18.2.10

Bispos denunciam pobreza e injustiças sociais

Octávio Carmo, in Agência Ecclesia

Diocese do Funchal recolhe donativos para Fundo Social. Presidente da CEP alerta para consequências da crise


A Diocese do Funchal vai promover uma recolha de donativos para o seu Fundo Social, criado em 2008, visando "uma ajuda mais eficaz às situações de pobreza real, muitas vezes envergonhada".

O anúncio foi feito esta Quarta-feira pelo Bispo local, D. António Carrilho, na homilia da missa de Cinzas, que decorreu na Catedral madeirense.

“Neste tempo difícil para tanta gente, destinamos a tradicional Renúncia da Quaresma deste ano para o Fundo Social Diocesano”, disse o prelado.

Este Fundo tem em vista “uma ajuda mais eficaz às situações de pobreza real, muitas vezes envergonhada, que algumas instituições da Igreja bem conhecem, por exercerem a sua actividade numa relação muito próxima e personalizada”.

As ofertas desta renúncia quaresmal serão recolhidas em todas as igrejas e capelas, conforme é costume, nos ofertórios das Missas de Sábado e Domingo de Ramos, 27 e 28 de Março. D. António Carrilho deixou um apelo ao compromisso em “favor de todas as vítimas de injustiças e discriminações”.

O Bispo do Funchal sublinha que “mediante as suas instituições e organismos de solidariedade social”, a Igreja Católica “tem vindo a promover a dignidade humana, a nível cultural e, de modo especial, em situações concretas de novas formas de pobreza e exclusão social, dispensando particular apoio às famílias atingidas pelo desemprego e a todos aqueles que sofrem a solidão, o abandono e a marginalização”.

“Uma caminhada quaresmal autêntica contempla a conversão do coração, mas também a abertura à fraternidade e solidariedade para com os irmãos, sobretudo, os mais carenciados”, disse aos presentes.

Durante a celebração, D. António Carrilho revelou ainda que “apesar da crise financeira que a todos afecta”, a Diocese recolheu mais de 72 mil Euros para apoiar as vítimas do sismo do Haiti.

Injustiças

Também esta Quarta-feira de Cinzas, o Arcebispo de Braga falou da “existência de múltiplas injustiças” na sociedade.

“A miséria está à nossa porta e as condições de vida de muitas pessoas são verdadeiramente injustas, pois não possuem o mínimo para experimentar a dignidade”, alertou.

Para D. Jorge Ortiga, “a sociedade hodierna não quer que a realidade seja conhecida. O cenário da actual crise multiplicou as situações, embora pareça que tudo continua bem”.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa defendeu que “o cristão não pode adormecer e iludir-se no seu egoísmo. Precisa de consciencializar-se e assumir um papel interventivo que modifique essas condições inumanas”, procurando “encontrar-se com as causas destas desigualdades”.

Segundo este responsável, “sobriedade e solidariedade para um mundo mais justo é o programa que Deus espera de nós”.

“Impera o egoísmo quando deveria acontecer uma permanente abertura para se identificar com os males que afligem os outros e comprometer-se na sua solução”, indicou.