22.5.07

Taxa de emprego das mulheres está em alta, mas os ordenados em relação aos homens nem por isso

Clara Viana, in Jornal Público

É nos cargos de direcção que se regista uma maior diferença: o vencimento delas representa 70 por cento do vencimento deles


Portugal continua a ser um dos países da União Europeia com uma taxa de emprego feminino mais elevada. É um dos poucos domínios em que nos aproximamos dos países nórdicos, embora eles estejam mais à frente: estão entre os 65 e os 72 por cento, enquanto em Portugal a taxa de emprego das mulheres ronda os 62, segundo dados do Eurostat de 2005, agora compilados num relatório sobre condições de trabalho na UE, que acabou de ser divulgado pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (www.eurofound.europa.eu).

Portugal está entre os nove países que ultrapassaram a meta estabelecida pela chamada Estratégia de Lisboa: chegar a 2010 com uma taxa de emprego feminino nos 60 por cento no conjunto da UE. O desafio foi feito em 2000. À época, Portugal já tinha passado em meio ponto aquela meta, mas, no conjunto da UE, a taxa de emprego feminino estava ainda anos 51 por cento. Cinco anos depois, Itália e Malta ocupavam os últimos lugares na tabela, com taxas de emprego feminino que rondavam respectivamente os 45 e os 34 por cento.

O desempenho português na matéria é mais quantitativo do que qualitativo, como se pode concluir do estudo comparativo elaborado por Maria da Paz Campo Lima e Reinhard Naumann para o Observatório Europeu de Relações Laborais.

Portugal continua longe da média europeia no que respeita à percentagem de mulheres entre os trabalhadores altamente qualificados - 25,5 por cento em território luso contra 40 por cento na União Europeia.

Estudo antes de alargamento

O movimento inverso que lhe corresponde também se verifica. Entre os trabalhadores não qualificados, a percentagem de mulheres em Portugal é maior do que a média europeia - 17 contra 11,5 por cento. Estas médias foram calculadas ainda tendo por base uma UE com 15 membros (antes dos alargamentos ao Leste). O mesmo estudo confirma que as mulheres recebem também menos que os homens. Em média, o seu salário em Portugal corresponde a 77,3 por cento do ordenado auferido por um elemento do sexo masculino. As diferenças são mais notórias no mundo dos cargos de direcção, onde os ordenados das mulheres correspondem em média a 70 por cento dos auferidos pelos seus parceiros masculinos.

É nos serviços financeiros (banca, seguros, etc.) que a situação se encontra mais equilibrada, seja em cargos de direcção ou entre os quadros médios: 92,2 e 98,6 respectivamente, isto é, as mulheres nesta actividade ganham quase tanto como os homens.

No que toca aos quadros médios, a seguir aos serviços financeiros vem o sector da saúde e da Segurança Social, onde o ordenado das mulheres corresponde a 91,9 por cento do dos homens. Já nos cargos de direcção é que se regista uma das maiores diferenças de vencimento: o das mulheres representa 69,5 por cento do dos homens. As maiores diferenças nos quadros médias são sentidas nas indústria extractiva e no sector da energia - os vencimentos femininos ficam-se pelos 71,5 e 72,8 por cento por comparação com os masculinos.