31.5.07

PIB português aumentou 2% com programas comunitários

Fernando de Sousa, Bruxelas, in Diário de Notícias

Os programas de coesão da União Europeia, no período de 2000 a 2006, contribuíram para um aumento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal. Esta conclusão está contida no Quarto Relatório da Comissão Europeia sobre a Coesão Económica e Social, uma política comunitária que pretende reduzir as disparidades de desenvolvimento entre as diferentes regiões da UE.

No entanto, o mesmo relatório salienta que o PIB português se colocava, em 2005, apenas a 74% da média da UE, depois de, até 1999, o crescimento se situar acima daquele limite. O documento salienta que este nível de crescimento, em 2005, coloca Portugal abaixo dos registados em dois dos novos Estados-membros da UE, a República Checa e a Eslovénia.

Ao procurar explicar esta situação, a comissária europeia da Política Regional, Danuta Hubner, mostrou-se convicta de que "durante décadas, em Portugal, desde a Revo- lução, não houve sucesso suficiente no investimento na educação", tendo-se preferido o desenvolvimento de infraestruturas, igualmente necessárias. A comissária salientou, ainda, que "recentemente, Portugal avançou para um crescimento baseado na produtividade, na inovação, e numa educação mais desenvolvida".

Segundo aquele documento, as regiões portuguesas e gregas destacam-se entre as com menor proporção de empregos nos sectores de alta tecnologia.

O relatório indica ainda que, entre 2000 e 2005, o desemprego aumentou quase 4% em Portugal. Em 2004, o documento sublinha que, em Portugal, tal como na Irlanda, Grécia e Espanha, 20% da população corria o risco de se colocar abaixo do limite de pobreza, definida com base num rendimento disponível abaixo de 60% da média nacional.

A produtividade portuguesa, no período de 1995 a 2005, é também apresentada com um crescimento abaixo da média da UE, considerada com 27 Estados-membros. Entretanto, este indicador mostra-se consideravelmente mais elevado entre os novos Estados-membros, com uma média superior à europeia, o que pode significar uma concorrência potencial quanto à capacidade económica.

Mais um aviso aos têxteis

A Comissão Europeia recomendou mais uma vez aos produtores portugueses de têxteis que modernizem a sua actividade para melhor responderem à grande exposição deste sector à concorrência das economias emergentes na Ásia.

O relatório, ontem divulgado em Bruxelas, destaca que, no Norte de Portugal, cerca de 13% da mão-de-obra trabalha no sector têxtil, a concentração mais elevada de toda a União Europeia. Este sector é incluído na lista dos que se encontram em posição mais vulnerável perante a globalização, por se tratarem de indústrias "para as quais os países em desenvolvimento avançaram em larga escala e onde os custos baixos são um factor primário de concorrência, pelo menos no que se refere a bens de produção em massa".

O próprio relatório confirma a vulnerabilidade desta exposição, ao constatar que, no Norte de Portugal, o emprego assinalou um declínio nos últimos anos "à medida que a concorrência dos produtores de baixo custo na China e noutras partes da Ásia Oriental se intensificou, especialmente depois do fim do Acordo Multifibras, em 2005".

Segundo o estudo da Comissão, "o desafio com que os produtores portugueses se deparam é fazer passar a sua base de concorrência dos custos baixos para a qualidade, estilo e resposta rápida às mudanças da procura." A título de exemplo, a Comissão menciona a conversão registada, com sucesso, por parte dos produtores do sector têxtil no Norte e Centro da Itália. O relatório considera, no entanto, que uma tal alteração "exige uma grande mudança de métodos de trabalho e na organização da produção.