11.6.07

Bairro do Leal vítima de "terrorismo social"

in Diário de Notícias

Vereador da CDU acusa câmara de forçar moradores a sair


O vereador da CDU acusou ontem a Câmara do Porto de exercer sobre os moradores do Bairro do Leal, localizado em pleno centro da cidade, um verdadeiro "terrorismo social". De acordo com Rui Sá, os residentes, de avançada idade, estão a ser "intimidados e ameaçados de despejo" no sentido de abandonarem as suas casas. O objectivo, diz o comunista, é "desenraizar as pessoas, levando-as para bairros da periferia, sem que haja para o local qualquer projecto de requalificação".

Rui Sá visitou ontem mais uma vez o bairro de características operárias e ouviu novamente as queixas dos moradores. "Andam a ameaçar as pessoas, a dizer que ou vão a bem ou trazem uma carrinha e colocam os haveres das pessoas todos na rua", salientou Maria Irene Medon, idosa que vive numa casa do Leal com a neta, menor de idade, mas que a câmara não quer contemplar num possível realojamento da avó. "Dizem que a menina tem pais e que deve viver com eles, quando fui sempre eu que a criei aqui desde bebé", acrescenta a moradora, residente no local há 35 anos e habituada "ao espírito de entreajuda" que existe entre os cerca de 20 residentes do bairro.

O vereador da CDU contesta a saída dos residentes do centro do Porto e recorda um antigo projecto que, no tempo da gestão socialista, foi encomendado e pago a uma dupla de arquitectos e que "acabou por ficar na gaveta". A solução apontada por Sérgio Secca e Sónia Santos apontava para o realojamento temporário dos moradores no Bairro da Fontinha e nas casas das Musas, ali perto, enquanto o Leal fosse requalificado, "sendo essa uma forma de fixar moradores na freguesia de Santo Ildefonso cada vez mais desertificada".

Ainda recentemente, o vereador do Urbanismo foi questionado por Sá, em plena reunião do executivo, quanto ao futuro a dar ao Bairro do Leal, tendo Lino Ferreira dito que "neste momento não havia qualquer projecto, mas que a situação estava a ser estudada". O que o vereador da CDU não aceita é que, "sem uma solução alternativa, se enverede por este terrorismo social, forçando as pessoas a sair". Rui Sá contesta a política de enviar "pessoas que nasceram e sempre viveram no coração da cidade para os bairros sociais problemáticos da periferia". Por isso, para o Leal, o vereador defende uma solução idêntica à encontrada para o Bairro de Parceria e Antunes.