21.6.07

Portugueses são os segundos europeus mais preocupados com a ameaça do desemprego

Sérgio Aníbal, in Jornal Público

Desemprego, inflação e impostos: a situação económica do país está no centro das preocupações dos portugueses, mais do que nos países da UE


53%
Percentagem de portugueses que referem o desemprego como um dos dois principais problemas do país

Quase nove em cada dez portugueses afirmam que a situação económica do país está má ou muito má. De acordo com o inquérito Eurobarómetro ontem publicado, apenas oito por cento dizem que a situação é boa e dois por cento que é muito boa, o mesmo número de pessoas que reconhece que não sabe.

Os portugueses surgem assim como uma das populações com pior opinião sobre o estado da economia, ficando apenas acima da Hungria e da recém-integrada Bulgária. O resultado português piorou relativamente ao inquérito realizado há seis meses. No resto da Europa, a tendência é a inversa, com respostas mais optimistas principalmente na Alemanha.

Em relação a uma das questões que poderão dominar a presidência portuguesa da UE - o Tratado Constitucional - 64 por cento dos portugueses dizem estar a favor da existência de uma Constituição europeia. A média da UE é de 66 por cento.

a Portugal é o segundo país da União Europeia onde a população coloca o desemprego como um dos principais problemas do país. No inquérito Eurobarómetro, realizado pela Comissão Europeia, quando questionados sobre os dois principais problemas do país, a resposta dada por mais portugueses foi o desemprego, que foi referenciado por 53 por cento dos inquiridos.

Este valor é o segundo mais alto em toda a União Europeia, sendo apenas ultrapassado pelos alemães. Na totalidade da União Europeia, o desemprego é referido como um dos principais problemas por 34 por cento da população, situando-se, ainda assim, como a questão mais vezes destacada.

A preocupação dos portugueses com o desemprego acontece numa altura em que a taxa de desemprego portuguesa está situada, de acordo com os últimos números calculados pelo INE para o primeiro trimestre do ano, nos 8,4 por cento da população activa, um valor que é apenas ligeiramente superior à média da União Europeia e que fica ainda bastante abaixo das taxas registadas em países como a Polónia, França ou Espanha.
No entanto, o problema para os portugueses, para além do valor já elevado do desemprego, está principalmente na evolução que este indicador tem vindo a revelar nos últimos tempos, passando, em pouco mais de cinco anos, de um valor próximo dos quatro por cento para mais do dobro. Na generalidade dos outros países europeus tem vindo a registar-se, nos dois últimos anos, precisamente a tendência inversa.

Preços em alta

A situação da economia portuguesa domina, aliás, as preocupações dos portugueses. O segundo problema mais citado pelas cerca de 1000 pessoas inquiridas em Portugal é a alta de preços, que obteve 30 por cento das respostas. Em toda a União Europeia, este problema recebe apenas 18 por cento das escolhas. Neste caso, a preocupação dos portugueses não se explica apenas pela evolução da taxa de inflação (igualmente pouco distante da média europeia), mas mais pelo fraco crescimento dos salários. De acordo com a OCDE, os salários reais dos portugueses diminuíram 0,7 por cento em 2006 e vão continuar a ter uma das variações mais baixas da UE até 2008. Com esta perda de poder de compra, a preocupação relativamente à subida de preços torna-se maior.

No Eurobarómetro ontem publicado os outros problemas mais citados pelos portugueses são a situação económica geral, o sistema de saúde e a carga de impostos. A nível europeu, a criminalidade surge como a segunda maior preocupação.