22.2.10

Ferro Portugal deslocaliza produção e deixa 120 trabalhadores no desemprego

Por Jorge Talixa, in Jornal Público

A Ferro Portugal vai encerrar, nos próximos meses, três das unidades produtivas que possui em Castanheira do Ribatejo (concelho de Vila Franca de Xira), medida que deverá deixar cerca de 120 trabalhadores no desemprego. A decisão foi comunicada aos funcionários no final de Janeiro e enquadra-se num plano de reestruturação da norte-americana Ferro Corporation que prevê a concentração em dois ou três países, sobretudo em Espanha, das actividades produtivas que o grupo tem actualmente dispersas por oito países europeus.

Segundo responsáveis da companhia, nos próximos sete meses deverão fechar três das quatro unidades produtivas instaladas no complexo da Castanheira. A de plásticos deverá ser desactivada até final de Março e as de vidro e de óxido de chumbo até final de Setembro. Para já, as orientações do grupo apontam para a manutenção da unidade de óxido de zinco, que emprega 42 trabalhadores, mas o encerramento das restantes afectará cerca de 120 funcionários.

A decisão da Ferro Corporation foi justificada com razões de quebra de mercado e com a necessidade de reestruturar toda a actividade na Europa. A Ferro dispõe de unidades espalhadas por Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Bélgica, Alemanha, Itália e Holanda e pretende concentrá-las apenas em dois ou três países.

O Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas (Sinquifa) já reagiu, referindo que "está claramente contra o encerramento das fábricas e contra o despedimento dos trabalhadores" e "desafia o Governo a tomar medidas para impedir este escândalo e travar mais este despedimento".

A direcção do Sinquifa recorda que, em 2009, durante seis meses, a Ferro Portugal (antiga Metal Portuguesa) recorreu ao lay-off, suspendendo a laboração de 150 funcionários, e afirma que, na altura, a empresa não terá apresentado "a fundamentação exigida por lei" e não terá "provado que tal medida era imprescindível para assegurar a viabilização e manutenção dos postos de trabalho".

Diz ainda o sindicato que, na ocasião, contestou a decisão da empresa, alertou o Governo para a situação e requereu a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) "para averiguar da legalidade da medida".

Só que, segundo o Sinquifa, "o Governo nada fez" e também não são conhecidas intervenções da ACT. "Isto é um escândalo e mostra bem a gritante ineficácia da ACT na fiscalização de recursos abusivos das empresas ao lay-off e o desleixo ou incompetência deste Governo no combate às irregularidades, na promoção do aparelho produtivo e na defesa do emprego", conclui o sindicato.