23.1.08

Mortalidade infantil em 2006 foi de 9,7 milhões em todo o Mundo

Eduarda Ferreira , in Jornal de Notícias

Redes de assistência materno-infantil baseadas nas comunidades podem fazer a diferença de muitas vidas


Nunca foi tão baixo o número de crianças que no Mundo morrem com menos de cinco anos. O anúncio foi ontem feito pela agência das Nações Unidas para a infância, a UNICEF. Mas, por detrás do proclamado avanço, há os números reais de 2006 todos os dias morrem 26 mil crianças daquela faixa etária e por problemas que poderiam ser evitados. Ao todo, desapareceram 9,7 milhões de vidas no seu começo. O flagelo atinge sobretudo a África sub-sariana.

Há países a obter já resultados de políticas sanitárias simples e que, assim, viram descer a mortalidade na primeira infância. A UNICEF salienta exemplos como os da Índia, Etiópia ou Bangladesh. E refere que os progressos destes países foi obtido através de medidas como a melhoria das condições de higiene ou seguimento da gravidez e pós-parto. E é em planos desses que as autoridades devem insistir. Moçambique surge apontado como um caso já com realidade um pouco alterada. Graças a iniciativas como a educação para o aleitamento materno, a mortalidade das crianças com menos de cinco anos diminuiu em 62%.

O relatório da UNICEF aponta também melhorias relativamente à realidade em Timor Leste e Cabo Verde. Mas, se procurarmos os dados relativos a outros países de língua oficial portuguesa, verificamos que Angola e a Guiné-Bissau têm números impressionantes de mortalidade infantil. Angola, por exemplo, regista 260 mortes em cada mil nascimentos, mais até que o Afeganistão. A relação entre elevadas mortalidades e a vivência recente ou presente de um conflito armado nas últimas duas décadas é estabelecida pelo relatório.

A agência das Nações Unidas para a Infância, face à observação de como alguns países evoluíram, lança um desafio e um conselho aos governos dos países em desenvolvimento medidas como a prestação de assistência por agentes locais com alguma formação em saúde e higiene são suficientes para baixar drasticamente a mortalidade infantil. Progressos desses são já visíveis em países como a Etiópia e Cuba. O relatório "Situação Mundial da Infância 2008: A Sobrevivência Infantil" deixa mesmo uma mensagem aos governos, para que não se resumam a esperar ajudas humanitárias internacionais. Os sistemas nacionais de saúde devem, assim, fortalecer-se. O caso é particularmente gritante na África sub-sariana, cujos países vêem nascer um quarto das crianças do planeta; o problema é que também as vêem morrer na proporção de uma por cada seis nascimentos.Na apresentação do relatório, ontem em Genebra, foi realçado que a sobrevivência infantil não é somente um imperativo em termos de direitos humanos, como um imperativo de desenvolvimento.

Cuidados em falta

Saúde das mães também muito precária

O relatório da UNICEF, que contou com dados da Organização Mundial de Saúde e do Banco Mundial, associa a falta de prestação de cuidados de saúde às mães com as taxas de mortalidade. Morrem mais mulheres em idade fértil nos países em que a sobrevivência das crianças está também muito em risco. No Mundo morrem por ano 500 mil mulheres durante o parto ou no seguimento de complicações por este desencadeadas.

Causas de morte seriam evitáveis com cuidados

Saneamento e vacinação estão entre as medidas que desagravar iam os números da morte em crianças. Uma rede mosquiteira diminui os casos de malária, doença responsável por 8% dos óbitos precoces. O sarampo matou 4% dos quase dez milhões de crianças em 2006.

Pneumonia e sida devastam infância

A par da diarreia e da alimentação deficiente, que induz, por exemplo a carência de vitamina A, estes são os males mais fatais para a primeira infância no Mundo, sobretudo em África.