26.1.08

Estudo revela "fosso" entre litoral e interior

Luís Henrique Oliveira, in Jornal de Notícias

Condições sociais diferem do litoral para o interior, refere o estudo


Se António Guterres afirmava há uma década que o Alto Minho é uma região do litoral com características do interior, um estudo ontem apresentado acrescentou um novo dado à afirmação um "fosso" separa o litoral do interior do distrito, limite esse que, segundo os responsáveis pelo estudo, faz com que o desenvolvimento da região se faça a dois tempos. "Bem distintos". Concluído no ano passado, o estudo será, agora, actualizado, pretendendo o núcleo de Viana do Castelo da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) - autor do trabalho - remetê-lo, posteriormente, às administrações central e local.

"À semelhança de outras regiões do país, esta mostra indicadores muito preocupantes, que devem merecer a atenção de todos", considerou Hélder Pena, do REAPN de Viana do Castelo, assinalando que, "caso estes problemas não sejam encarados de frente, o fosso entre o litoral e o interior só tenderá a agravar-se".

Assim, se Caminha e Viana do Castelo são os concelhos do distrito que apresentam os mais elevados índices de poder de compra, e se Ponte de Lima e a capital de distrito são os mais jovens municípios da região, "encontramos, no outro extremo, concelhos onde a sangria da desertificação assume contornos preocupantes (ver caixa), como Paredes de Coura, onde o índice do poder de compra não chega a metade da média nacional, e Melgaço, que apresenta a mais elevada taxa de envelhecimento de todo o distrito", assinalou. Para o responsável, a "invisível linha" que separa o litoral do interior faz-se sentir "aos mais variados níveis", traduzindo-se na "produção de riqueza e bem-estar social da população".

Considerando que o desemprego (situação que afecta mais as mulheres que os homens no distrito) "não é o principal problema do Alto Minho", situou a fasquia na educação e formação, encarando-as como "apostas que a região, que, há quatro anos, contava mais de 10% de analfabetos, tem de fazer" e considerou a emigração uma das maiores ameaças, uma vez que "encarrega-se de retirar do distrito profissionais altamente competentes".