentes estão em investigação.
Ao final do dia desta segunda-feira, o director-geral da Saúde, Francisco George, questionou os “direitos e deveres” dos pais que não fazem vacinação dos filhos pois “essa decisão não põe em risco apenas as próprias crianças”, tem “um reflexo na comunidade”. Também disse que estava a ser estudada a hipótese de baixar a idade da primeira vacina para antes dos 12 meses.
Actualmente, a vacina do sarampo é administrada em duas doses: uma aos 12 meses e uma segunda aos cinco anos. O grupo mais vulnerável é o das crianças entre os 6 e os 12 meses, “pois já não têm os anticorpos maternos e ainda não fizeram a primeira dose”, afirmou ao PÚBLICO Maria do Ceú Machado, que foi Alta Comissária da Saúde e directora do departamento de Pediatria do Hospital Amadora-Sintra e foi nomeada no mês passado para a presidência do Infarmed.
95% vacinados
Vacinas devem ser obrigatórias?
Teresa Fernandes, da equipa de coordenação do Programa Nacional de Vacinação (PNV) da DGS, referiu ao PÚBLICO que a percentagem de 95% de pessoas vacinadas corresponde a uma média nacional, mas sublinhou que há pequenas comunidades, a nível local, com taxas mais altas de não-vacinados onde o risco aumenta.
Estas comunidades estão em bairros ou são famílias, são “pequenas populações”, afirmou. A DGS sabe onde estão as crianças que não cumpriram o PNV, mas ao PÚBLICO a especialista preferiu não especificar a sua dispersão geográfica para não lançar o pânico. “A nível local e regional estão a ser desenvolvidas acções” de sensibilização para conseguir a sua vacinação, acrescentou.
As “bolsas de não-vacinação” preocupam os especialistas, já que, como explicou Ricardo Mexia, da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, a existência de um grupo que não esteja vacinado aumenta a probabilidade de contágio e de propagação da doença.
Em 2001, a taxa de vacinação era de 98% e em 2007 tinha baixado para 95%, lembra Ricardo Mexia. A vacina do sarampo tem "imunidade de grupo", ou seja, têm de estar mais de 95% das crianças vacinadas para a população estar protegida, explica, por seu lado, Maria do Céu Machado, actualmente directora do departamento de Pediatria do Hospital Santa Maria.
DGS pondera antecipar vacina do sarampo para antes dos 12 meses
Teresa Fernandes revelou ainda que as taxas mais baixas da cobertura da vacina foram detectadas sobretudo em crianças que tinham sete anos em 2016 e que não receberam a segunda dose.
Para esta especialista, apesar de, a nível europeu e mundial, existirem pais que não vacinam os filhos por serem contra, em Portugal esse fenómeno ainda não gera preocupação. Também Luís Varandas, da Comissão de Vacinas da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria, não o considera problemático. “Podemos especular sobre as razões do reaparecimento [do sarampo] mas uma delas prende-se com a própria doença que é altamente contagiosa e não precisamos de muitos casos para se propagar”, comenta. “O outro aspecto são as bolsas de não-vacinação em termos europeus, porque há muito sarampo na Europa. E outro é a mobilidade: alguém que está em período de incubação e se desloque, facilmente transmite a doença. Se todos os anos temos 1% da população que não está vacinada, ao fim de cinco anos temos uma pool de pessoas não imune relativamente alto.”
“Clusters de estrangeiros"
Já Maria do Ceú Machado diz que há “clusters de estrangeiros (sobretudo belgas e alemães) e alguns portugueses que se dizem esclarecidos”, nomeadamente um grupo nos arredores de Lisboa, que opta pela não-vacinação.
Surtos de sarampo registados em 14 países europeus
Segundo o Centro Europeu de Controlo de Doenças, o sarampo cresceu na Europa e quase todos as situações terão ligação ao surto que começou na Roménia em Fevereiro de 2016, país que lidera o número de surtos com mais de quatro mil casos, diz a Lusa. A agência refere que nos primeiros quatro meses do ano houve mais casos de sarampo em Portugal do que na última década.
As razões do reaparecimento do sarampo em Portugal ainda estão a ser analisadas. Francisco George lembrou que é necessária uma pesquisa grande já que o período em que pode haver contágio antes de aparecerem as erupções na pele é de até quatro dias e a incubação pode chegar às três semanas.
Só a partir de 1990 é que a vacina do sarampo foi generalizada em Portugal – por isso quem nasceu entre 1974 e 1990, em princípio, só recebeu uma dose. Até 1974, quando foi introduzida a vacina do sarampo no PNV, a maioria dos adultos contraía sarampo, pelo que nessa faixa etária há mais pessoas imunes. Neste momento, as recomendações são uma dose para os adultos. Em caso de dúvida sobre se se está ou não vacinado, deve-se vacinar, aconselha Teresa Fernandes.
Grupos vulneráveis
Adolescente com sarampo piorou e foi transferida para Lisboa
Além das pessoas que não estão vacinadas e das crianças até aos 12 meses, os profissionais de saúde e pessoas que não tiveram segunda dose estão entre os grupos vulneráveis, afirma Luís Varandas. “E quanto maior o tempo de contacto, maior a probabilidade de contrair a doença.”
A equipa do PNV está a chamar as crianças que não estão vacinadas. A vacinação não é 100% eficaz, mas a probabilidade de alguém vacinado apanhar sarampo baixa significativamente – além de se tornarem menos graves os sintomas, como febre, erupções cutâneas, tosse ou conjuntivite. O sarampo é uma das principais causas de morte de crianças no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). As encefalites, pneumonia e otites que degeneram em surdez são algumas das consequências mais perigosas.
A Teresa Fernandes, da DGS, rejeita a ideia de epidemia. Como a doença foi declarada eliminada pela OMS, “há um número de casos acima do esperado”. Também Luís Varandas não acredita num surto, mas diz que " vai haver mais casos”.
11.2.16
Há cerca de 80 mil crianças por tomar a vacina contra a tuberculose
Arlinda Brandão, in "Antena 1"
A vacina contra a tuberculose esteve esgotada, volta a ser distribuída, mas não é para todos. Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS) apenas quinze mil crianças vão receber a vacina contra a BCG, devido a estarem já referenciadas como potencial grupo de risco.
Os centros de saúde e médicos vão identificar e selecionar, nos próximos dias, as crianças de risco a serem vacinadas contra a tuberculose.
Crianças que estão mais expostas como por exemplo, filhos de imigrantes, infetados com VIH ou casos de alcoolismo.
Casos de risco extremo mas a comissão técnica da DGS prepara-se mesmo para propor ao ministro da saúde que a vacina da BCG passe apenas a ser administrada a crianças de risco.
Dentro do grupo que não vai receber a vacina estão cerca de 65 mil crianças que a DGS diz que “a probabilidade de contraírem tuberculose é mínimo.”
A vacina contra a tuberculose esteve esgotada, volta a ser distribuída, mas não é para todos. Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS) apenas quinze mil crianças vão receber a vacina contra a BCG, devido a estarem já referenciadas como potencial grupo de risco.
Os centros de saúde e médicos vão identificar e selecionar, nos próximos dias, as crianças de risco a serem vacinadas contra a tuberculose.
Crianças que estão mais expostas como por exemplo, filhos de imigrantes, infetados com VIH ou casos de alcoolismo.
Casos de risco extremo mas a comissão técnica da DGS prepara-se mesmo para propor ao ministro da saúde que a vacina da BCG passe apenas a ser administrada a crianças de risco.
Dentro do grupo que não vai receber a vacina estão cerca de 65 mil crianças que a DGS diz que “a probabilidade de contraírem tuberculose é mínimo.”
20.1.15
Vacinar uma criança num país pobre é hoje 68 vezes mais caro do que em 2001
por B.C., in Diário de Notícias
Médicos Sem Fronteiras denunciam subidas astronómicas nos preços e denunciam lucro das farmacêuticas. Pacote de seis vacinas custava 0,57 cêntimos em 2001; em 2014, inclui doze mas custa quase 40 euros.
A denúncia é da organização não governamental Médicos Sem Fronteiras: vacinar uma criança num país pobre, em 2014, fica 68 vezes mais caro do que em 2001.
Há 14 anos, um pacote completo de vacinação garantia a imunização contra seis doenças e custava 0,57 cêntimos. Já em 2014, o mesmo pacote garante imunização contra 12 doenças mas custa 39,25 euros. E, segundo a assessora da política de vacinas da Médicos Sem Fronteiras (MSF), Kate Elder, a subida dos preços deve-se, sem margem para dúvidas, à "avareza das grandes farmacêuticas".
Segundo a BBC, o relatório da MSF refere que os preços são agora "proibitivos" e colocam em causa a sustentabilidade dos programas de imunização. De acordo com o documento, o número de vacinas oferecidas no pacote duplicou mas o preço subiu muito mais do que seria previsível. As vacinas pneumocócica, contra o rotavírus e o HPV são controladas por três grandes empresas, a britânica GSK e as norte-americanas Merck e Pfizer que, segundo explicou Kate Elder ao El País, praticam preços astronómicos. "As grandes farmacêuticas justificam os preços altos com o seu investimento em investigação para desenvolver as vacinas, mas este dinheiro já o recuperaram com lucros", denuncia a especialista.
No relatório, a MSF estima que a GSK tenha investido entre 130 e 400 milhões de euros em tecnologia e investigação para criar a sua vacina contra o rotavírus, uma das principais causas da diarreia grave em bebés e crianças pequenas, conseguindo lucrar 2,600 milhões de euros entre 2010 e 2013. A outra vacina disponível contra este mesmo vírus, da Merck, requereu semelhante investimento da farmacêutica na investigação, mas já terá rendido 3,700 milhões de euros. Também as vacinas contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV) já terão rendido enormes lucros à Merck e à GSK, que serão entre 12 a 16 vezes superiores aos custos de produção.
As críticas à Pfizer e à Merck agudizam-se no que diz respeito à vacina pneumocócica, que torna as crianças imunes à pneumonia bacteriana, doença que mata mais de 800 mil crianças por ano, segundo as estimativas mais recentes da Organização Mundial de Saúde. O preço da vacina representa um terço do total do pacote de vacinação de uma criança e, segundo a MSF, a Pfizer gerou um volume de vendas de 13,700 milhões de euros entre 2010 e 2013 graças à imunização contra a doença. A MSF critica duramente o "secretismo" da indústria farmacêutica que acusa de "ocultar deliberadamente os preços" que coloca às vacinas em cada país, de forma a sonegar informação aos governos e organizações que fazem donativos para pagar as campanhas de vacinação, obrigando-os a pagar preços mais altos nas negociações com as farmacêuticas. Este secretismo leva a "situações irracionais": Marrocos, por exemplo, paga mais pela vacina pneumocócica (55 euros) do que a França (que paga apenas 50).
No seguimento dos elevados preços praticados, a ONG avisa que, nos dias que correm, muitos países se veem na iminência de ter de escolher "a doença pela qual irão morrer as suas crianças", uma vez que não conseguem financiar todas as vacinas.
A Alianza Gavi, que agrega governos, fabricantes de vacinas, ONG e a Fundação Gates, tem levado campanhas de vacinação a todo o mundo e conseguiu tornar mais baratas as vacinas para os países mais pobres, mas cerca de um quarto dos países em desenvolvimento perderão o apoio da Aliança no próximo ano e, sem este auxílio, nações como Angola e Indonésia pagarão mais 1500% por novas vacinas. As próprias organizações humanitárias, aponta a responsável da MSF, que prestam serviços gratuitos, terão dificuldades em continuar no terreno, uma vez que não têm garantias de ter acesso às vacinas ao menor preço.
Uma das maiores reivindicações da MSF, neste relatório, dirige-se à GSK e à Pfizer, pedindo-lhes que reduzam o preço da vacina pneumocócica a 4,35 euros por criança nos países em desenvolvimento. A organização reclama igualmente maiores facilidades à entrada no mercado internacional de novos fabricantes de vacinas - e mais baratos -, apontando diretamente à China.
Médicos Sem Fronteiras denunciam subidas astronómicas nos preços e denunciam lucro das farmacêuticas. Pacote de seis vacinas custava 0,57 cêntimos em 2001; em 2014, inclui doze mas custa quase 40 euros.
A denúncia é da organização não governamental Médicos Sem Fronteiras: vacinar uma criança num país pobre, em 2014, fica 68 vezes mais caro do que em 2001.
Há 14 anos, um pacote completo de vacinação garantia a imunização contra seis doenças e custava 0,57 cêntimos. Já em 2014, o mesmo pacote garante imunização contra 12 doenças mas custa 39,25 euros. E, segundo a assessora da política de vacinas da Médicos Sem Fronteiras (MSF), Kate Elder, a subida dos preços deve-se, sem margem para dúvidas, à "avareza das grandes farmacêuticas".
Segundo a BBC, o relatório da MSF refere que os preços são agora "proibitivos" e colocam em causa a sustentabilidade dos programas de imunização. De acordo com o documento, o número de vacinas oferecidas no pacote duplicou mas o preço subiu muito mais do que seria previsível. As vacinas pneumocócica, contra o rotavírus e o HPV são controladas por três grandes empresas, a britânica GSK e as norte-americanas Merck e Pfizer que, segundo explicou Kate Elder ao El País, praticam preços astronómicos. "As grandes farmacêuticas justificam os preços altos com o seu investimento em investigação para desenvolver as vacinas, mas este dinheiro já o recuperaram com lucros", denuncia a especialista.
No relatório, a MSF estima que a GSK tenha investido entre 130 e 400 milhões de euros em tecnologia e investigação para criar a sua vacina contra o rotavírus, uma das principais causas da diarreia grave em bebés e crianças pequenas, conseguindo lucrar 2,600 milhões de euros entre 2010 e 2013. A outra vacina disponível contra este mesmo vírus, da Merck, requereu semelhante investimento da farmacêutica na investigação, mas já terá rendido 3,700 milhões de euros. Também as vacinas contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV) já terão rendido enormes lucros à Merck e à GSK, que serão entre 12 a 16 vezes superiores aos custos de produção.
As críticas à Pfizer e à Merck agudizam-se no que diz respeito à vacina pneumocócica, que torna as crianças imunes à pneumonia bacteriana, doença que mata mais de 800 mil crianças por ano, segundo as estimativas mais recentes da Organização Mundial de Saúde. O preço da vacina representa um terço do total do pacote de vacinação de uma criança e, segundo a MSF, a Pfizer gerou um volume de vendas de 13,700 milhões de euros entre 2010 e 2013 graças à imunização contra a doença. A MSF critica duramente o "secretismo" da indústria farmacêutica que acusa de "ocultar deliberadamente os preços" que coloca às vacinas em cada país, de forma a sonegar informação aos governos e organizações que fazem donativos para pagar as campanhas de vacinação, obrigando-os a pagar preços mais altos nas negociações com as farmacêuticas. Este secretismo leva a "situações irracionais": Marrocos, por exemplo, paga mais pela vacina pneumocócica (55 euros) do que a França (que paga apenas 50).
No seguimento dos elevados preços praticados, a ONG avisa que, nos dias que correm, muitos países se veem na iminência de ter de escolher "a doença pela qual irão morrer as suas crianças", uma vez que não conseguem financiar todas as vacinas.
A Alianza Gavi, que agrega governos, fabricantes de vacinas, ONG e a Fundação Gates, tem levado campanhas de vacinação a todo o mundo e conseguiu tornar mais baratas as vacinas para os países mais pobres, mas cerca de um quarto dos países em desenvolvimento perderão o apoio da Aliança no próximo ano e, sem este auxílio, nações como Angola e Indonésia pagarão mais 1500% por novas vacinas. As próprias organizações humanitárias, aponta a responsável da MSF, que prestam serviços gratuitos, terão dificuldades em continuar no terreno, uma vez que não têm garantias de ter acesso às vacinas ao menor preço.
Uma das maiores reivindicações da MSF, neste relatório, dirige-se à GSK e à Pfizer, pedindo-lhes que reduzam o preço da vacina pneumocócica a 4,35 euros por criança nos países em desenvolvimento. A organização reclama igualmente maiores facilidades à entrada no mercado internacional de novos fabricantes de vacinas - e mais baratos -, apontando diretamente à China.
12.2.13
Guerra à medicina ocidental leva à morte de 25 pessoas por vacinarem crianças
Romana Borja-Santos, in Público on-line
Vacinar está a custar a vida a vários profissionais de saúde.
O acto de vacinar crianças contra a poliomielite tem custado a vida a vários profissionais de saúde em países como a Nigéria, onde esses profissionais estão a ser vistos como estando ao serviço da medicina ocidental contra o islão. Desde Dezembro, já morreram 25 pessoas na Nigéria, Paquistão e Afeganistão, em atentados que tiveram na sua origem esse motivo.
A escalada da violência e de ataques em serviços de saúde levou mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) a suspender o programa de vacinação que tinha no Paquistão para erradicar a poliomielite. O Paquistão é, a par do Afeganistão e da Nigéria, um dos três únicos países do mundo onde esta doença altamente contagiosa ainda é endémica. No ano passado, na Nigéria, foram detectados 121 casos, 58 no Paquistão e 37 no Afeganistão. Isto apesar de a poliomielite poder ser completamente erradicada pela vacinação e de provocar paralisias muito graves em quem é infectado.
O problema é que os taliban acreditam que muitas das campanhas de vacinação em vigor no terreno não são mais do que estratégias ocidentais para obter informação interna dos países. Uma desconfiança que aumentou muito depois de a CIA ter utilizado uma campanha falsa contra a hepatite para conseguir no Paquistão pistas sobre o paradeiro de Bin Laden. Aliás, o médico paquistanês que esteve à frente da campanha, lembra o El País, foi condenado a 33 anos de prisão, por traição.
Desta vez, nove mulheres que estavam a vacinar crianças em Kano, no Norte da Nigéria, foram assassinadas a tiro na sexta-feira, em dois ataques idênticos. Homens armados em moto abriram fogo contra dois centros de saúde com um intervalo de meia hora, adiantou o El País. Um dia antes, um clérigo islâmico muito controverso na Nigéria tinha feito declarações públicas contra a vacinação, dizendo que as inoculações tornam as crianças inférteis e que os casos que têm surgido de poliomielite se devem a medicamentos contaminados fornecidos pelos responsáveis que lideram o programa no país.
Até agora, a autoria do atentado ainda não foi reivindicada, mas o dedo tem sido apontado aos islamistas radicais de Boko Haram, que têm condenado o plano da medicina ocidental e insistido para que as autoridades do país imponham a sharia, a lei islâmica, no país. Também o activista Shehu Sani, presidente do Congresso dos Direitos Civis da Nigéria, ao Guardian, salientou que o grupo “Boko Haram e os taliban no Paquistão e Afeganistão partilham uma ideologia comum e uma estratégia comum” perante o que consideram ser um perigo em comum.
Já no Paquistão, dois ataques diferentes, um em Dezembro e outro em Janeiro, mataram 16 pessoas, na maioria também mulheres, que estavam a trabalhar nas campanhas de vacinação.
A luta contra as campanhas não é, porém, inédita. Um grupo de radicais islâmicos fez há uns anos uma campanha que associava a imunização à esterilidade e ao VIH/sida, o que fez com que os casos ressurgissem na Nigéria por não-adesão à vacina. “Isto é claramente um obstáculo na erradicação da poliomielite na Nigéria, mas não implicará uma paragem”, disse à Reuters Oyewale Tomorio, membro da campanha de vacinação no país.
Em relação a Portugal, o país não regista casos de poliomielite aguda por vírus selvagem desde 1987, facto que se deve às elevadas coberturas vacinais mantidas há décadas. Ainda assim, para quem viaja, a Direcção-Geral da Saúde tem insistido na necessidade da vacinação contra a poliomielite quando os destinos procurados são áreas endémicas, de transmissão restabelecida ou com ocorrência registada de surtos. A doença foi considerada eliminada da região europeia em 2002, pela Organização Mundial de Saúde.
Vacinar está a custar a vida a vários profissionais de saúde.
O acto de vacinar crianças contra a poliomielite tem custado a vida a vários profissionais de saúde em países como a Nigéria, onde esses profissionais estão a ser vistos como estando ao serviço da medicina ocidental contra o islão. Desde Dezembro, já morreram 25 pessoas na Nigéria, Paquistão e Afeganistão, em atentados que tiveram na sua origem esse motivo.
A escalada da violência e de ataques em serviços de saúde levou mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) a suspender o programa de vacinação que tinha no Paquistão para erradicar a poliomielite. O Paquistão é, a par do Afeganistão e da Nigéria, um dos três únicos países do mundo onde esta doença altamente contagiosa ainda é endémica. No ano passado, na Nigéria, foram detectados 121 casos, 58 no Paquistão e 37 no Afeganistão. Isto apesar de a poliomielite poder ser completamente erradicada pela vacinação e de provocar paralisias muito graves em quem é infectado.
O problema é que os taliban acreditam que muitas das campanhas de vacinação em vigor no terreno não são mais do que estratégias ocidentais para obter informação interna dos países. Uma desconfiança que aumentou muito depois de a CIA ter utilizado uma campanha falsa contra a hepatite para conseguir no Paquistão pistas sobre o paradeiro de Bin Laden. Aliás, o médico paquistanês que esteve à frente da campanha, lembra o El País, foi condenado a 33 anos de prisão, por traição.
Desta vez, nove mulheres que estavam a vacinar crianças em Kano, no Norte da Nigéria, foram assassinadas a tiro na sexta-feira, em dois ataques idênticos. Homens armados em moto abriram fogo contra dois centros de saúde com um intervalo de meia hora, adiantou o El País. Um dia antes, um clérigo islâmico muito controverso na Nigéria tinha feito declarações públicas contra a vacinação, dizendo que as inoculações tornam as crianças inférteis e que os casos que têm surgido de poliomielite se devem a medicamentos contaminados fornecidos pelos responsáveis que lideram o programa no país.
Até agora, a autoria do atentado ainda não foi reivindicada, mas o dedo tem sido apontado aos islamistas radicais de Boko Haram, que têm condenado o plano da medicina ocidental e insistido para que as autoridades do país imponham a sharia, a lei islâmica, no país. Também o activista Shehu Sani, presidente do Congresso dos Direitos Civis da Nigéria, ao Guardian, salientou que o grupo “Boko Haram e os taliban no Paquistão e Afeganistão partilham uma ideologia comum e uma estratégia comum” perante o que consideram ser um perigo em comum.
Já no Paquistão, dois ataques diferentes, um em Dezembro e outro em Janeiro, mataram 16 pessoas, na maioria também mulheres, que estavam a trabalhar nas campanhas de vacinação.
A luta contra as campanhas não é, porém, inédita. Um grupo de radicais islâmicos fez há uns anos uma campanha que associava a imunização à esterilidade e ao VIH/sida, o que fez com que os casos ressurgissem na Nigéria por não-adesão à vacina. “Isto é claramente um obstáculo na erradicação da poliomielite na Nigéria, mas não implicará uma paragem”, disse à Reuters Oyewale Tomorio, membro da campanha de vacinação no país.
Em relação a Portugal, o país não regista casos de poliomielite aguda por vírus selvagem desde 1987, facto que se deve às elevadas coberturas vacinais mantidas há décadas. Ainda assim, para quem viaja, a Direcção-Geral da Saúde tem insistido na necessidade da vacinação contra a poliomielite quando os destinos procurados são áreas endémicas, de transmissão restabelecida ou com ocorrência registada de surtos. A doença foi considerada eliminada da região europeia em 2002, pela Organização Mundial de Saúde.
8.1.13
Menos crianças com meningite, mas pais com dificuldade em comprar vacina
Romana Borja-Santos, in Púbico on-line
Novos casos de doença invasiva pneumocócica caíram 40% desde 2008, o que se traduziu em menos situações de meningite.
O número de novos casos em Portugal de doença invasiva pneumocócica, que pode evoluir para meningite, tem caído nos últimos anos. Entre 2010 e 2012 registaram-se 165 casos, quando de 2008 a 2010 tinham sido 289 – o que representa uma quebra superior a 40%. Mas a crise financeira e económica está a fazer com que cada vez menos pais consigam comprar a vacina contra esta doença, pelo que os especialistas defendem a sua inclusão no Plano Nacional de Vacinação.
Os dados fazem parte do último relatório do Grupo de Estudo da Doença Pneumocócica da Sociedade de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria, que adianta que 80 dos casos foram registados em 2010/2011 e que 85 foram em 2011/2012. Ao todo, 18,1% das infecções evoluíram para meningites (no relatório anterior eram cerca de 14% mas o número absoluto continua a representar um balanço positivo). Há ainda 7,8% de casos que evoluíram para sepsis (infecção generalizada no organismo) e 49% para pneumonias. Quatro dos casos foram fatais e várias são as sequelas que a doença pode deixar, nomeadamente atrasos no desenvolvimento. A doença é mais comum em crianças com menos de dois anos e dá sintomas como cansaço, dores de cabeça e musculares, febre, dores de ouvidos e náuseas – mas que são sinais comuns a muitas outras patologias.
Para a infecciologista pediátrica Maria João Brito, o país “tem tido uma evolução bastante positiva” devido à vacinação que existe desde 2001 e que tem vindo a ter mais valências, isto é, a ser capaz de combater mais serotipos da doença. Contudo, a médica do Hospital Dona Estefânia, e também membro da direcção da Sociedade Portuguesa de Pediatria, diz ao PÚBLICO que “pela primeira vez estamos a assistir a uma diminuição da cobertura da vacinação” porque a “vacina é escandalosamente cara”.
Mais de 280 euros
Para a criança ficar imunizada são necessárias quatro doses, a última das quais é dada até aos dois anos de idade. Ao todo o valor pode ultrapassar os 280 euros, já que a vacina não faz parte do Plano Nacional de Vacinação. Do plano faz parte uma vacina contra um outro tipo de meningite, conhecida como meningite C. “Temos a sorte de ter pais muito esforçados e médicos que ‘gostam de vacinas’ e que a recomendam. Mas com a crise torna-se muito difícil para as famílias terem mais esta despesa, quando quase todos os países da Europa têm a vacina no seu plano de vacinação, pois a saúde deveria ser um direito igual para todos”, defende Maria João Brito.
Os dados da taxa de cobertura da vacinação para 2012 ainda não estão totalmente apurados, mas a crise já teve efeitos em 2010 e em 2011. Um ano depois de a vacina ter chegado ao país conseguiu-se uma cobertura de 32% que alcançou os 79,1% em 2007. Em 2008 e 2009 a taxa desceu ligeiramente, caindo mais significativamente em 2010, para 65%, e em 2011, para 64,8%. Maria João Brito explica que as consequências de haver menos crianças a receber a vacina não se fazem sentir no imediato, pelo que importa “apertar a vigilância” desta doença de declaração não obrigatória. A especialista diz que mesmo as crianças não vacinadas beneficiam da chamada “imunidade de grupo”, isto é, do convívio com crianças que estão imunizadas.
O problema, acrescenta, é que não é preciso contacto com outras pessoas para ficar infectado: a doença é causada pelo Streptococcus pneumoniae ou pneumococo, que está presente na nasofaringe, e, por vezes, quando a criança está mais debilitada, a bactéria entra na corrente sanguínea. Metade dos casos surgem em crianças sem nenhum tipo de característica que as coloque num grupo de risco.
Debate no Parlamento
A inclusão desta vacina no Plano Nacional de Vacinação vai voltar ao Parlamento já na quarta-feira, pelas mãos do CDS-PP. Esta é, aliás, a terceira vez que o partido recomenda que a vacina pneumocócica faça parte do plano, conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde. Em Dezembro, quando o CDS anunciou a recomendação, a deputada Teresa Caeiro destacou as “vantagens sanitárias e humanas” da inclusão desta vacina no Plano Nacional de Vacinação, justificando que “há muitas famílias que não têm neste momento possibilidades económicas de a comprar”.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a doença pneumocócica causa todos os anos mais de três milhões de mortes em todo o mundo, sendo as principais vítimas crianças ou adultos a partir dos 50/60 anos com a função imunitária diminuída e com outras doenças associadas.
Novos casos de doença invasiva pneumocócica caíram 40% desde 2008, o que se traduziu em menos situações de meningite.
O número de novos casos em Portugal de doença invasiva pneumocócica, que pode evoluir para meningite, tem caído nos últimos anos. Entre 2010 e 2012 registaram-se 165 casos, quando de 2008 a 2010 tinham sido 289 – o que representa uma quebra superior a 40%. Mas a crise financeira e económica está a fazer com que cada vez menos pais consigam comprar a vacina contra esta doença, pelo que os especialistas defendem a sua inclusão no Plano Nacional de Vacinação.
Os dados fazem parte do último relatório do Grupo de Estudo da Doença Pneumocócica da Sociedade de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria, que adianta que 80 dos casos foram registados em 2010/2011 e que 85 foram em 2011/2012. Ao todo, 18,1% das infecções evoluíram para meningites (no relatório anterior eram cerca de 14% mas o número absoluto continua a representar um balanço positivo). Há ainda 7,8% de casos que evoluíram para sepsis (infecção generalizada no organismo) e 49% para pneumonias. Quatro dos casos foram fatais e várias são as sequelas que a doença pode deixar, nomeadamente atrasos no desenvolvimento. A doença é mais comum em crianças com menos de dois anos e dá sintomas como cansaço, dores de cabeça e musculares, febre, dores de ouvidos e náuseas – mas que são sinais comuns a muitas outras patologias.
Para a infecciologista pediátrica Maria João Brito, o país “tem tido uma evolução bastante positiva” devido à vacinação que existe desde 2001 e que tem vindo a ter mais valências, isto é, a ser capaz de combater mais serotipos da doença. Contudo, a médica do Hospital Dona Estefânia, e também membro da direcção da Sociedade Portuguesa de Pediatria, diz ao PÚBLICO que “pela primeira vez estamos a assistir a uma diminuição da cobertura da vacinação” porque a “vacina é escandalosamente cara”.
Mais de 280 euros
Para a criança ficar imunizada são necessárias quatro doses, a última das quais é dada até aos dois anos de idade. Ao todo o valor pode ultrapassar os 280 euros, já que a vacina não faz parte do Plano Nacional de Vacinação. Do plano faz parte uma vacina contra um outro tipo de meningite, conhecida como meningite C. “Temos a sorte de ter pais muito esforçados e médicos que ‘gostam de vacinas’ e que a recomendam. Mas com a crise torna-se muito difícil para as famílias terem mais esta despesa, quando quase todos os países da Europa têm a vacina no seu plano de vacinação, pois a saúde deveria ser um direito igual para todos”, defende Maria João Brito.
Os dados da taxa de cobertura da vacinação para 2012 ainda não estão totalmente apurados, mas a crise já teve efeitos em 2010 e em 2011. Um ano depois de a vacina ter chegado ao país conseguiu-se uma cobertura de 32% que alcançou os 79,1% em 2007. Em 2008 e 2009 a taxa desceu ligeiramente, caindo mais significativamente em 2010, para 65%, e em 2011, para 64,8%. Maria João Brito explica que as consequências de haver menos crianças a receber a vacina não se fazem sentir no imediato, pelo que importa “apertar a vigilância” desta doença de declaração não obrigatória. A especialista diz que mesmo as crianças não vacinadas beneficiam da chamada “imunidade de grupo”, isto é, do convívio com crianças que estão imunizadas.
O problema, acrescenta, é que não é preciso contacto com outras pessoas para ficar infectado: a doença é causada pelo Streptococcus pneumoniae ou pneumococo, que está presente na nasofaringe, e, por vezes, quando a criança está mais debilitada, a bactéria entra na corrente sanguínea. Metade dos casos surgem em crianças sem nenhum tipo de característica que as coloque num grupo de risco.
Debate no Parlamento
A inclusão desta vacina no Plano Nacional de Vacinação vai voltar ao Parlamento já na quarta-feira, pelas mãos do CDS-PP. Esta é, aliás, a terceira vez que o partido recomenda que a vacina pneumocócica faça parte do plano, conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde. Em Dezembro, quando o CDS anunciou a recomendação, a deputada Teresa Caeiro destacou as “vantagens sanitárias e humanas” da inclusão desta vacina no Plano Nacional de Vacinação, justificando que “há muitas famílias que não têm neste momento possibilidades económicas de a comprar”.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a doença pneumocócica causa todos os anos mais de três milhões de mortes em todo o mundo, sendo as principais vítimas crianças ou adultos a partir dos 50/60 anos com a função imunitária diminuída e com outras doenças associadas.
6.12.12
Pais não têm dinheiro para vacinar os filhos
Emília Monteiro, in Jornal de Notícias
As vacinas não comparticipadas pelo Estado estão a ser cada vez menos compradas pelos pais. Os pediatras alertam para o perigo de parar planos de vacinação já iniciados, mas as famílias estão sem dinheiro.
"Existe uma redução clara nas vacinas fora do Plano Nacional de Vacinação (PNV) que são dadas às crianças", disse, ao JN, José Gonçalves Oliveira, do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos (OM) e presidente da Associação de Pediatria do Minho. "Das vacinas, não comparticipadas pelo Ministério da Saúde, os pediatras recomendavam e recomendam a toma de, pelo menos, duas: as vacinas contra doenças pneumocócitas e a rotavírus", afirmou o pediatra. "Agora, nas consultas, os pais dizem que não têm dinheiro para pagar as vacinas e pedem-nos a nós, médicos, para 'escolher' a vacina mais importante", frisou Paula Fonseca, pediatra.
As vacinas não comparticipadas pelo Estado estão a ser cada vez menos compradas pelos pais. Os pediatras alertam para o perigo de parar planos de vacinação já iniciados, mas as famílias estão sem dinheiro.
"Existe uma redução clara nas vacinas fora do Plano Nacional de Vacinação (PNV) que são dadas às crianças", disse, ao JN, José Gonçalves Oliveira, do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos (OM) e presidente da Associação de Pediatria do Minho. "Das vacinas, não comparticipadas pelo Ministério da Saúde, os pediatras recomendavam e recomendam a toma de, pelo menos, duas: as vacinas contra doenças pneumocócitas e a rotavírus", afirmou o pediatra. "Agora, nas consultas, os pais dizem que não têm dinheiro para pagar as vacinas e pedem-nos a nós, médicos, para 'escolher' a vacina mais importante", frisou Paula Fonseca, pediatra.
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