6.7.07

Vieira da Silva "Há mais vida para além da flexissegurança"

Isabel Forte, in Jornal de Notícias

Oconceito de flexissegurança levou até Guimarães mais de 20 mil trabalhadores, entre portugueses e espanhóis, que se manifestaram desde o centro da cidade até ao pavilhão multiusos onde, ontem, decorreu a reunião informal dos ministros do Emprego e Assuntos Sociais da União Europeia (UE).

Uma concentração de tal forma ruidosa que obrigou o ministro do Trabalho e Solidariedade Social, Vieira da Silva, que preside actualmente ao Conselho de Ministros do Emprego da UE, a pedir calma e a frisar que "na política social europeia há mais vida para além da flexissegurança". Designadamente, disse, há assuntos sociais relevantes para a Europa, como o envelhecimento activo, a combinação da flexissegurança com a reforma do modelo social e o combate à exclusão social. Temas, salientou, que exigem uma "coordenação das políticas europeias".

Novo rumo para a UE

Vieira da Silva acrescentou que até Dezembro a União Europeia irá chegar a uma decisão sobre a flexissegurança, conceito que tanto atemoriza os trabalhadores e que é tão aclamado pelos empresários.

"O debate que travámos foi extremamente positivo, tendo havido um consenso sobre a necessidade de reforçar as políticas sociais da União Europeia", informou Vieira da Silva, no final das duas reuniões tidas com a plataforma social e os parceiros sociais europeus.

A afirmação foi anuída pelo comissário europeu do Emprego, Vladimir Spidla "Este debate foi eficaz e construtivo. Precisamos, daqui para a frente, de alterar o nosso rumo, encontrando uma resposta eficaz e humana, assegurando a competitividade europeia, mas também a coesão e a segurança social". Ora, lembrou, é neste desenvolvimento sustentável, que se pretende para a UE, que "encaixa a flexisegurança". Conceito, vincou, que significa "uma nova segurança num Mundo em movimento, segurança para os trabalhadores e empregadores". Afinal, afiançou, "não há segurança sem flexibilidade e nem flexibilidade, a longo prazo, sem segurança".

Fintan Farrell, representante das organizações europeias não governamentais (ONG) concordou, mas salientou que "a realidade no terreno é o que nos preocupa". Actualmente, disse, "78 milhões de pessoas na UE vivem na pobreza ou no limiar da pobreza". Por isso, referiu, "é preciso que as políticas sociais estejam no centro de todas as preocupações".

Patrões/trabalhadores

Philippe de Buck, em representação do patronato europeu, afirmou, por seu turno, que a Europa está a crescer, mas é preciso muito mais "Para que haja desenvolvimento sustentável é preciso concretizar um conjunto de reformas e a presidência portuguesa tem de conduzir, com firmeza, o tema da flexissegurança, se queremos que a nossa economia comum consiga competir com a dos EUA".

Com toda a certeza, continuou John Monks, da Confederação Europeia dos sindicatos. Só que "é preciso coordenar bem o debate sobre flexissegurança, caso contrário isso vai incrementar uma reacção negativa na sociedade europeia". E isso, sublinhou, "viu-se hoje em Guimarães, com esta enorme manifestação de trabalhadores. É preciso tornar a UE atraente para os trabalhadores e isso não será certamente com piores salários".