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31.8.22

Economia com crescimento nulo em cadeia no segundo trimestre e 7,1% em termos homólogos

Luís Villalobos, in Público on-line

Comportamento da economia portuguesa foi melhor do que o avançado pelo INE na estimativa rápida divulgada no final de Julho.

A economia portuguesa registou uma taxa de crescimento nula no segundo trimestre deste ano, quando comparado com o trimestre anterior, numa revisão em alta face aos -0,2% adiantados pelo INE na sua estimativa rápida das contas nacionais divulgada no final de Julho. Já o crescimento do PIB em termos homólogos, de acordo com os dados do INE divulgados esta quarta-feira, foi de 7,1%, mais 0,2 pontos percentuais (p.p.) face à estimativa rápida.

Estes dados seguem-se a um crescimento em cadeia no primeiro trimestre de 2,5%, com a variação homóloga a chegar aos 11,8%. Os meses de Abril a Junho deste ano sofreram com as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia, com impactos, entre outros aspectos, no custo das matérias-primas, mas a economia portuguesa acabou por não assistir a uma contracção.

Com os dados agora conhecidos, fica mais perto a hipótese de a economia portuguesa registar, na totalidade do ano, uma taxa de crescimento superior a 6%, como foi projectado tanto pelo Banco de Portugal como pela Comissão Europeia.

Apesar do abrandamento, o impulso da procura interna para a variação do PIB foi de 3,7 pontos percentuais. (10 p.p. no trimestre anterior), tendo a procura externa líquida subido para 3,5 pontos percentuais (contra os 1,7 p.p. do período anterior), com as exportações de bens e serviços a crescerem mais do que as importações, com a ajuda da recuperação do turismo.

“No segundo trimestre, os preços implícitos nos fluxos de comércio internacional aumentaram significativamente, tendo-se registado uma maior aceleração nas exportações devido às componentes de serviços, determinando uma perda menos intensa dos termos de troca que no trimestre anterior”, refere o INE. “O efeito da evolução dos termos de troca conjugado com o comportamento positivo em volume”, refere-se, “resultaram numa melhoria do Saldo Externo de Bens e Serviços em termos nominais, situando-se em -2,2% do PIB (-3,6% do PIB no 1º trimestre)”.

3.9.21

Crescimento da economia de Abril a Junho compensou quebra da terceira vaga

Pedro Crisóstomo, in Público on-line

PIB cresceu perto de 5% em relação aos três primeiros meses do ano e 15,5% face ao segundo trimestre de 2020. Exportações caíram 2% relativamente aos três primeiros meses deste ano.

A economia portuguesa cresceu 4,9% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano, contrabalançando a quebra que se registou entre Janeiro e Março, quando o país esteve sob fortes restrições por causa do pico de contágios durante a terceira vaga da pandemia.

As contas nacionais do segundo trimestre divulgadas nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam que o Produto Interno Bruto (PIB) “aumentou 4,9% em volume, mais que compensando a variação em cadeia negativa (-3,2%) observada nesse trimestre”.

Quando se compara com o segundo trimestre de 2020, a variação é de 15,5%, porque, como sublinha o INE, está influenciada por um efeito de base: o facto de a economia ter caído de forma abrupta no período de Abril a Junho do ano passado por causa do agravamento da situação epidemiológica a partir de Março.

A variação de 15,5% “é influenciada por um efeito de base, uma vez que as restrições sobre a actividade económica em consequência da pandemia se fizeram sentir de forma mais intensa nos primeiros dois meses do segundo trimestre de 2020 [Abril e Maio], conduzindo então a uma contracção sem precedente da actividade económica”, explica o INE.

Com a reabertura da economia, depois do confinamento geral, registou-se um aumento da procura interna.

As despesas de consumo das famílias cresceram 8,8% em relação ao primeiro trimestre (aumentaram 12,5% nos bens duradouros e 8,4% nos bens não duradouros e serviços).

O consumo público aumentou 9,8% em termos reais no segundo trimestre (variação homóloga de 2,8% no 1.º trimestre). Note-se que o consumo público registou uma taxa de variação homóloga negativa no 2.º trimestre de 2020 (de -3,9%), traduzindo o impacto negativo na produção não mercantil em volume das medidas de confinamento, que implicaram o encerramento de vários serviços públicos.

Já o investimento, embora tenha recuperado em relação ao período homólogo (ao crescer 10,5%), baixou em relação aos três primeiros meses de 2020 (diminuiu 3,2%).

A formação bruta de capital fixo caiu 2,1%, tendo-se registado uma quebra mais expressiva nos equipamentos de transporte (7,6%) e nas outras máquinas e equipamentos (5,7%). Na construção também se registou uma quebra, mas ligeira (de 0,7%). Só nos produtos de propriedade intelectual, onde se inclui a investigação e desenvolvimento, é que se observou um aumento do investimento (de 1,1%).
Perda nas trocas

Segundo o INE, “o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi positivo, enquanto o contributo da procura externa foi nulo”. O instituto estatístico sublinha que de Abril a Junho se registou “uma perda nos termos de troca” em relação ao segundo trimestre do ano passado, “tendo o comportamento do deflator das importações sido influenciado, em larga medida, pelo crescimento pronunciado dos preços dos produtos energéticos”.

As exportações de bens e serviços (onde se inclui o turismo) cresceram 39,4% no segundo trimestre face ao período homólogo (depois de terem caído 9,6% no trimestre anterior em termos homólogos e quando a queda no segundo trimestre de 2020 fora igualmente de 39,2%).

No entanto, as vendas ao exterior baixaram 2% em relação ao primeiro trimestre deste ano, “verificando-se variações em cadeia de sentidos opostos nas duas componentes”, com uma queda de 5,2% na componente de bens e um aumento de 9,6% na de serviços, explica o INE.

As importações cresceram 34,3% em termos homólogos, mas caíram 0,8% em cadeia (face ao primeiro trimestre).

Outros dados divulgados nesta terça-feira pelo INE, relativos ao turismo, mostram que, já em Julho, o mercado interno registou um crescimento. Com 1,6 milhões de hóspedes e 4,5 milhões de dormidas nesse mês, os níveis da actividade turística ficaram, ainda assim, abaixo dos valores que se registavam antes da pandemia. Face a Julho de 2019 há uma diminuição de superior a 40% no número de hóspedes e uma quebra de 45% nas dormidas.

“Comparando ainda com Julho de 2019, observa-se um crescimento de 6,4% nas dormidas de residentes e um decréscimo de 67,6% nas dormidas de não residentes”, refere o INE.

8.10.15

Crescimento em Portugal limitado por queda acentuada da população

Sérgio Aníbal, in Público on-line

Até 2060, o envelhecimento da população pode custar 19 pontos percentuais ao PIB per capita, calcula o Banco de Portugal, um efeito que já se está a sentir na actualidade.

O endividamento das famílias, a obrigatoriedade de cumprimento das regras orçamentais europeias ou a baixa qualificação da mão de obra. Todas estas são limitações, muitas vezes referidas, ao crescimento da economia portuguesa. Mas há um problema, bastante menos debatido, que se está a revelar como um dos mais sérios obstáculos a uma retoma: a tendência de diminuição e envelhecimento da população que se regista desde 2010 e que promete prolongar-se ainda por mais algumas décadas.

O tema foi destacado pelo Banco de Portugal no boletim económico de Outubro publicado esta quarta-feira. A instituição liderada por Carlos Costa calculou o impacto negativo que as tendências demográficas terão durante o período de 2015 a 2060 e chegou a números preocupantes.

Nesse período, a diminuição do rácio entre a população com idade entre os 15 e os 64 anos e a população total poderá contribuir para uma perda acumulada do PIB per capita português de 19 pontos percentuais. O efeito é especialmente negativo até 2040 e já está, neste preciso momento a fazer-se sentir.

De acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal, o efeito demográfico já está a ter um efeito negativo no PIB per capita de 2015 de 0,2 pontos percentuais e em 2016 serão mais 0,25 pontos percentuais.

Ao longo dos anos, assinala o Banco de Portugal, espera-se que este efeito demográfico negativo seja contrabalançado quase totalmente pela crescente qualificação da força de trabalho, à medida que trabalhadores mais novos (em média mais qualificados) substituem os mais velhos (em média menos qualificados).

Depois há ainda o efeito no PIB total que é muito mais significativo do que no PIB per capita. A redução da população é responsável desde já para que, desde 2011 até 2015, se verifique uma diferença bastante significativa entre a variação do PIB e a variação do PIB per capita. Enquanto o primeiro caiu 3,8%, o segundo caiu 1,8%, mostram os números do Banco de Portugal. No primeiro semestre, o PIB per capita cresceu 2,1% e o PIB apenas 1,6%.

O fenómeno em que a evolução demográfica afecta o crescimento económico é sentido em diversos países, em especial na Europa e, num grau mais acentuado, no Japão. No entanto, Portugal é um dos países mais sensíveis a este problema. Nos últimos anos, com a combinação de uma taxa de fecundidade extremamente baixa e de uma inversão para a negativa dos fluxos migratórios, tem estado entre os países do Globo com maiores reduções da população.

Mais consumo
No boletim económico agora publicado, o Banco de Portugal reafirma a previsão de uma taxa de crescimento de 1,7% em 2015. Este valor é ligeiramente mais alto do que os 1,6% projectados pelo Governo em Maio e pelo Fundo Monetário Internacional já esta semana.

As projecções agora apresentadas, apesar do resultado total no PIB ser o mesmo, mostram algumas diferenças significativas face ao que tinha sido previsto pela autoridade monetária em Junho, no último boletim económico.

Em primeiro lugar, o consumo cresceu mais do que era estimado, passando de uma variação anual de 2,2% para 2,6%. Este resultado contribui decisivamente para que as importações também cresçam mais do que aquilo que era esperado em Junho. Agora a previsão é de 7,9%, quando antes era de 5,7%. Um crescimento mais forte das importações tem um efeito negativo no PIB.

Pela positiva, as exportações também estão a crescer mais do que o projectado inicialmente, com o Banco de Portugal a rever a sua estimativa em alta, de 4,8% para 6,1%.

Feitas as contas, o facto de o diferencial entre o ritmo de crescimento das importações e das exportações ter aumentado leva a que a previsão para o saldo comercial se tenha tornado também menos positiva. Em vez de um excedente de 2,1% do PIB na balança de bens e serviços, o banco central aponta agora para um excedente de 1,7%. O excedente total com o exterior também foi revisto de 3% do PIB para 2,3%.

O Banco de Portugal, contudo, defende que o padrão de crescimento a que neste momento se assiste na economia portuguesa é consistente com a manutenção de equilíbrios económicos fundamentais.

1.7.14

Como a queda da poupança está a ajudar a economia a crescer

Sérgio Aníbal, in Público on-line

Portugueses estão a poupar uma parte menor do seu rendimento. Isso tem sido decisivo para o crescimento da economia nos últimos meses, mas causa preocupação em relação à sustentabilidade da retoma.

É graças a uma redução acentuada da taxa de poupança dos máximos atingidos no segundo trimestre de 2013 que o consumo privado em Portugal está a conseguir recuperar mesmo num ambiente em que os rendimentos continuam a diminuir. E assim, contribuindo de forma decisiva para o regresso do país a taxas de crescimento positivas conseguida desde o final do ano passado.

De acordo com os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística esta sexta-feira, a taxa de poupança das famílias (que mede a percentagem do rendimento disponível que não é usado para consumo) desceu no primeiro trimestre deste ano para 11,9%. Acentua-se assim, uma descida que se iniciou depois de no segundo trimestre de 2013 se ter registado uma taxa de 13,5%, o valor mais alto desde a criação do euro em 1999.

É essencialmente esta redução da poupança que consegue explicar a aceleração do consumo privado registado no país durante o mesmo período. O consumo, que apresentava uma variação homóloga negativa de 2,3% no segundo trimestre do ano passado, registou um crescimento de 1,5% no primeiro trimestre de 2014, tal como já tinha revelado o INE nos dados das contas nacionais publicados no mês passado. A subida de consumo não aconteceu contudo como uma resposta a um aumento do rendimento disponível, um indicador que registou taxas de variação homólogas negativas nos quatro últimos trimestres.

O que se passou foi que, depois de um longo período em que os portugueses, em média, cortaram o mais que puderam naquilo que consumiam, começam agora a recuperar a confiança e a arriscar gastar uma maior parte do seu rendimento. Há vários factores a contribuírem para esta mudança. Por um lado, os níveis de confiança dos consumidores têm vindo a subir, registando-se uma menor preocupação relativamente à evolução da economia, do desemprego e da situação financeira particular de cada família. Depois da chegada da troika e do agravamento da austeridade, a confiança atingiu níveis mínimos históricos. Por outro, há consumos de bens duradouros, como automóveis, que foram adiados durante anos consecutivos e que agora se torna natural que registem alguma recuperação.

Este cenário de recuperação da confiança dos consumidores até pode ser considerado normal e desejável à medida que a economia recupera. O preocupante é se o crescimento da economia estiver apenas sustentado nesta melhoria de expectativas. Nesse caso, e tendo em conta o elevado nível de endividamento das famílias portuguesas, esta subida do optimismo poderia revelar-se rapidamente insustentável.

Há alguns sinais de que isso possa estar a ocorrer em Portugal. É o consumo – baseado na redução da poupança – que tem vindo a sustentar a aceleração da economia portuguesa. O crescimento homólogo do PIB de 1,3% no primeiro trimestre foi garantido graças ao contributo positivo de 2,8 pontos da procura interna (consumo mais investimento). Pelo contrário, a procura externa líquida (exportações menos importações) teve um contributo negativo de 1,6 pontos.

Não é por isso coincidência, como revelou também esta sexta-feira o INE, que Portugal tenha voltado a registar um défice externo negativo durante os primeiros três meses deste ano. Abrandamento das exportações e, principalmente, aceleração das importações (também ajudadas pelo consumo), levaram a um saldo negativo com o exterior equivalente a 1,4% do PIB, algo que já não acontecia há três trimestres.

Ao nível das finanças públicas, o INE revelou que o défice público registado em Portugal durante o primeiro trimestre deste ano foi de 6% do PIB. Estes são os primeiros dados oficiais publicados para este período utilizando a metodologia aplicada pelo Sistema Europeu de Contas, aquele que conta para a avaliação do cumprimento das metas com que o Estado português se comprometeu junto das autoridades europeias e da troika.

O valor de 6% registado durante os primeiros três meses do ano fica acima da meta de 4% projectada pelo Governo para a totalidade deste ano, o que significa que, no resto de 2014 este resultado terá de ser compensado com défices mais baixos por forma a que o objectivo seja atingido.

No entanto, é de notar que olhando para a série histórica dos saldos orçamentais em Portugal, se verifica que o primeiro trimestre de cada ano é aquele em que normalmente o défice é mais elevado. No ano passado, o valor registado foi de 10% do PIB, o que não impediu que, também com a ajuda de receitas extraordinárias, se registasse um défice de 5% no total do ano.