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29.8.23

Esperança: a dimensão maior do cuidar

Tiago Correia, opinião, in SIC 



Opinião de Tiago Correira. Há uma intensa discussão académica sobre o significado de prestar bons cuidados de saúde. De imediato, pensa-se no ensino de qualidade, na tecnologia de ponta ou em infraestruturas modernas. Tudo isso importa, é certo, mas não é suficiente.

A ligação profissional-doente torna-se central nesta discussão. Não só condiciona a perceção da qualidade dos cuidados prestados, como favorece o melhor diagnóstico e que os doentes façam o que os profissionais consideram apropriado.

Um novo aspeto da ligação profissional-doente tem ganhado relevo: transmitir esperança. Esperança definida como a capacidade em acreditar que um resultado positivo é possível de alcançar.

Não importa qual o resultado em causa, mas sim que um qualquer resultado positivo é estabelecido e que pistas são dadas sobre como o atingir. Entende-se a importância disso, tanto em doenças curáveis e incuráveis, como para crianças e idosos. Levar o doente e a sua família a encontrar uma meta positiva e vê-la a concretizar-se é uma dimensão maior do cuidar.

Transmitir esperança é tão importante aos doentes quanto é aos profissionais.

Aos doentes, porque veem no profissional o rosto capaz de lhes dar alívio perante o sofrimento e a angústia. Afinal, a doença é muito mais do que o efeito de patologias no corpo. Diz respeito às emoções que essas patologias provocam na própria pessoa e nas que a rodeiam. E essas emoções tanto advêm dos significados das doenças como das expectativas sobre o seu impacto no desenrolar ou encurtar da vida.

A SIDA ou as perturbações mentais ilustram emoções espoletadas pelos significados das doenças, por estarem presas a estigmas e preconceitos. Já os tumores ilustram o quanto os diagnósticos suscitam emoções negativas pelo medo do sofrimento e da morte, mesmo que na prática, e felizmente, o avanço científico tenha permitido que assim não seja em tantos casos.

O que estes exemplos mostram, no fundo, é que para entender a doença não é possível dissociar o corpo da mente.

Já aos profissionais, transmitir esperança permite reforçar o elo de confiança e empatia que é tão valorizado por quem cuida. Vários estudos mostram que é graças a este elo que os profissionais, mais ou menos diferenciados, trabalhem indo além das suas obrigações contratuais. O trabalho em saúde tem o potencial de reforçar vínculos humanos.

Os avanços sobre como transmitir esperança em contextos de saúde referem a necessidade de abordar as competências pessoais (soft skills) com a mesma importância e sujeitas ao mesmo grau de rigor como se ensinam competências técnicas e de raciocínio (hard skills). O argumento é simples: não há qualidade na prestação de cuidados sem a qualidade das relações humanas e para que isso aconteça é necessário ensinar nas Universidades e nas formações práticas a atenção para com o outro.

Como é que os profissionais de saúde podem transmitir esperança? Alguns passos mostram o que precisa ser ensinado e valorizado nos contextos de saúde:Entender os objetivos da pessoa doente, ou seja, como vê o seu futuro provável
Compreender o que a pessoa doente valoriza através de objetivos imediatos e mediatos
Discutir os vários objetivos pelo grau de realismo com que podem ser, ou não, alcançáveis e focando o quanto os objetivos mediatos importam menos face a objetivos imediatos
Demonstrar interesse e mobilização para a concretização de objetivos imediatos
Abrir o leque de pessoas mobilizáveis para a concretização de objetivos, criando uma rede de partilha e foco na pessoa vulnerável
Sinalizar todas as conquistas, mudanças ou o percurso feito

30.6.20

UNICEF lança campanha para arrecadar fundos para proteger as crianças afetadas pela COVID-19

in ONUBR

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) Brasil está lançando o #DesafioDaInfancia para incentivar os apoiadores a compartilhar suas memórias mais felizes da infância nas redes sociais e doar para ajudar crianças vulneráveis a ter uma infância feliz também.

A COVID-19 ameaça crianças já enfraquecidas pela guerra, por doenças, pela fome e pela pobreza, cuja sobrevivência depende de cuidados de saúde, alimentos e suprimentos médicos vitais. Põe em perigo quatro em cada dez famílias que nem sequer têm água e sabão para lavar as mãos em casa.

Esta ação faz parte da campanha global do UNICEF para impedir que a pandemia se torne uma crise duradoura para crianças.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) Brasil está lançando o #DesafioDaInfancia para incentivar os apoiadores a compartilhar suas memórias mais felizes da infância nas redes sociais e doar para ajudar crianças vulneráveis a ter uma infância feliz também.

A COVID-19 ameaça crianças já enfraquecidas pela guerra, por doenças, pela fome e pela pobreza, cuja sobrevivência depende de cuidados de saúde, alimentos e suprimentos médicos vitais. Põe em perigo quatro em cada dez famílias que nem sequer têm água e sabão para lavar as mãos em casa.

Esta ação faz parte da campanha global do UNICEF para impedir que a pandemia se torne uma crise duradoura para crianças.
Até o momento, o UNICEF entregou dezenas de milhões de itens de proteção para profissionais de saúde, equipamentos médicos e suprimentos de higiene. Mas o plano de resposta global do UNICEF continua tristemente subfinanciado.

É por isso que o UNICEF Brasil está pedindo a seus apoiadores que façam doações, postem em seus canais de mídia social e nomeiem amigos e amigas para que participem do #DesafioDaInfancia.
Os fundos doados ajudarão as equipes do UNICEF que estão trabalhando incansavelmente para garantir que todas as crianças, especialmente as dos países mais pobres, possam ser protegidas contra doenças infecciosas que ameaçam a vida.

Segundo o diretor de Parcerias do UNICEF no Brasil, Juan Ignacio Calvo, centenas de milhões de crianças estão fora da escola e, com isso, vidas foram prejudicadas. “As crianças estão tendo que lidar com a perda e a separação da família, o colapso dos serviços de apoio. Precisamos urgentemente de doações para proteger a infância de crianças vulneráveis em todo o mundo”.

O UNICEF busca responder, recuperar e reimaginar um mundo, que está atualmente sitiado pelo coronavírus:
Responder. Devemos agir agora para impedir que a doença se espalhe, ajudar os doentes e proteger os profissionais que estão nas linhas de frente, arriscando a própria vida para salvar outras.

Recuperar. Mesmo quando a pandemia diminuir, cada país terá que continuar trabalhando para mitigar os efeitos colaterais nas crianças e enfrentar os danos infligidos. As comunidades também terão que trabalhar juntas e além-fronteiras para reconstruir e impedir o retorno da doença.

Reimaginar. Se aprendemos alguma coisa com a COVID-19, é que nossos sistemas e políticas devem proteger as pessoas o tempo todo, não apenas no caso de uma crise. À medida que o mundo se recupera da pandemia, agora é a hora de lançar as bases para reconstruir melhor.

Veja aqui o passo a passo para participar.

Você pode ajudar do #DesafioDaInfancia fazendo uma doação para o UNICEF.


16.4.20

Especialistas da UNESCO pedem responsabilidade coletiva para proteger mais vulneráveis

in UN

Os especialistas apelam aos governos e à comunidade internacional para que tomem medidas urgentes, por meio da cooperação internacional e no espírito da solidariedade, e enfatizam a responsabilidade dos países mais ricos em ajudar os mais pobres na batalha contra a COVID-19.

Além disso, reconhece a situação particular daqueles privados de recursos básicos, como água e sabão, para manter a higiene básica; e chama atenção para a dificuldade de se realizar o distanciamento social em condições de superlotação, predominantes, por exemplo, nas favelas e nos campos de refugiados.

O Comitê Internacional de Bioética da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Comissão Mundial para a Ética do Conhecimento Científico e Tecnológico emitiram declaração conjunta para orientar formuladores de políticas e informar o público sobre considerações éticas essenciais durante a luta mundial contra a COVID-19.

A Declaração sobre a COVID-19: Considerações Éticas sob uma Perspectiva Global lembra que a pandemia pode causar estresse psicológico agravado entre pessoas e grupos vulneráveis e marginalizados em todas as partes do mundo, sobretudo em países em desenvolvimento.

“Em um momento de incertezas, quando as sociedades de todo o mundo adotam medidas rápidas e radicais contra a pandemia, eu estou preocupada com as possíveis ameaças aos direitos humanos, à privacidade e aos padrões éticos, especialmente para os mais vulneráveis”, declarou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay

“Esta crise exige o melhor da humanidade, com os princípios éticos como a nossa bússola.”

A declaração destaca a importância de se reconhecer a vulnerabilidade das pessoas afetadas por pobreza, discriminação, violência, desigualdades de gênero, doenças pré-existentes, perda de autonomia ou funcionalidade, idade, incapacidade, racismo, encarceramento, migração, além das dificuldades específicas enfrentadas por refugiados e pessoas apátridas.

Além disso, reconhece a situação particular daqueles privados de recursos básicos, como água e sabão, para manter a higiene básica; e chama atenção para a dificuldade de se realizar o distanciamento social em condições de superlotação, predominantes, por exemplo, nas favelas e nos campos de refugiados. A declaração também chama atenção para o aumento do risco de violência doméstica em condições de confinamento e isolamento.

A declaração expressa a convicção da UNESCO de que a guerra à COVID-19 exige o reconhecimento coletivo dessas vulnerabilidades emergentes e crescentes, para garantir que as respostas das políticas sociais e de saúde em todo o mundo não deixem ninguém para trás.

As pandemias destacam a interdependência dos Estados quanto à disponibilização de equipamentos de proteção, à formulação de políticas de saúde pública e ao impulsionamento da pesquisa científica em seus mais altos padrões. A declaração pede ações para combater as condições cada vez piores de vulnerabilidade e instam os países a desenvolver estratégias para enfrentá-las.

Os especialistas também apelam aos governos e à comunidade internacional para que tomem medidas urgentes, por meio da cooperação internacional e no espírito da solidariedade, e enfatizam a responsabilidade dos países mais ricos em ajudar os países mais pobres.

Em tais emergências, as decisões políticas precisam ser fundamentadas na ciência e orientadas pela ética. A estigmatização e a discriminação devem ser evitadas para garantir medidas efetivas de saúde pública; ademais, a pesquisa científica e as medidas de saúde precisam superar as divisões políticas, geográficas e culturais, de acordo com a declaração.

A UNESCO, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os comitês nacionais de bioética e ética têm trabalhado juntos para ajudar os Estados-membros a desenvolver políticas sólidas sobre questões éticas.

A cooperação está sendo intensificada para enfrentar os desafios da atual crise, salientou a declaração, lembrando que o documento será uma referência central e será usada pela UNESCO e por seus parceiros como uma ferramenta de capacitação.

18.7.19

Novos dados desafiam noções tradicionais de riqueza e pobreza

in ONUBR

As descobertas do Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) global de 2019 lançam luz sobre as disparidades relacionadas à forma como as pessoas vivenciam a pobreza, revelando vastas desigualdades entre os países e mesmo entre as pessoas pobres.

O IPM vai além da renda como único indicador de pobreza, explorando as formas pelas quais as pessoas vivenciam a pobreza em sua saúde, educação e padrão de vida.

Os resultados do IPM deste ano mostram que mais de dois terços dos multidimensionalmente pobres – 886 milhões de pessoas – vivem em países de renda média. Outros 440 milhões vivem em países de baixa renda. Em ambos os grupos, os dados mostram que médias nacionais simples podem esconder uma enorme desigualdade nos padrões de pobreza dentro dos países.

O conceito tradicional de pobreza está desatualizado, de acordo com relatório divulgado nesta quinta-feira (11) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI). Novos dados demonstram, mais claramente do que nunca, que rotular países – ou mesmo domicílios – como ricos e pobres é uma simplificação excessiva.
As descobertas do Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) global de 2019 lançam luz sobre as disparidades relacionadas à forma como as pessoas vivenciam a pobreza, revelando vastas desigualdades entre os países e mesmo entre as pessoas pobres.

“Para combater a pobreza, é preciso saber onde as pessoas pobres vivem. Elas não estão uniformemente espalhadas por um país, nem mesmo dentro de um domicílio”, afirma o administrador do PNUD, Achim Steiner. “O Índice de Pobreza Multidimensional global de 2019 fornece informações detalhadas de que os formuladores de políticas precisam para direcioná-las com mais eficiência”.

O IPM vai além da renda como único indicador de pobreza, explorando as formas pelas quais as pessoas vivenciam a pobreza em sua saúde, educação e padrão de vida. Os resultados do IPM deste ano mostram que mais de dois terços dos multidimensionalmente pobres – 886 milhões de pessoas – vivem em países de renda média. Outros 440 milhões vivem em países de baixa renda. Em ambos os grupos, os dados mostram que médias nacionais simples podem esconder uma enorme desigualdade nos padrões de pobreza dentro dos países.

Por exemplo, em Uganda, 55% da população vivencia a pobreza multidimensional – média semelhante à da África subsaariana. Mas a capital Kampala tem uma taxa de IPM de 6%, enquanto na região de Karamoja o IPM sobe para 96% – o que significa que partes de Uganda abrangem os extremos da África subsaariana.

A desigualdade existe até sob o mesmo teto. No sul da Ásia, por exemplo, quase um quarto das crianças com menos de cinco anos vive em lares onde pelo menos uma criança da família está desnutrida, mas pelo menos uma criança não está.

“Precisamos – mesmo entre os que vivem na pobreza – compreender as diferentes experiências de privação das pessoas. Elas estão desnutridas? Elas podem ir à escola? Só assim as políticas de redução da pobreza serão eficientes e eficazes”, afirma o diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição.

Há também desigualdade entre os pobres. Os resultados do IPM global de 2019 mostram uma imagem detalhada das muitas diferenças em como – e quão profundamente – as pessoas vivenciam a pobreza. As privações entre os pobres variam enormemente: em geral, valores mais altos de IPM andam de mãos dadas com maior variação na intensidade da pobreza.

Os resultados também mostram que as crianças sofrem mais intensamente com a pobreza do que os adultos e estão mais propensas à privação em todos os 10 indicadores do IPM, com a falta de elementos essenciais como água potável, saneamento, nutrição adequada ou educação primária.

Ainda mais surpreendente é que uma em cada três crianças ao redor do mundo é multidimensionalmente pobre, em comparação com um em cada seis adultos. Isso significa que quase metade das pessoas que vive em pobreza multidimensional – 663 milhões – são crianças, e as crianças mais novas carregam o maior fardo.

Mas os novos dados também mostram uma tendência positiva: os países mais atrasados são os que estão subindo mais depressa.

“Analisamos os dados de um grupo de dez países de rendas média e baixa e descobrimos a encorajadora novidade de que os 40% de baixo estavam se movendo mais rapidamente do que o resto”, diz a diretora da OPHI, Sabina Alkire. “Esse é um padrão favoráel aos pobres que reduz as desigualdades em vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

Os dados mostram ainda que, dentro desses dez países, 270 milhões de pessoas deixaram a pobreza multidimensional entre uma pesquisa e outra. Esse progresso foi, em grande parte, impulsionado pelo sul da Ásia: na Índia, havia 271 milhões de pobres a menos em 2016 em relação a 2006; enquanto em Bangladesh esse número caiu 19 milhões entre 2004 e 2014. Em outros países houve menos – ou nenhuma – redução absoluta, com o número de multidimensionalmente pobres aumentando em 28 milhões nos três países africanos considerados. Em parte, isso ocorreu devido ao rápido crescimento populacional, que superou as reduções na pobreza. Na verdade, as taxas de pobreza (como porcentagem da população) diminuíram na maioria dos países.

O IPM global de 2019 traça um quadro detalhado da pobreza para 101 países e 1.119 regiões subnacionais, cobrindo 76% da população global e indo além de medidas simples baseadas na renda para observar como as pessoas vivenciam a pobreza todos os dias.

Acesse os dados na íntegra: hdr.undp.org/en/2019-MPI

10.5.19

FAO alerta: 70% das crianças que trabalham estão na agricultura

in ONUBR

O trabalho infantil é definido como o trabalho que é inapropriado na infância – ou, mais especificamente, o trabalho que afeta a educação de uma criança ou que pode prejudicar sua saúde, segurança ou moral.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 70% de todas as crianças trabalhadoras estão na agricultura – pecuária, silvicultura, pesca ou aquicultura. Isso representa um aumento de 12%, ou 10 milhões de meninas e meninos, desde 2012.

O trabalho infantil é definido como o trabalho que é inapropriado na infância – ou, mais especificamente, o trabalho que afeta a educação de uma criança ou que pode prejudicar sua saúde, segurança ou moral.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 70% de todas as crianças trabalhadoras estão na agricultura – pecuária, silvicultura, pesca ou aquicultura. Isso representa um aumento de 12%, ou 10 milhões de meninas e meninos, desde 2012.
Claramente, esse não é um problema fácil de superar, mas é também uma questão que precisamos abordar para proteger o bem-estar de milhões de crianças.
As crianças devem ser livres para realizar plenamente seus direitos à educação, lazer e desenvolvimento saudável. Isso, por sua vez, fornece a base essencial para um desenvolvimento social e econômico mais amplo, para a erradicação da pobreza e para o alcance dos direitos humanos.
Promover e reforçar a ação global contra o trabalho infantil é a única maneira de proteger as crianças do mundo e, por meio delas, nosso futuro compartilhado.
A FAO considera que, para o objetivo de fome zero seja alcançado, é necessário que seja posto um fim ao trabalho infantil.

30.10.17

ONU alerta para violência contra mulheres nas comunidades rurais

in ONUBR

A violência afeta todos os grupos de mulheres e meninas, independentemente da renda, idade ou educação. No entanto, aquelas que vivem em áreas rurais enfrentam diferentes riscos e desafios na resposta à violência. O contexto rural inclui elevados níveis de pobreza, menor acesso à educação superior e ao trabalho decente, menor capacitação econômica e proteção social, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade de mulheres que estão em relacionamentos abusivos.

O tema é destaque do Dia Laranja Pelo Fim da Violência contra as Mulheres, lembrado a cada dia 25 pelas agências das Nações Unidas no Brasil, em especial pela ONU Mulheres.

A violência afeta todos os grupos de mulheres e meninas, independentemente da renda, idade ou educação. No entanto, aquelas que vivem em áreas rurais enfrentam diferentes riscos e desafios na resposta à violência. O contexto rural inclui elevados níveis de pobreza, menor acesso à educação superior e ao trabalho decente, menor capacitação econômica e proteção social, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade de mulheres que estão em relacionamentos abusivos.

Diante desse cenário, o Dia Laranja Pelo Fim da Violência contra as Mulheres deste mês, lembrado a cada dia 25, coloca em destaque a violência enfrentada por mulheres que vivem em comunidades rurais.

Nessas áreas, os serviços públicos muitas vezes não respondem às necessidades e desafios das mulheres rurais, que enfrentam condições limitadas de mobilidade, entre outros problemas.

Em situações de violência doméstica, por exemplo, questões como a falta de assistência às crianças, de oportunidades de emprego e de serviços básicos de apoio, tais como proteção policial, abrigo, cuidados de saúde e assistência jurídica, agravam ainda mais o isolamento psicossocial das mulheres que vivem em áreas rurais.

16 dias de ativismo
De 25 de novembro a 10 de dezembro são celebrados os “16 Dias Pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, campanha global apoiada pela ONU por meio da iniciativa UNA-SE. No Brasil, as ações terão início em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

Reconhecendo a natureza unificadora de um dos princípios essenciais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a campanha UNA-SE celebrará este ano o tema geral de “Não deixar ninguém para trás: acabar com a violência contra as mulheres e as meninas, alcançando as mais vulneráveis primeiro”.
O calendário reconhece este compromisso por meio de temas mensais, que colocam em destaque implicações e consequências da violência contra as mulheres e as meninas nos grupos mais marginalizados — incluindo negras, refugiadas, migrantes, indígenas, crianças, pessoas com deficiência, entre outras.

Fontes úteis:
• Guia de Planejamento para Segurança de Mulheres e Crianças em Comunidades Pequenas e Rurais, publicado pela Cowichan Women Against Violence Society, do Canadá, descreve as principais frentes que podem ser direcionadas para a segurança em planejamentos comunitários.

• Relatório “Empoderamento econômico e violência contra mulheres e meninas” explora como o empoderamento econômico de mulheres e meninas pode ser um método eficaz de prevenção ou redução da violência contra as mulheres. O relatório enfatiza a importância de compreender o contexto dos ambientes rurais, apresentando um exemplo de duas configurações diferentes no Bangladesh rural, que mostrou como o aumento do empoderamento feminino desafiou papéis de gênero há muito estabelecidos e que, anteriormente, levaram a uma série de conflitos e violências de gênero.

Programas e projetos estratégicos:
• O relatório sobre a 57ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher (CSW) destaca que o direito à educação é um direito humano importante para a eliminação do analfabetismo, assegurando a igualdade de acesso à educação, em particular nas áreas rurais e remotas, e contribuindo para a eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra mulheres e meninas.

• Em áreas rurais, é comum ocorrer conflitos sobre o acesso à terra para o cultivo, levando frequentemente à violência física — particularmente contra mulheres solteiras, viúvas ou divorciadas. Muitos programas do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) ajudam a prevenir a violência baseada em gênero por meio do apoio aos meios de subsistência das mulheres na agricultura, na pesca, na criação de gado e no empreendedorismo rural.
• Em todas as regiões, meninas que vivem em áreas rurais são mais propensas ao casamento infantil do que meninas que vivem em áreas urbanas. Esta diferença é particularmente marcante em alguns países da África Ocidental e Central e na América Latina e no Caribe, onde a prevalência do casamento infantil nas áreas rurais é de aproximadamente o dobro do nível encontrado nas áreas urbanas.

A publicação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) “Ending Child Marriage – Progress and Prospects” traz uma visão geral das estatísticas e fatos sobre o casamento infantil, desagregados por sexo, e conclui que as meninas correm maior risco de casamento antecipado do que os meninos. O estudo também inclui disparidades no casamento infantil em diferentes regiões do mundo.

• O guia prático para comunidades rurais e isoladas, publicado pelo Projeto de Coordenação Comunitária para a Segurança das Mulheres, traz exemplos sobre como construir parcerias com atores comunitários para prevenir a violência contra as mulheres nas comunidades rurais.

12.7.17

Investir em crianças pobres é solução inteligente para combate à desigualdade, diz UNICEF

in ONUBR

Investir na saúde de crianças em situação de pobreza salva o dobro de vidas do que aplicar o mesmo valor em grupos mais favorecidos, apontou um estudo divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

“A evidência é clara: investir nas crianças mais pobres não é apenas correto no princípio, mas também na prática – mais vidas são salvas por cada dólar gasto”, disse o diretor-executivo do UNICEF, Anthony Lake, em um comunicado à imprensa. O estudo é intitulado “Reduzir as diferenças: o poder de investir nas crianças mais pobres”.

A análise confirma uma previsão não convencional feita pelo UNICEF em 2010: um maior investimento para alcançar crianças desfavorecidas seria compensado por melhores resultados.

“Essa é uma notícia crucial aos governos que trabalham para acabar com todas as mortes preveníveis de crianças, em um momento em que cada dólar conta”, afirma Lake. Segundo ele, investir de forma equilibrada em saúde infantil também ajuda a romper ciclos intergeracionais de pobreza, proporcionando um melhor aprendizado na escola e maiores rendimentos como adultos.

A pesquisa analisou dados recentes de 51 países, onde ocorreram cerca de 80% das mortes de recém-nascidos e menores de cinco anos. Foi avaliado o acesso a seis tratamentos de alta qualidade na saúde de mães, crianças e recém-nascidos: o uso de mosquiteiros tratados com inseticida, antecipação do da amamentação, cuidado pré-natal, vacinação completa, atendimento multidisciplinar à gestante em trabalho de parto e cuidados destinados a crianças com diarreia, febre ou pneumonia.

Os resultados mostram que o maior alcance a esses procedimentos ajuda a reduzir a mortalidade infantil quase três vezes mais rápido em grupos em maior situação de pobreza. Além disso, as intervenções nesses grupos se provaram 1,8 vez mais econômicas em termos de quantidade de vidas preservadas.

O estudo também revelou que, como as taxas de natalidade são maiores entre os mais pobres, diminuir o índice de mortalidade em crianças menores de cinco anos se traduz em mais 4,2 vidas salvas para cada 1 milhão de pessoas.

Estima-se que 1,1 milhão de pessoas foram salvas nos 51 países durante o último ano estudado. Delas, cerca de 85% são pobres.
Atenção às crianças em situação de pobreza fizeram a diferença em Afeganistão, Bangladesh e Malauí

O estudo lista Afeganistão, Bangladesh e Malaué como alguns dos países com altas taxas de mortalidade entre os menores de cinco anos, onde o foco nos mais desfavorecidos fez diferença para as crianças. De 1990 e 2015, a mortalidade caiu pela metade no Afeganistão e em 74% em Bangladesh e em Malauí.

Os resultados chegam em um momento crítico, à medida que os governos continuam seu trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que procura acabar com todas as mortes evitáveis entre recém-nascidos e crianças com menos de cinco anos até 2030.

A menos que o progresso na redução da mortalidade infantil seja acelerado, até 2030 quase 70 milhões de crianças morrerão antes de completar seu quinto aniversário.

O estudo pede aos países que tomem medidas práticas para reduzir as desigualdades, incluindo separar dados para identificar as crianças excluídas; investir em tratamentos para prevenir e tratar as doenças mais mortais para crianças, fortalecer os sistemas de saúde para tornar cuidados de qualidade amplamente disponíveis, inovar para obter novas maneiras de alcançar o inalcançado e monitorar a desigualdade usando pesquisas domiciliares e sistemas de informação internacionais.