22.4.10

Governo belga demite-se em vésperas de assumir Presidência da União Europeia

Cláudia Luís, in Jornal de Notícias

A cerca de dois meses de a Bélgica assumir a Presidência da União Europeia, o Governo belga apresentou a sua demissão, mergulhando em mais uma crise política interna. É já a terceira vez que o rei Alberto II recebe pedidos de demissão do Executivo de Leterme.

O pedido de demissão foi motivado pelo conflito linguístico entre francófonos e flamengos, sendo que os liberais flamengos optaram por desistir da actual coligação política. “Não havia outra saída senão a demissão do Governo”, declarou o ministro belga das Finanças, Didier Reynder, citado pela agência Lusa.

Contudo, o pedido de demissão aguarda a deliberação do rei Alberto II, que optou adiar a sua decisão. “Nas circunstâncias actuais, uma crise política seria inoportuna e acarretaria graves prejuízos, por um lado para o bem-estar económico e social dos cidadãos e, por outro, para o papel da Bélgica no plano Europeu”, lê-se no comunicado da Casa Real enviado à Imprensa.

Note-se que a actual presidência espanhola da União Europeia deverá, no próximo dia 1 de Julho, ser substituída pela liderança belga, o que torna toda a crise política interna ainda mais delicada.

Faz sentido recordar o histórico da instabilidade política belga. Há dois anos, já o rei Alberto II havia rejeitado um pedido de demissão do Executivo também apresentado por Leterme. E tal como na actualidade, já então a crise polícia se devia ao conflito linguístico. O ano de 2008 não terminou sem uma outra crise governamental, que acabou por levar à demissão automática de Leterme. Tudo devido a um escândalo que envolvia, alegadamente, o primeiro-ministro e uma instituição bancária.

Desta feita, Leterme esteve à frente do país apenas quatro meses. Num quadro semelhante ao da saída de Durão Barroso para a União Europeia, Leterme assumiu a pasta que anterior primeiro-ministro, Herman Van Rompuy, que partiu para assumir o cargo de presidente do Conselho Europeu.

Segundo o jornal El Mundo, Leterme apresentou demissões por cinco vezes, desde que ganhou as eleições de 2007.