30.5.07

Embaixador em Oslo vai à Islândia e quer encontrar-se com trabalhadores portugueses

Andreia Sanches, in Jornal Público

As autoridades islandesas dizem que relatos de "escravatura" não correspondem à realidade


O embaixador de Portugal em Oslo, na Noruega, vai à Islândia, ainda antes do final desta semana, para avaliar as condições a que estão sujeitos os portugueses que se encontram a trabalhar no projecto hidráulico de Karahnjukar. Lima Pimentel quer falar com as autoridades islandesas mas também encontrar-se com trabalhadores portugueses.

A garantia foi dada ontem pela Secretaria de Estado das Comunidades, depois de a cônsul honorária na Islândia, Helga Lara, se ter reunido com as autoridades de Reiquejavique e ter comunicado ao embaixador em Oslo os resultados do encontro: as autoridades negaram que a alegada exploração laboral descrita sábado por um português que esteve a trabalhar em Karahnjukar corresponda à realidade, fez saber a Secretaria de Estado das Comunidades.

À cônsul foi dito que "a realidade da situação se apresentaria diferentemente do relatado na imprensa". E que "o teor das acusações não seria compartilhado por outros trabalhadores empregados no projecto", acrescenta a secretária de Estado.
José Santos, um pedreiro que regressou recentemente a Portugal, contou no sábado que assinou em Portugal um contrato com uma empresa do grupo Select que estabelece uma remuneração de 403 euros. "Esse é o salário que a Select põe para fazer os descontos. O ordenado [base] é 1500 euros. Com as horas extras, os domingos e os feriados dá para tirar três mil euros." Trabalhava todo o dia "com água gelada até aos joelhos", não podia parar para descansar e tinha 15 minutos para almoçar no túnel, descreveu.

O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Norte fala de "escravatura". A Select nega, diz que a lei é cumprida e que tem actualmente 109 trabalhadores em Karahnjukar.

Contudo, "dada a sensibilidade da questão e o relevo da mesma", nas palavras usadas pela secretária de Estado, Lima Pimentel vai a Reiquejavique falar com as autoridades laborais, mas também a Egilsstadi, onde se situa o aeroporto mais próximo de Karahnjukar, para falar com trabalhadores portugueses. com Lusa