5.7.07

A última oportunidade do Norte

Maria Cláudia Monteiro, in Jornal de Notícias

Turismo faz parte de uma das sete agendas temáticas definidas pela CCDR-N como fundamentais para recuperar economia do Norte


A economia da Região Norte deverá crescer 1% acima da média nacional, durante os próximos seis anos. Pelo menos, é essa a expectativa da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) face à estimativa de a região receber, no mínimo, 8,1 mil milhões de euros, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), e aos sinais de retoma esboçados em 2006. "O futuro da região depende em boa parte do que fizermos, bem ou mal, com os generosos apoios comunitários", disse Carlos Lage, presidente CCDR-N, ontem, em conferência de imprensa.

À luz da convicção da CCDR-N, o bem fazer passa por uma cuidada utilização das verbas a que o Norte pode candidatar-se, no âmbito dos Programas Operacionais Temáticos do QREN, garantidos que estão os cerca de 2711 mil milhões de euros do Programa Operacional Regional (ver infografia). "É preciso não esquecer as lições do período histórico mais recente do país e da região quando se adiam reformas e se atrasam mudanças necessárias, pagam-se os custos a dobrar".

Atrair verbas

Consciente da importância de garantir a maior fatia possível dos 21,5 mil milhões de euros de fundos do QREN destinados a Portugal, a CCDR-N definiu como prioritária a elaboração de sete agendas temáticas. Inovação, internacionalização, clusters regionais (nas áreas do mar, indústrias criativas, moda, saúde e turismo), empregabilidade, redes regionais de serviços de apoio à competitividade (nos sectores dos transportes, energia, região digital e acolhimento empresarial), sistema urbano e desenvolvimento rural sustentado são os sete grandes eixos com que a CCDR-N espera capitalizar o máximo de apoios possível.

A tarefa contará com a contribuição de um conjunto de peritos, entre os quais se destacam nomes como Virgílio Folhadela, António Babo e Oliveira Fernandes. "Destas sete agendas temáticas esperam-se obter não mais estudos, mas verdadeiros programas de acção em áreas seleccionadas, para um horizonte de curto-médio prazo", explicou Carlos Lage. "Este modelo organizativo permitirá, ainda, reforçar o conhecimento e o acompanhamento da CCDR-N e da Região no que respeita à aplicação do QREN, em especial no que respeita aos Programas Operacionais Temáticos (Factores de Competitividade, Potencial Humano, Valorização do Território), permitindo uma visão sobre o seu aproveitamento à escala regional", acrescentou, sublinhando estar consciente de que o Norte beneficiará de "verbas justas".

O diagnóstico, a caracterização e a consolidação dos projectos a desenvolver pelos peritos tem como prazo 2010, uma opção pelo trabalho curto-médio prazo e outra das lições tiradas do passado. No fundo, sintetizou Carlos Lage, o que se pretende é que estas agendas "organizem a procura da região em várias áreas que a comissão considera vitais para atingir os objectivos estratégicos definidos".

Recorde-se que, em Março do ano passado, e em jeito de balanço à aplicação dos 2,9 mil milhões de euros de fundos estruturais que a região do Norte beneficiou, entre 2000 e 2006, e que se traduziram em investimentos superiores a 4,9 mil milhões de euros, "o crescimento económico na região tenha sido zero ou menos que isso nos últimos anos", lamentou Carlos Lage. A estratégia ontem apresentada pela CCDR-N servirá para inverter a tendência.

Confiança no futuro

O Norte, além de ter piorado no posicionamento no ranking das regiões menos desenvolvidas da União Europeia a Quinze, entre 2002 e 2004, tem uma mão- -de-obra pouco qualificada, dependente de indústrias tradicionais e uma crescente taxa de desemprego. O quadro traçado, ontem, por Carlos Lage, não deita por terra a confiança que deposita no futuro. "Os dados disponíveis sugerem-nos que, em 2006, não apenas se terá reforçado a competitividade externa da região, como também a procura interna se terá animado", disse. O presidente da CCDR- -N destacou, a propósito, o crescimento de 0,4% no emprego e a estabilização da taxa de desemprego como sinais de que 2006 "terá já sido um ano de crescimento económico positivo na região".