2.7.07

ONU quer maior envolvimento dos Estados no combate à pobreza

in Jornal Público

As metas fixadas pela organização para reduzir a proporção das pessoas que vivem com menos de um dólar por dia estão longe de serem atingidas

As Nações Unidas instaram ontem os governos, agências e outras componentes da comunidade internacional a redobrarem os seus esforços para atingir os Objectivos do Milénio do Desenvolvimento (OMD), previstos para 2015. Meta maior: a redução da pobreza extrema que toca várias partes do mundo.

Num relatório publicado em Genebra, o G8, o grupo dos oito países mais ricos, é particularmente visado por não ter cumprido o objectivo de duplicar a ajuda a África até 1010, um compromisso que ele próprio adoptou na cimeira de Gleneagles, na Escócia, em 2005.

As oito metas dos OMD fixadas pela ONU em 2000 visam sobretudo reduzir a metade até 2015, isto em relação aos anos 90, a proporção daqueles que vivem com menos de um dólar por dia e os que sofrem de fome. Embora se tenham registado "progressos significativos" nas reduções da pobreza extrema, particularmente na África Subsariana, só uma região em oito deverá ver algum resultado.

"Os responsáveis políticos devem agir claramente de forma urgente e concertada, de outro modo milhões de pessoas jamais verão realizadas em vida as promessas elementares dos Objectivos do Milénio", afirma o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no prólogo do documento.

Na África Subsariana, a taxa de pobreza extrema recuou seis pontos percentuais nos últimos sete anos, passando de 46,8 para 41,1 por cento, graças ao crescimento económico da região.

A nível mundial, o número de pessoas tocadas pela pobreza extrema passou de 1,25 mil milhões em 1990 para 980 milhões em 2004.

Mas durante o mesmo período, na Ásia, região que inclui os países do Golfo, Síria, Iraque e Turquia, a taxa de pobreza mais do que dobrou entre 1990 e 2005.
Para Paolo Garonna, director da divisão de Estatística da Comissão Económica para a Europa, citado pela AFP, o relatório constitui "um quadro de indicadores de bordo que podem permitir aos responsáveis políticos saber onde estão".