26.5.11

Países emergentes defendem abandono de convenção para atribuir direcção a europeu

in Diário de Notícias

Os cinco grandes países emergentes, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) defenderam o abandono da convenção que prevê a atribuição do cargo de director-geral do Fundo Monetário Internacional a um europeu.

A declaração comum dos BRICS foi divulgada na terça-feira à noite, antes de a ministra da Economia, Finanças e Indústria francesa, Christine Lagarde, ter anunciado, em conferência de imprensa, a candidatura oficial ao cargo de directora-geral do Fundo Monetário Internacional.

De acordo com a agência noticiosa francesa AFP, estes cinco países uniram-se em redor de um tema comum: pedem o abandono da «convenção não escrita e obsoleta que prevê que o dirigente do FMI seja forçosamente europeu».

Esta convenção mantém-se desde 1946, graças ao apoio dos Estados Unidos, que monopolizam a presidência do Banco Mundial.

Até aqui, os Estados Unidos e o Japão não manifestaram apoio a Lagarde, ao contrário de vários países europeus que concordaram já, ao mais alto nível, com a candidatura da ministra francesa.

O antigo director-geral do FMI Dominique Strauss-Kahn anunciou a demissão na quinta-feira, depois de ter sido detido em Nova Iorque por tentativa de violação e agressão sexual.

No comunicado, enviado à imprensa, os membros do conselho de administração do FMI em representação dos BRICS afirmaram estar preocupados com «as declarações públicas recentemente feitas por responsáveis europeus de alto nível em defesa da manutenção de um europeu no cargo de director-geral» do FMI.

"Vários acordos internacionais apelam para um procedimento verdadeiramente transparente, fundado no mérito e concorrencial para a seleção do diretor-geral do FMI e para outros altos cargos do organigrama das instituições de Bretton Woods", lembraram Paulo Nogueira Batista (Brasil), Alexei Mojine (Rússia), Arvind Virmani (Índia), Jianxiong He (China) e Moeketsi Majoro (Lesoto, pequeno país vizinho da África do Sul).

O ministro das Finanças brasileiro, Guido Mantega, afirmou na sexta-feira apoiar, sob determinadas condições, um candidato europeu. Posteriormente lamentou a falta de tempo para decidir.

A Rússia pertence à Comunidade de Estados Independentes (CEI), que apoia oficialmente o cazaque Grigori Martchenko. A Índia manteve o silêncio e a China tem evidenciado sinais tímidos a favor de aumentar a representação dos países emergentes, através do órgão oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo.

A África do Sul hesita em apresentar a candidatura do seu antigo ministro das Finanças Trevor Manuel, comentada na imprensa. Por outro lado, a candidatura do mexicano Agustin Carstens não parece reunir apoios de todos estes países.

O prazo para apresentação das candidaturas termina a 10 de Junho e uma decisão deve ser tomada até 30 de Junho.