27.4.10

Norte está a fomentar indústrias criativas

Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias

Cultura e criatividade empregam mais de 11 mil pessoas na região


As denominadas indústrias criativas estão a desenvolver-se a Norte. Actualmente, estima-se que existam na região cerca de 2823 empresas, dedicadas a 11 áreas de actividade, com um volume de negócios aproximado dos 815 milhões de euros.

A partir de hoje, o JN publica uma série de trabalhos sobre os desafios estratégicos que se colocam ao Porto e ao Norte, na sequência do repto lançado pelo presidente da República.

No seu discurso do 25 de Abril, o presidente da República, Cavaco Silva, referiu-se a este sector emergente como uma via de futuro para a economia nacional, mas a Norte há já algum tempo que se trabalha para fomentar e dinamizar as indústrias criativas.

Na Fundação de Serralves existe uma incubadora de empresas criativas que pretende potenciar o aparecimento de empresas nesta áreas, mas também servir de barómetro para o sucesso ou insucesso que a criação de um cluster deste tipo poderá vir a ter na região.

"Fisicamente, o que temos é uma pequena incubadora de empresas", explica Odete Patrício, directora-geral da Fundação de Serralves. No espaço denominado INSerralves estão empresas de restauro de mobiliário, de produção de conteúdos para TV, de criação de graffitis, de realização de actividades escolares, entre outras. O que permite perceber a diversidade de sectores que podem abranger as indústrias criativas. "O que temos aqui é o case-study no âmbito das indústria criativas e pode servir de modelo à sociedade", defende Odete Patrício.

Um estudo do Ministério da Cultura, "Sector Criativo e Cultural em Portugal" revela que, em 2006, o sector cultural e criativo foi responsável por 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB), uma percentagem mais elevada que o contributo de indústrias tradicionais na região Norte, como o têxtil. A cultura e a criatividade garantiam, ainda, naquele ano 127 mil empregos em todo o país (2,6% do total nacional).

Na região Norte, revela um estudo realizado pela Fundação de Serralves, como o apoio da Comissão de Coordenação para o Desenvolvimento da Região Norte(CCDR-N), concluiu que, em 2008, havia mais de duas mil empresas que empregavam 11 668 pessoas.

A análise do estudo "Desenvolvimento de um Cluster de Indústrias Criativas na Região Norte", mostra que dos vários sectores de actividade, a arquitectura e a publicidade são os que representam maior impacto económico a Norte, seguindo-se a edição de conteúdos.

O estudo, salienta Odete Patrício, teve, de resto, como "principal conclusão a necessidade de criar uma agência para desenvolver as indústrias criativas".

O que se formalizou com a criação da Associação para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas (ADDICT), que nos últimos dois anos tem procurado criar sinergias entre os diversos sectores de actividade desta indústria.

Em Serralves, continua a funcionar a incubadora que actualmente tem 10 empresas e como destaca Odete Patrício "tem uma actividade muito restrita" mas permite, por exemplo, analisar as dificuldades que os empreendedores enfrentam.

"O financiamento é sempre um dos principais problemas, mas há também a dificuldade de alargar o mercado", refere a directora-geral da Fundação de Serralves.

As indústrias criativas fazem parte, também, das prioridades da União Europeia, que em 2004, no âmbito da Estratégia de Lisboa, as considerou essenciais para atrair investimento e dar aos países vantagens competitivas

A nível nacional são uma das prioridades do Plano Tecnológico, que destaca a "classe criativa" como "possuidora de talento e tolerância que permitam inovar e apostar na tecnologia, de modo a ter como resultado final um crescimento económico".