in O Primeiro de Janeiro
Os governos de Portugal, Espanha e Itália assinaram ontem, em Alicante, uma declaração conjunta para unir e reafirmar os seus esforços na luta contra a pobreza, sendo o principal objectivo a erradicação da pobreza extrema no mundo.
Na véspera de se chegar a meio do prazo fixado para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs), o maior compromisso internacional de sempre na luta contra as desigualdades no mundo, os três governos comprometeram-se a trabalhar juntos para “aumentar a quantidade e melhorar a qualidade de ajuda ao desenvolvimento para poder cumprir os compromissos assumidos”. A declaração conjunta entre os três governos foi assinada pelo secretário de Estado da Cooperação, João Cravinho, e os seus homólogos Leire Pajin (Espanha) e Patrizia Sentinelli (Espanha), bem como pela a coordenadora executiva da Campanha do Milénio das Nações Unidas, Eveline Hefkens.
Os três países, conscientes de que “ainda há um longo caminho a percorrer”, reafirmaram o seu compromisso em cumprir os ODM, “particularmente o oitavo e último dos objectivos, que apela à criação de uma aliança global para o desenvolvimento”, lê-se no documento. Nesse sentido, Portugal, Espanha e Itália comprometeram-se a continuar a aumentar a percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) destinado à Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) “até chegar aos 0,7 por cento em 2015”, assim como a “redobrar os esforços para melhorar a qualidade desta ajuda”, segundo a declaração.
Na declaração, os três governos reconheceram ainda o papel chave desempenhado por entidades terceiras, como as autoridades municipais e sociedade civil na prossecução dos ODMs, designadamente através de actividades de sensibilização e consciencialização civil.
O mais recente relatório da ONU sobre este compromisso, divulgado no início do mês, revela que o mundo tem feito progressos significativos para reduzir até 2015 a pobreza extrema, mas continua aquém de atingir as oito metas definidas nos Objectivos do Milénio. Segundo o documento, a proporção de pessoas que vivem com o equivalente a um dólar por dia baixou de 32 por cento (1,25 mil milhões em 1990) para 19 por cento (980 milhões em 2004) e adianta que se esta tendência se mantiver “a meta de redução da pobreza será atingida pelo mundo no seu conjunto e pela maior parte das regiões”. O relatório revela que as reduções mais expressivas da pobreza extrema tiveram lugar no Sul, Sudeste e Leste da Ásia, mas na Ásia Ocidental a taxa de pobreza aumentou para mais do dobro no mesmo período. Já no que respeita à África sub-Sahariana, apesar dos avanços, o fosso da pobreza nessa região continua a ser o maior do mundo, salienta o documento.
Entretanto, a Praia de Carcavelos recebeu ontem a iniciativa «Mergulha contra a Pobreza», um mergulho colectivo solidário em apoio aos ODMs e a primeira iniciativa, comum aos três países, destinada a sensibilizar os cidadãos portugueses, espanhóis e italianos.