Ricardo Paz Barrros, in Jornal de Notícias
Angolanos com formação superior recrutados em Portugal para ir trabalhar em África
A 14ª Feira de Emprego e Formação de Lisboa, que decorre desde ontem e termina hoje, está dominada pela oferta de emprego para Angola, com mil vagas. O alvo não são os portugueses mas sim os angolanos com curso superior português.
Angola está na berra num momento em que o emprego na Europa definha a passos largos. Um bom exemplo disso é a Feira de Emprego e Formação de Lisboa, que começou ontem e termina hoje, no Hotel Vip Zurich: Das quatro mil ofertas de emprego disponíveis, mil referem-se ao mercado de trabalho angolano, com propostas que variam entre os 2000 e os 5000 dólares mensais de remuneração. Mas desiludam-se os portugueses que julgam estar-lhes reservada tanta oferta de emprego. O alvo são antes os próprios angolanos, neste caso os que residam em Portugal, sobretudo os que tiraram formação superior numa universidade portuguesa.
É que, explicou João Afonso, da Jobfair, empresa que organiza o evento e que também faz recrutamento, "as leis de trabalho em Angola obrigam as empresas sediadas naquele país a preencher 80% dos recursos humanos com angolanos". Outros africanos de expressão lusófona também terão facilidade em conseguir um daqueles empregos, pois "Angola facilita mais a vida aos outros PALOP's do que aos portugueses, cuja integração sofre muitos obstáculos por parte das autoridades", referiu.
Ou se ja, admitiu João Afonso, "apenas 50 destas vagas são destinadas a portugueses e só para preencher cargos de topo, mais ligados a gestão, sendo necessárias pessoas com bastante experiência". Ainda assim, os responsáveis da Jobfair ali presentes admitem conseguir apenas preencher 50% das vagas, que incluem ofertas para engenheiros para várias especialidades, gestores, sobretudo de recursos humanos, entre muitos outros empregos.
Mas nem só de África é feita esta feira, que ontem recebeu cerca de quatro mil visitantes, um número abaixo do esperado. Quem sonha em voar no trabalho, qual Ícaro rumo ao sol, vai encontrar na Ryanair, uma empresa aérea 'low-cost', uma oportunidade de cumprir o sonho. São 280 vagas para comissários e assistentes de bordo.
O curso de formação é dado no Porto, sendo pago pelo formando, e, se tudo correr bem, consegue um contrato de três anos coma companhia, embora vá ter que se mudar para uma das 31 bases de operação da Ryanair espalhadas pela Europa, sendo apenas três na Península Ibérica (Madrid, Alicante e Girona). Um sonho que, a cumprir-se, saldar-se-á num vencimento entre os 1200 e os 1400 euros mensais. Só depois, num contrato sem termo, é que o ordenado líquido poderá subir para os 1800 a 2000 euros. Garantidas estão cerca de três a seis viagens de trabalho por dia.
Ao todo, cerca de 20 empresas estão presentes, de áreas como banca, call centers, escolas e universidades, retalho, formação, transportes, apoio ao cliente, recrutamento e selecção, forças armadas, eventos, beleza, audiovisuais, trabalho temporário, turismo e consultoria.


