27.6.07

Qualidade de vida vai ter barómetro

Clara Viana, in Jornal Público

Vive-se melhor em Palmela ou em Óbidos? Em Loures ou em Gaia? A partir de Setembro, um barómetro da qualidade de vida nos municípios portugueses vai tentar ajudar a encontrar respostas a questões como estas. A iniciativa, inédita em Portugal, pertence ao Instituto de Tecnologia Comportamental, cuja apresentação decorrerá hoje à tarde no Pólo Tecnológico de Lisboa. "Pretendemos fornecer informação que seja fidedigna, de modo a que as pessoas possam escolher onde querem viver e/ou trabalhar", disse ao PÚBLICO o especialista em Psicologia das Organizações Miguel Pereira Lopes, um dos responsáveis pelo projecto.

É um tipo de informação que pretende servir um movimento ainda difuso em Portugal, mas que vai ganhando terreno no espaço europeu - cada vez mais, as pessoas movem-se não só em função de ofertas de trabalho, mas também de outros critérios, entre os quais o "da qualidade de vida que antevêem para si e para as suas famílias". Essa é uma das razões, acrescenta-se no texto de apresentação do projecto, pelas quais a qualidade de vida se transformou já "num instrumento de desenvolvimento económico de cidades e regiões". Pereira Lopes refere, a propósito, que o barómetro dos municípios portugueses servirá também para incrementar a competitividade entre regiões e municípios. Com base nele será elaborado um conjunto de tabelas anuais dos melhores concelhos para viver.

A qualidade de vida será medida por via de dois tipos de indicadores: objectivos (do tipo medição da qualidade do ar, relação transportes/habitante, etc.) e perceptivos, que têm por base questionários à população. Ou seja, acrescenta, para definir qualidade de vida "contará a subjectividade do munícipe e a objectividade do indicador". A conciliação destes dois tipos de indicadores é considerada "fundamental". Segundo aquele universitário, a ideia do barómetro tem a sua raiz próxima no conceito "cidades criativas" desenvolvido pelo investigador norte-americano Richard Florida. Este especialista concluiu que as metrópoles com grande concentração de estrangeiros estão entre as líderes da tabela.