Raquel Sampaio, in Jornal de Notícias
Sindicatos dizem que se vive "a mais grave situação social após o 25 de Abril"
No último dia de 2008, eram 98 815 os desempregados no distrito do Porto. O número foi avançado ontem pela União de Sindicatos do Porto/CGTP-IN, que considera que se "está a viver a mais grave situação social depois do 25 de Abril".
A estrutura sindical, que exige "medidas especiais para o distrito no sentido de estancar a degradação continuada da situação social", referiu, também, que em Dezembro passado "mais de seis mil trabalhadores eram credores de mais de 71 milhões de euros", na sequência do fecho de empresas.
"Está provado que os problemas não se resolvem com paliativos, como programas de promoção do emprego ou reuniões extraordinárias do Conselho de Ministros no Palácio do Freixo", declarou João Torres, coordenador da União de Sindicatos do Porto. Segundo afirmou, esta situação está "bem patente no desmantelamento do seu aparelho produtivo, com evidentes reflexos no desemprego, nos baixos salários e pensões de reforma, na pobreza e na exclusão social".
Como prova desta exclusão, o coordenador aponta "o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (no distrito são perto de 117 mil) e o número de famílias que recorrem a organizações que prestam ajudas no campo alimentar".
Relativamen te aos cerca de 100 mil que perderam trabalho no distrito, João Torres ressalva o facto de se tratar de um aumento de 5,5% relativamente a 2007. No entanto, estes dados reportam a inscritos nos centros de emprego. Nos programas ocupacionais, há mais de 23 mil em todo o país e 56 mil em acções de emprego e formação profissional.
Apesar da crise económica e financeira, a Direcção da USP acredita que "a maior vulnerabilidade do país e do distrito radica nas políticas erradas promovidas pelos governos de política de Direita", de "promoção da economia de casino em detrimento da economia real, da defesa e promoção das pescas, da agricultura, da indústria".
João Torres lembrou que "entre 2004 e 2006, 664 empresas de pesca e agricultura, 3300 na indústria transformadora e 4500 na construção desapareceram", acrescentando que "as consequências da destruição do tecido produtivo no distrito são brutais".
O dirigente afirma ainda que "a publicação e entrada em vigor da revisão do Código do Trabalho "criarão condições para a multiplicação dos abusos, da precariedade e o aumento da exploração dos trabalhadores".


