1.7.07

Referência a Leste entre "os pequenos"

IC, in Jornal de Notícias

Chipre admite que caso português foi um incentivo para a sua adesão


Uma referência "entre os pequenos". É assim que nos classifica a generalidade dos mais novos membros da União Europeia. Um olhar que nos envergonha? Nem tanto. À sua escala, Portugal é elogiado por se bater pela coesão e solidariedade. E pelo progresso económico, depois de ter partido em situação de desvantagem.

As respostas das embaixadas permitem, de facto, detectar uma espécie de fronteira entre os que chegaram antes e depois de nós. Sem ilusões, a República Checa expressa de forma directa as razões de nos observar com "simpatia e esperança" "Como Portugal, a República Checa também sabe que o futuro dos países pequenos sem grandes reservas de matérias-primas fica na área da educação, progresso tecnológico e economia do conhecimento".

Ondrej Kasina, conselheiro da embaixada, sublinha que a "transferência do 'know how' de Portugal na utilização e aproveitamento de fundos" não tem sido teórica. Nos últimos dois anos, explica, mais de uma dezena de delegações do Parlamento e dos ministérios checos visitaram o país, "com o objectivo de estudar a experiência portuguesa". A interligação faz-se "do Governo às autarquias", sendo destacada a "cooperação muito frutífera" com a região do Porto e com Évora.

Idênticas considerações são traçados por parceiros como Chipre, cuja embaixada diz ter considerado "o caso português como um incentivo para a adesão", pela Eslováquia e pela Eslovénia, que agradece a "grande ajuda" e os "sistemas aperfeiçoados" de que beneficiou. Mais do que a gestão de fundos, a Hungria destaca "as reformas estruturais em curso" como o que "mais interesse desperta". "Temos desafios muito idênticos", considera o embaixador Attila Gecse.

E será que Portugal, nesse papel de pequeno país, tem sabido "bater o pé"? A embaixada da Polónia entende que sim e aponta o exemplo de como, além de desenvolvimento da economia e das infra-estruturas, o país soube construir uma "posição política dentro da União".

A Estónia aplaude o "grande esforço" de Portugal na defesa das melhores soluções para os novos parceiros, sendo secundada por países vizinhos no elogio à forma como sempre se bateu, "sem egoísmos", pelo alargamento, mesmo sabendo que "tinha bastante a perder com o aparecimento dos novos candidatos a fundos da UE".

Curioso é que também países que nos antecederam no projecto europeu, mesmo destacando o esforço daquele que dizem ter sido "um bom aluno", por vezes nos vêem mais próximos do novo bloco. "Portugal é um país modelo sobretudo para os mais novos países-membros da UE, do ponto de vista de transição de uma ditadura para uma democracia de uma maneira sustentável", escreve a Irlanda.

A França reconhece a preocupação "em estar na vanguarda da acção da UE, em domínios importantes como o da Defesa". Bélgica e Holanda, fundadores primeiros do sonho de comunidade, colocam-nos entre os estados "mais europeus". "Portugal é, por vezes, mais ambicioso do que é solicitado na União Europeia". Um exemplo? "O programa das energias renováveis".