27.2.09

Líder nacionalista assegura que trabalhadores portugueses são "muito bem vindos" na Galiza

in Jornal de Notícias

O líder dos nacionalistas galegos, Anxo Quintana, assegura que os trabalhadores portugueses são "absolutamente bem vindos" na Galiza, defendendo a importância de uma relação estratégica com Portugal.

"Os trabalhadores portugueses são absolutamente bem vindos. Nós defendemos que a relação da Galiza com Portugal e as suas gentes deve ser convertida numa relação estratégica", afirmou Quintana, actual vice-presidente da Junta da Galiza, à Agência Lusa.

Para o presidente do Bloco Nacionalista Galego (BNG), existem vários laços que unem Portugal e a Galiza, especialmente a língua, que considerou ser "fundamental".

Num balanço da campanha para as eleições autonómicas que se realizam domingo na Galiza, Anxo Quintana manifestou satisfação, considerando que "a corrente de simpatia com o nacionalismo galego é imparável e prenuncia um grande resultado eleitoral".

"O BNG é a força política em ascenção na Galiza, onde os partidos de âmbito nacional estão a descer ou estagnaram", defendeu.

Anxo Quintana admitiu que nenhum dos partidos concorrentes às eleições de domingo deverá alcançar a maioria absoluta, adiantando que os nacionalistas "vão procurar a formação de uma maioria parlamentar que dê estabilidade ao futuro governo".

Nesse sentido, rejeitou liminarmente qualquer entendimento com o Partido Popular (PP), de Alberto Feijóo, que acusou de "não saber dialogar", mas admitiu uma nova coligação com os socialistas, igual à que sustenta o actual executivo da Galiza.

"Somos duas culturas políticas muito distintas, temos dois projectos políticos distintos e até distantes, mas acho que temos demonstrado capacidade de acordo e de entendimento", afirmou.

Questionado sobre uma coligação em que um dos partidos defende que a Galiza deve assumir-se como independente, Anxo Quintana desvalorizou o problema, frisando que "um governo de coligação não implica que os seus componentes abdiquem das suas ideias".

"O que nós pretendemos é que a idéia de Galiza como nação vá abrindo caminho na sociedade e isso acho que estamos a conseguir, como se vai comprovar, sem dúvida, no resultado eleitoral de domingo", afirmou.

Relativamente à actual crise económica e social, que dominou as atenções na campanha, o líder dos nacionalistas galegos defendeu a necessidade de "um novo modelo de organização da sociedade, baseado na economia produtiva e não na economia especulativa".

"Defendemos um modelo que dê mais protagonismo ao sector público e seja mais justo na repartição da riqueza", afirmou, defendendo a necessidade de os trabalhadores "recuperarem poder de compra para podermos sair da crise".

Para Quintana, "o colapso financeiro só será ultrapassado se forem criadas no sector público entidades que permitam que o crédito volte a chegar às empresas e às famílias".

"É por isso que propomos a criação de uma banca pública galega", frisou Anxo Quintana.

FR.Lusa/fim