23.4.10

Polícias trabalham juntas no terreno

in Diário de Notícias

A lei de organização da investigação criminal atribui à PJ e ao SEF a investigação ao tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal, mas na prática todas as polícias têm trabalhado juntas no terreno para combater este tipo de crime.

Exemplo dessa coordenação foi o caso do agente principal da PSP, formalmente acusado há um mês de lenocínio agravado, investigado pela Divisão de Investigação Criminal da PSP em estreita colaboração com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que desencadeou várias operações em bares de strip da Margem Sul e detectou várias cidadãs brasileiras em pleno acto sexual.

O agente da PSP, que tal como o DN noticiou era cozinheiro na messe da Divisão dos Olivais, recebia dinheiro dos bares onde colocava mulheres e, ainda, de cada relação sexual que a mulher mantivesse. Inicialmente o carro que conduzia, um Audi, foi-lhe apreendido por se suspeitar que tivesse sido adquirido com este dinheiro, mas as autoridades não conseguiram provar essa ligação e o carro acabou por ser devolvido.

"Com a coordenação da Segurança Interna essa articulação que já existia passou de facto a uma cooperação que tem trazido grandes resultados", reconhece o director-adjunto do SEF, Joaquim Pedro Oliveira.

O Observatório sobre o Tráfico de Seres Humanos, criado no final de 2008 para acompanhar e encontrar soluções para este crime, desenvolveu um sistema informático, comum a todas as polícias - que lhes permite descreverem todas as vítimas sinalizadas.

Só assim é possível traçar as rotas e os perfis de todas as vítimas e agressores envolvidos (ver infografia). O sistema implementado em Portugal está já a ser adoptado noutros países da Europa. No ano passado, das 84 vítimas sinalizadas pelas autoridades, confirmou-se que sete tinham sido vítimas de tráfico humano.