25.2.09

Espanha prevê recessão "de certa magnitude"

in Jornal de Notícias

O governador do Banco de Espanha antecipou uma recessão de "certa magnitude" e um período de inflação baixa que determinará um ritmo de crescimento nominal "muito modesto ou até negativo" com um comportamento idêntico da expansão de crédito.

Em declarações no Congresso de Deputados espanhol, Miguel Ángel Fernández Ordóñez afirmou que a "forte contracção" da economia espanhola arrasta de "forma inevitável" o crédito.

"Nada seria mais contraproducente que cair na simplificação errónea de que a saída da crise depende exclusivamente a existência de uma disponibilidade abundante de financiamento de crédito", disse.

Ordóñez considerou ainda que as principais economias do mundo só sairão da crise quando os Estados Unidos conseguirem sair.

"É muito difícil que um país consiga sair sozinho da crise se os Estados Unidos não o tiverem feito antes", disse, antecipando que a recessão pode chegar até 2010 se as medidas em curso não conseguirem estabilizar os mercados.

Noutro âmbito, o responsável espanhol afirmou que "fechar a porta" a medidas como a recapitalização bancária "não parece uma atitude prudente" num momento de "enorme incerteza" económica e financeira.

Ordóñez admitiu mesmo que a "profundidade" da crise pode mesmo obrigar a um processo de reestruturação do sistema bancário espanhol na qual, caso ocorra, o Banco de Espanha procurará garantir que nem os depositantes nem os credores são afectados.

A banca espanhola, disse, que enfrentou com "relativa força" a primeira fase da crise financeira, poderá ter agora mais dificuldades para evitar a segunda ronda de efeitos da crise económica.

Entre os efeitos, Ordóñez destacou a persistência da falta de liquidez, as dificuldades de financiamento e as reacções exageradas dos bancos e caixas de aforro à recessão.

Entre os dados que divulgou Ordóñez explicou que o crédito a famílias e empresas subiu seis por cento em Janeiro, quase metade menos de aumento que há um ano.

Contabilizando os dados líquidos, as famílias e empresas receberam 110 mil milhões de euros de financiamento nos últimos 12 meses.

Segundo os dados do Banco de Espanha os empréstimos concedidos para a compra de casa aumentaram 4,2 %, tendo os créditos para consumo aumentado três por cento. Os fundos concedidos a empresas cresceu 6,1 %.